O mero protesto de uma garota de 16 anos
contra mudanças climáticas gerou uma tresloucada reação de ódio do homem que
ocupa o mais alto cargo da Nação.
Não era de se esperar outra coisa. O ‘monstro
Bostossauro’ assumiu a presidência com o inabalável propósito de destruir a rebeldia
juvenil assim como o faz em relação ao meio-ambiente, às artes, à educação e às
ciências, todos contaminados perigosamente pelo letal vírus “esquerdista”.
A ideia de adolescentes (e mulheres
ainda por cima!) saírem de sua ‘zona de conforto’ (a casa, sob olhares vigilantes
de pais castradores) para protestar é inaceitável. Não lhe passa pela cabeça que
jovens bem criados e alimentados possam ousar vir às ruas se manifestar sobre o
clima ou seja lá o que for.
Greta não está sozinha. Acompanha-a uma
legião fiel de seguidores, quase todos adolescentes. Não protestam por uma
ideologia ou pela troca de governo, mas por uma atitude de maior
responsabilidade e menos hipocrisia dos adultos. Lutam para que as futuras
gerações não herdem um mundo devastado por ações inconsequentes de pessoas
gananciosas, guiadas por interesses imediatistas.
Que nobre causa! Deveriam ser louvados e
incentivados. Ao contrário do que fez o não
menos arrogante presidente Trump que sugeriu à menina ativista que vá para casa
assistir filmes na TV (quem sabe Rambo?). Que permaneçam alienados, brincando
com seus celulares e games e não interfiram com o crescimento da indústria (que
gera empregos e impostos) para que ela possa continuar expandindo impunemente seus
tentáculos sobre o que resta do planeta, destruindo as florestas, envenenando o
ar, poluindo os oceanos...
Bostossauro gostaria de ver todas as
crianças com uniformes (fardas?) prestando continência à bandeira do Brasil (e dos
EUA?), cantando hinos (religiosos?) em escolas (militares?) com rígida
disciplina (fascista?) e desde cedo aprendendo sobre segurança (armas?)
Brincadeiras, travessuras, abraços,
livros, poemas, canções, violões, flores, árvores, animais, índios e sonhos
coloridos não fazem parte desse árido mundo pós-civilizatório e pré-apocalíptico.
O Capitão Bostossauro encarna o Coronel
Miles do filme Avatar que queria destruir as florestas a mando dos que
ambicionam as riquezas que guardam. Quer implantar no país uma República arcaica
fundamentalista dominada por madeireiros, grileiros, garimpeiros, plantadores
de soja, latifundiários, terraplanistas, milicianos e evangélicos fanáticos.
Bostossauro tem orgulho de seus filhos
que posam com armas e se dedicam a propagar ódio nas redes sociais. Gostaria
que todos os jovens tivessem essa índole violenta. Odeia quem prega a paz, a
solidariedade, a tolerância.
E odeia todos os que defendem o
meio-ambiente, sejam pirralhas, marmanjos, artistas, doadores ou cientistas.
Tais indivíduos representam obstáculos ao país dos seus sonhos, dominado pelo
agronegócio e pelas mineradoras, sem parques, áreas de proteção e reservas
indígenas.
No projeto bostonarista pouco ou nada
sobrará do nosso riquíssimo patrimônio ambiental, incluindo os inigualáveis
recursos hídricos, as imensas florestas, sua biodiversidade e os ainda
inexplorados segredos medicinais que ela reserva. Tampouco nossa diversidade
cultural, sobretudo os índios.
Esses guardiões da floresta, autênticos
ancestrais da brasilidade que carregamos, legítimos donos da terra onde foi
erguido o país, vêm sendo covardemente eliminados e massacrados, ante o olhar
complacente das autoridades. Deveriam ser não apenas protegidos mas também respeitados
e reverenciados pelo chefe da Nação. Sem precisar levar bronca de uma menina
de 16 anos.
Um comentário:
É muito triste e decepcionante tudo isso...
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