domingo, 17 de novembro de 2024

ROCK BRASIL - OS 200 MAIORES ROCKS NACIONAIS DO SÉCULO XX (7ª PARTE)

 Segue a 7ª parte da relação dos 200 rocks nacionais, segundo os critérios de receptividade do público e relevância dentro do cenário musical.

 

121) SÉRGIO DIAS – TUDO FOI FEITO PELO SOL

A bem da verdade, esse álbum deveria ser creditado aos Mutantes, já referenciado nessa relação com sua formação clássica. Desfalcado de seus maiores nomes, Arnaldo Baptista e Rita Lee, a banda passou por uma mudança radical sob o comando de Sérgio Dias, o integrante remanescente do trio original, assumindo a virada progressiva. Creditado aos Mutantes, o álbum TUDO FOI FEITO PELO SOL, além de Sérgio nas guitarras, tem a presença do prestigiado pianista Túlio Mourão. O disco, desprezado como um trabalho menor do grupo (desprovido de suas maiores estrelas), com o tempo adquiriu inesperado prestígio, inclusive no exterior, ganhando a dimensão inimaginável de ser um dos principais registros do rock brazuca de todos os tempos! A faixa-tema, de quase 9 minutos, é de autoria de Sérgio.

 

 

122) LEONI – GAROTOS II - O OUTRO LADO

Baixista e principal compositor do Kid Abelha e frontman dos Heróis da Resistência, Leoni foi autor (ou coautor) de grandes hits dos 2 grupos como FIXAÇÃO, COMO EU QUERO, FÓRMULA DO AMOR, LÁGRIMAS E CHUVA, PINTURA ÍNTIMA, OS OUTROS, DOUBLÉ DE CORPO, SÓ PRO MEU PRAZER. É dele também EXAGERADO, um dos maiores sucessos de Cazuza. O artista carioca sustentou também carreira individual com diversos álbuns, apenas um antes dos anos 2000 (o de 1993), justamente o que revelou o maior sucesso de sua fase solo, GAROTOS II - O OUTRO LADO, um soft rock que tocou ad nauseam nas FMs. Trata-se de uma resposta masculina a Paula Toller (com quem foi casado), referente à canção GAROTOS do repertório do Kid Abelha.

 

 

123) VIMANA – ZEBRA

Inacreditável banda de rock progressivo que, em fases distintas, reuniu 3 monstros sagrados do BRock, pouco conhecidos à época: Lulu Santos (vocal e guitarra), Ritchie (vocal e flauta) e Lobão (bateria), chegando a contar brevemente com a colaboração de ninguém menos do que Patrick Moraz, histórico tecladista do Yes, que intencionava mantê-la como sua banda de apoio. O único registro fonográfico foi um compacto simples, lançado pela Som Livre, trazendo de um lado, ZEBRA e do outro, MASQUERADE. Chegaram a esboçar um álbum que não prosperou pois, além de divergências internas, contaram com a má vontade da gravadora que não via potencial na proposta, apesar de contarem com apreço de Nélson Motta que os considerava “um dos melhores grupos de rock brasileiros”. Com a dissolução, os integrantes partiram para bem sucedidas carreiras solo.

 

124) OS BRAZÕES – MÓDULO LUNAR

Os Brazões tornaram-se conhecidos por ser a banda de apoio a Gal Costa, fase tropicalista. Lançaram um único álbum, em 1969, pela RGE (gravadora encampada pela Som Livre) que se tornou cobiçado por colecionadores em vista de o grupo ser apontado como um dos precursores do rock psicodélico nacional, o que motivou o lançamento do trabalho em CD e a reedição em LP pela Polysom. Com um repertório calcado em expoentes da MPB como Gil, Tom Zé e Jorge Ben, o grupo agregava ritmos como o samba e o R&B. Destaque para duas faixas compostas pela dupla Jards Macalé/Capinam: a consagrada GOTHAM CITY (participante do Festival Internacional da Canção de 1969) e a lisérgica MÓDULO LUNAR.

 

125) GOLDEN BOYS – ALGUÉM NA MULTIDÃO

The Platters, épico grupo vocal americano, dos mega-hits ONLY YOU, SMOKE GET IN YOUR EYES e THE GREAT PRETENDER, teve um digno congênere nacional. Os afinadíssimos Golden Boys fizeram bastante sucesso na época da Jovem Guarda, sobretudo com versões de BUS STOP dos Hollies (PENSANDO NELA) e MICHELLE dos Beatles. Mas seu maior hit foi ALGUÉM NA MULTIDÃO de Rossini Pinto do álbum homônimo (1966). Partiu deles a mais bela homenagem musical que a seleção brasileira de futebol recebeu pela conquista do tricampeonato: SOU TRICAMPEÃO. Com o fim da Jovem Guarda, foram requisitados por figurões da MPB. Vocalizaram a canção MATANÇA DE PORCO, clássico instrumental do grupo Som Imaginário, ao lado de Milton Nascimento, além de participarem de ANDANÇA (grande sucesso de Beth Carvalho) e TERRA DE NINGUÉM (com Marcos Valle).

 

126) RENATO RUSSO – CATHEDRAL SONG

O artista carioca é relembrado como líder, cantor e principal compositor do Legião Urbana. Sua carreira solo pouco se assemelha ao trabalho com o grupo que formou em Brasília, consistindo de 4 álbuns: THE STONEWALL CELEBRATION CONCERT (1994); EQUILÍBRIO DISTANTE (1995, com uma seleção bem pessoal de temas italianos, onde se destacam 4 canções de Laura Pausini); O ÚLTIMO SOLO (álbum póstumo de 1997 com gravações não aproveitadas nos 2 primeiros álbuns); e O TROVADOR SOLITÁRIO (2008, acompanhado apenas de um violão com gravações recuperadas a partir de fitas cassete). THE STONEWALL..., o mais elogiado dos 4, cantado em inglês, traz um repertório eclético de vários standards com destaque para CATHEDRAL SONG, original de Tanita Tikaram, gravada também por Zélia Duncan.

 

127) SEX BEATLES – PÉSSIMA

Trata-se de uma quase despercebida banda carioca com trajetória meteórica, tendo lançado apenas 2 álbuns, AUTOMOBILIA (1994) e MONDO PASSIONALE (1995, com destaque para a faixa PÉSSIMA). Tornou-se posteriormente objeto de interesse pela inesperada projeção de 3 de seus integrantes: Alvin L consagrou-se um dos mais requisitados compositores da música pop (sobretudo pelo trabalho junto ao Capital Inicial); a vocalista Cris Braun lançou-se na carreira solo, lançando diversos álbuns e fazendo parceria com Paula Toller e George Israel dentre outros; Dado-Villa Lobos do Legião que participou brevemente, usando pseudônimo. A banda voltou a se reunir para gravar em 2022 um compacto com a canção OUI, JE REGRETTE TOUT como resposta ao famoso tema de Edith Piaf, NON JE REGRETTE RIEN.

 

128) MAR REVOLTO - CHÁXAXADO

O álbum de 1979 desse pouco conhecido conjunto de rock baiano é uma preciosidade musical. O grupo, que chegou a contar entre seus integrantes com ninguém menos do que Carlinhos Brown, então com 17 anos, era apreciado apenas em Salvador com um repertório de rock recheado com percussão e ritmos baianos. A faixa instrumental CHÁXAXADO lembra bastante os bons momentos d’A Cor do Som e até Hermeto Pascoal. Em 2022, Brown reuniu seus antigos companheiros para gravar o álbum CARLINHOS BROWN É MAR REVOLTO que conta com especialíssimas participações da celebrada ex-vocalista do Nightwish Tarja Turunen, Rita Lee, Jaques Morelenbaum e membros do Angra.

 

129) PREMÊ – SÃO PAULO, SÃO PAULO

O impagável Premeditando o Breque, mais tarde nomeado apenas Premê, foi um dos maiores representantes da ‘vanguarda paulista’ (ao lado de Arrigo, Itamar, grupo Rumo, Língua de Trapo etc.) na virada dos anos 70 para 80, com um repertório de canções debochadas e inteligentes embaladas com MPB, rock e chorinho em sofisticados arranjos. Tiveram toda sua obra lançada num box patrocinado pelo SESC. Chegaram ao grande público através de SÃO PAULO, SÃO PAULO (álbum QUASE LINDO, 1983). Ironicamente, a música foi eleita pelos paulistanos a 2ª que melhor representa a cidade (atrás apenas de TREM DAS ONZE de Adoniran e à frente de SAMPA de Caetano), já que se trata uma sátira jocosa sobre a metrópole, inspirada em NEW YORK NEW YORK, conhecida canção popularizada por Frank Sinatra.

 

130) MARCOS VALLE – MI HERMOZA

O músico, compositor e arranjador carioca, um dos ícones da bossa nova, transitou ao longo de sua carreira, por diferentes ritmos, do baião ao jazz, passando pelo samba, pop, funk, jingles e trilhas para a TV. O álbum VENTO SUL marca sua fase ‘riponga’. Concebido quando se encontrava isolado com amigos em Búzios para vivenciar novas sensações e ampliar suas possibilidades criativas, o álbum flerta com o rock progressivo e a psicodelia, a começar pela figura alucinante da capa, uma representação sua mergulhado num mar de estrelas. A maioria das canções foi escrita com seu irmão e eterno parceiro Paulo César Valle. Participam do disco 3 dos integrantes d’O Terço (Sérgio Hinds, Vinícius Cantuária e César de Mercês) e 2 do Som Imaginário (Fredera e Robertinho Silva). A faixa Mi Hermoza é um mergulho fundo no rock com um belo solo de guitarra.

 

131) BIXO DE SEDA – VÊNUS

Histórica banda gaúcha da primeira geração do rock, inspirada sobretudo em grupos europeus progressivos e de rock básico. Lançaram um único LP, ESTAÇÃO ELÉTRICA, pela gravadora Continental, editado em CD em 2002 pela Warner. Um de seus integrantes, Zé Vicente, era filho de Leonel Brizola, à época exilado. Entre as faixas, UM ABRAÇO EM BRIAN JONES demonstra seu apreço pelos Rolling Stones. Na faixa de abertura, VÊNUS, revelam sua competência musical que, segundo os fãs, era ainda superior nas apresentações ao vivo. A banda teve uma fase anterior, chamada de Liverpool, tendo gravado um álbum com a maioria das faixas de autoria dos importantes compositores gaúchos Hermes de Aquino (uma em parceria com Tom Zé) e Carlinhos Hartlieb.

 

132) DEAD FISH – MODIFICAR

Uma das mais autênticas bandas da segunda safra do gênero punk/hardcore. Ainda que fora do circuito SP/RJ (o grupo proveio de Vitória, ES), conseguiu romper a barreira dos 10 mil discos vendidos, atuando de forma independente. É conhecido por sua intransigente postura engajada. "Sou da escola do João Gordo (Ratos de Porão), do Redson (Cólera) e do Jello Biafra (Dead Kennedys). A minha estética além de ser barulhenta é contestadora, de levar as pessoas a refletirem. É nosso trabalho contestar o fascismo”, afirmou o vocalista Rodrigo Lima. Em MODIFICAR, faixa do álbum SONHO MÉDIO (1999), o grupo manifesta a desilusão pelo fato de as mudanças no país após a redemocratização não terem levado à melhora das condições de vida da população. A partir dos anos 2000, saíram do circuito independente, assinaram com a gravadora Deck e ampliaram seu público.

 

133) OS MULHERES NEGRAS – XAROPE, A LEVADA

A ‘terceira menor big band do mundo’ era como a dupla costumava se proclamar. De fato, nada neles fazia sentido, a começar pelo nome Os Mulheres Negras formado por 2 homens brancos, o multiinstrumentista André Abujamra, (filho do diretor teatral e apresentador Antônio Abujamra) e o saxofonista Maurício Pereira. Em seus 2 álbuns gravados pela Warner, MÚSICA SERVE PRA ISSO (1990) e MÚSICA E CIÊNCIA (1988) que inclui a faixa XAROPE, A LEVADA, trouxeram o absurdo às últimas consequências a começar pelo repertório que, em meio a composições próprias, inclui irreconhecíveis versões de SUMMERTIME (Gershwin), SÓ QUERO UM XODÓ (Dominguinhos), YELLOW SUBMARINE (Beatles) e SAMBA DO AVIÃO (Jobim).

 

134) FRENÉTICAS – PERIGOSA

Os anos 70 assistiram ao declínio do rock clássico e à explosão da disco music. representada por artistas como Donna Summer, KC & Sunshine Band, Chic e Village People. No Brasil, o maior expoente foram as Frenéticas. Convidadas pelo compositor e produtor Nelson Motta para se apresentar na Frenetic Dancin’ Days no RJ, o grupo feminino estourou e seu álbum de estreia (1977) vendeu meio milhão de cópias agregando ao gênero brasilidade e irreverência. A faixa de abertura foi PERIGOSA, rock composto por Rita Lee e Roberto de Carvalho em parceria com Nelson que também assina DANCIN’ DAYS, outro hit. Gonzaguinha entrou com A FELICIDADE BATE A SUA PORTA e O PRETO QUE SATISFAZ (abertura da novela Feijão Maravilha). Outro rock a destacar foi VOCÊ ESCOLHEU ERRADO SEU SUPER HERÓI de Aguillar e a Banda Performática.

 

135) ASDRÚBAL TROUXE O TROMBONE – BLUES DE PASSAGEM

Na verdade, não se trata propriamente de um grupo musical mas uma trupe carioca que incluía Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Evandro Mesquita e o diretor Hamilton Vaz Pereira que revolucionou a cena teatral brasileira. O grupo transgressor teve também influência em programas de humor besteirol como TV Pirata e Casseta & Planeta. Espetáculos como A Farra Da Terra (que nomeou o álbum) e Trate-me Leão misturavam rock com poesia e as canções foram reunidas num álbum lançado pela Universal e apadrinhado por Caetano Veloso (1983). A maioria das faixas foi composta por Péricles Cavalcanti como a faixa BLUES DE PASSAGEM. O disco traz nas guitarras Pedro Luís, líder da banda A Parede.

 

136) INIMIGOS DO REI – UMA BARATA CHAMADA KAFKA

Irreverente banda carioca (dissidente do elogiado grupo Garganta Profunda) que alcançou grande sucesso (100 mil cópias vendidas) com seu álbum de estreia de 1989 que emplacou 2 hits radiofônicos: ADELAIDE, uma versão de YOU’LL BE ILLIN’ do grupo americano de hip hop Run DMC e UMA BARATA CHAMADA KAFKA, referente à obra A Metamorfose do escritor tcheco. O álbum contou com a participação, dentre outros, do guitarrista André Abujamra, do percussionista Marcos Susano e do guitarrista argentino Torcuato Mariano que produziu o disco. O grupo arejou o rock com letras mordazes e inteligentes jogos de palavras. A banda sofreu forte revés com a saída de Paulinho Moska, principal compositor, que partiu para uma bem sucedida carreira solo.

 

137) HERBERT VIANNA – MR SCARECROW

O genial vocalista e guitarrista em sua carreira solo desenvolveu um estilo bem diferente daquele presente nos álbuns dos Paralamas, que simultaneamente liderou. Após 2 álbuns com pequena repercussão, o artista paraibano partiu para um ambicioso projeto com O SOM DO SIM (2000), disco dedicado às mulheres, convidando para tanto um eclético time de acompanhantes femininas com quem cantou em dueto: Fernanda Abreu, Sandra de Sá, Zélia Duncan, Nana Caymmi, Fernanda Takai, Daúde e Cássia Eller, com quem dividiu o blues MR SCARECROW cantado em inglês, além de contar o invejável plantel de músicos que inclui Eumir Deodato, Marcos Valle e Moreno Veloso. Há até uma versão de IN BETWEEN DAYS, do Cure. Esse magnífico álbum foi o último antes do trágico acidente aéreo que retirou parte de suas funções vitais. Cássia, logo depois, morreria de enfarto.

 

138) EGBERTO GISMONTI – JARDIM DOS PRAZERES

Egberto Gismonti rock?! Obviamente o genial músico e compositor e eventualmente cantor mineiro está muito mais para o jazz, flertando vez ou outra com o jazz-rock à la John McLaughlin. Mas não há como negar que, em alguns momentos de sua carreira, o multiinstrumentista mineiro resvalou no rock progressivo, especialmente nos álbuns ACADEMIA DE DANÇAS (1974) e CORAÇÕES FUTURISTAS (1976), talvez influenciado pelo Clube da Esquina, sobretudo pelo Som Imaginário que aliás teve dois de seus integrantes participando dos álbuns: Luiz Alves, no baixo e Robertinho Silva na percussão. O exemplo mais contundente é JARDIM DOS PRAZERES, impressionante faixa do primeiro. Esses 2 trabalhos marcam uma nova fase na carreira do músico, cujas obras tornam-se cada vez mais complexas e audaciosas.

 

139) CIDADÃO QUEM – DIA ESPECIAL

Essa banda gaúcha (com nome inspirado no clássico filme de Orson Welles, “Cidadão Kane”), venerada por seus conterrâneos, não teve o mesmo reconhecimento no resto do país. O frontman Duca Leindecker também participou ao lado de Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii) do projeto Pouca Vogal, (nome decorrente do excesso de consoantes dos sobrenomes alemães da dupla). É famoso também por ser escritor de sucesso e por ter-se casado com a ex-deputada Manuela D’Ávila. Do 3º álbum, SPERMATOZOON (1998), saiu um dos maiores sucessos o grupo, DIA ESPECIAL, que fez ainda mais sucesso com Tiago Iorc. A banda sofreu uma severa baixa, com a morte dos outros 2 membros originais, o baterista Cau Hafner (morto em um desastre de paraquedas) e do baixista Luciano, irmão de Duca, motivando o fim das atividades.

 

140) CATEDRAL – EU QUERO SOL NESSE JARDIM

A banda de Nilópolis, RJ, tem 2 características que a tornam singular perante outros nomes de importância no rock brazuca: a primeira é a espantosa semelhante do timbre de voz do vocalista Kim com Renato Russo, o que aliás, provocou rusgas com Marcelo Bonfá do Legião Urbana. A segunda é que suas canções abordam prioritariamente temáticas cristãs. A excessiva (e malquista) identificação da banda com o chamado ‘rock gospel’ motivou sua ‘conversão’ para o dito ‘mercado secular’ com temas mais amplos, com a intenção de diversificar seu público, motivando a assinatura de um contrato com a Warner que gerou 3 álbuns, o primeiro dos quais, PARA TODO MUNDO (1999) produziu o hit EU QUERO SOL NESSE JARDIM.

 



 

 OS 200 MAIORES ROCKS NACIONAIS DO SÉCULO XX (6ª PARTE):

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2024/11/rock-brasil-os-200-maiores-rocks.html


 

 

OS 100 MAIORES ROCKS NACIONAIS DO SÉCULO XX:

  https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/08/rock-brasil-os-100-maiores-rocks-do.html


 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

POBRE DE DIREITA

“Este país não pode dar certo: aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita” (frase atribuída a Tim Maia)

As recentes eleições municipais no Brasil e as presidenciais nos EUA revelaram o surgimento de um esdrúxulo personagem no cenário social: o ‘pobre de direita’. Os analistas políticos estão atarantados e não conseguem explicar por que pobres escolheram quem gosta de ricos e o que fez ‘a barata votar no chinelo’.

Como observador leigo, tenho algumas considerações caseiras para esse fenômeno que fariam Marx ou Max Weber ficar de cabelos em pé. Mas vamos lá.

Por um lado, os mais necessitados deixaram de se sentir representados pelos estereótipos ultrapassados da esquerda que os colocam como vitimizados em sua relação com os perversos capitalistas. Essa visão, oriunda do conceito de ‘luta de classes’, foi a responsável pelo surgimento do ‘nós x eles’. Tal concepção maniqueísta curiosamente foi apropriada pelo discurso de ódio da direita que inverteu os papéis e criou o comunista malvado e o bilionário virtuoso.

Aos explorados pela classe patronal restava se abrigar em sindicatos e organizações sociais para resguardar seus direitos. Só que, nos novos tempos, o povão não se sente protegido pelos sindicatos, pela CLT, por um sistema previdenciário falido, por um Estado quebrado. Menos ainda pelos partidos de esquerda, empenhados em políticas de cotas e pautas identitárias ‘woke’ que priorizaram tanto as minorias que só lhes sobrou a minoria dos votos.

Sejamos honestos, o socialismo naufragou, não há exemplos de governos bem sucedidos nem líderes confiáveis. Os modelos apresentados de estadistas são tiranos patéticos como Maduro, Kim Jong-Un ou Putin (que mesmo sendo um bilionário autocrata de direita, é louvado em sua cruzada contra o Ocidente).

Por outro lado, os reis da cocada preta não são mais, como há um século, os donos de gigantescas fábricas com milhares de empregados, que arrancavam mais-valia da massa do proletariado. Foram eles colocados no chinelo pelos mega bilionários tipo Musk e Zuckerberg que fizeram fortunas superiores às dos PIBs da maioria das nações sem empregar ninguém. Alguns graus abaixo, mas também fazendo parte da nova elite que emergiu do Vale do Silício, estão os geninhos arrogantes que trabalham com tecnologia de ponta, outrora progressistas, agora alinhados ao trumpismo.

No Brasil, a classe empresarial e os ruralistas (reconhecidos por seu trogloditismo ambiental) permanecem no topo da pirâmide. Médicos de renome (inclusive negacionistas antivacina) e advogados de grandes firmas (sobretudo os que livram a cara de bandidos ricos) não tiveram seus ganhos afetados pela mudança de ares. No país das mordomias institucionalizadas, a casta dos funcionários públicos, especialmente do poder judiciário, abonada com penduricalhos que tornam seus polpudos vencimentos superiores aos do teto constitucional, é outro segmento de abastados imexíveis.

Resta um último grupo de ‘nouveau riche’ composto por influencers, trambiqueiros, golpistas, traficantes, jogadores de futebol, artistas populares e pastores evangélicos. Com muita garra e pouco senso humanitário, essa turma que, em pouquíssimo tempo encheu-se de grana sem nada retribuir à comunidade, é a que serve de modelo para os ditos ‘pobres de direita’.

O pobre de direita acredita na balela da ‘meritocracia’, segundo a qual pode também chegar ‘lá em cima’, com esforço próprio como seus ídolos que, advindos de uma situação de miséria, ganharam notoriedade e acumularam bens presumivelmente através de seus méritos. Algo que, embora não seja totalmente falso, é estatisticamente impossível de ser reproduzido. Tanto quanto ganhar a sorte grande na loteria. O que têm em comum Neymar, Gusttavo Lima, Ratinho, Pablo Marçal e Silas Malafaia? São podres de rico provindos uma situação de indigência e hoje querem distância dos pobres a não ser quando usados como escada e fonte de riqueza.

Do mesmo modo, o pobre de direita detesta os demais pobres, sejam de direita ou de esquerda. O irmão de infortúnio é visto como retrato do fracasso, além de concorrente.

Não à toa, a maioria deles (ídolos e idolatrados) abraça a religião evangélica que prega que Jesus não é um defensor dos pobres e sim dos que lutam para ser ricos. Não há nada na Bíblia que sustente essas ideias, mas é isso que os neopentecostais apregoam.

Os pobres de hoje não querem depender da ‘esmola’ do bolsa-família. Aspiram ser ‘empreendedores’, montar um negócio virtual no Instagram ou ser ‘parceiros’ do Uber e do IFood (onde os coitados se julgam patrões), ainda que labutem 16 horas por dia para tirar uma merreca. Podendo, lógico, abreviar o caminho, ‘investindo’ seus tostões em sites de apostas.

A constatação de que 0,01% da população brasileira abocanha ¼ dos bens existentes, ao invés de lhes provocar revolta, é motivo de admiração e incentivo para que, dobrando seus esforços, possam um dia chegar no alto do pódio dos bem-aventurados. Às custas dos 99,99% que permanecerão atolados na penúria.

Nos EUA, venceu a repulsa aos imigrantes. Americanos pobres com raiva de imigrantes pobres. E agora, um novo fenômeno: imigrantes legalizados pobres com ódio de imigrantes ilegais pobres. Na terra das oportunidades e do ‘salve-se quem puder’, não há mais espaço para o coleguismo e para a cooperação. Uma luta fratricida onde cada um quer salvar o ‘seu’ num contexto onde não há mais o ‘nosso’. Todos querem lugar ao sol, não importando que, em breve, nem sol teremos mais.

A esquerda fracassou pois não conseguiu transmitir a virtude de solidariedade e do companheirismo. A direita venceu porque conseguiu passar os méritos da competição e do individualismo.

 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

ROCK BRASIL - OS 200 MAIORES ROCKS NACIONAIS DO SÉCULO XX (6ª PARTE)

  Em sequência ao levantamento referente aos 100 maiores rocks nacionais do século XX, acrescentamos mais 100 itens, atendendo a sugestões sobre omissões na lista anterior, acrescentando canções que não poderiam deixar de figurar na relação, segundo as condições de receptividade do público (traduzida por vendas e execução nas rádios) e relevância dentro do cenário musical. Dois critérios foram estabelecidos: a) apenas canções do período 1959/2000; b) cada intérprete com direito a apenas uma canção.

 

101) NOVOS BAIANOS – MISTÉRIO DO PLANETA

O conjunto baiano que reuniu, dentre outras feras, Moraes Moreira, Luiz Galvão, Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e Jorginho Gomes, caracterizou-se por uma bem sucedida fusão de ritmos que incluía baião, frevo, samba, bossa nova, chorinho e rock, influenciados pela tropicália e pelo movimento da contracultura que reverberou inclusive na vida comunitária que praticavam.  Seu segundo álbum, ACABOU CHORARE (1972), é unanimemente considerado um dos maiores discos brasileiros de todos os tempos (senão o maior), recheado de hits como PRETA PRETINHA, BRASIL PANDEIRO, A MENINA DANÇA, BESTA É TU e MISTÉRIO DO PLANETA. Essa última, interpretada por Paulinho Boca, com melodia de Moreira e uma intrigante letra existencial de Galvão, finaliza com um belo solo de guitarra de Pepeu.

 

102) KIKO ZAMBIANCHI – PRIMEIROS ERROS (CHOVE)

O cantor e compositor paulista teve, em seu debut álbum CHOQUE (1985), os 2 grandes êxitos que marcaram sua carreira: ROLAM AS PEDRAS (que já havia tido uma boa aceitação como single) e PRIMEIROS ERROS. A gravadora EMI não botou fé nessa última e Kiko fez divulgação corpo a corpo nas rádios e a música acabou estourando. Kiko ficou sumido durante bom tempo, até que o Capital Inicial convidou-o a participar do seu ACÚSTICO MTV para interpretar, a seu lado, a canção que surpreendentemente se consagrou como a de maior sucesso do especial, voltando à baila 15 anos depois do lançamento.

 

103) HERÓIS DA RESISTÊNCIA – ESSE OUTRO MUNDO

Após sua conturbada saída do Kid Abelha onde era, além de baixista, o cérebro e o principal compositor, Leoni formou os Heróis da Resistência, com uma pegada mais roqueira e da qual era líder absoluto, o que lhe permitiu colocar em prática sua reconhecida habilidade de letrista. O grupo carioca durou apenas 3 álbuns, sendo o primeiro, de 1986, de longe o que obteve maior repercussão e o que agrega os principais êxitos: DOUBLÉ DE CORPO, ESSE OUTRO MUNDO e a balada melosa SÓ PRO MEU PRAZER. Esta última tornou-se sucesso popular, regravada por nomes como os pagodeiros Jeito Moleque, os sertanejos Bruno & Marrone e a banda teen Rebeldes, além de fazer parte da trilha da novela global Hipertensão.

 

104) ARRIGO BARNABÉ – CLARA CROCODILO

O álbum CLARA CROCODILO (1980) é uma das mais revolucionárias obras de música brasileira, rompendo paradigmas, ao agregar à música pop elementos atonais e dodecafônicos, próprios da música erudita contemporânea. Muitos classificam o disco como uma ópera-rock e comparam o som de Arrigo ao do compositor e multi-instrumentista americano Frank Zappa, categorizações que Arrigo rejeita. Seja como for, sua música é difícil de ser rotulada, embora sua importância seja inquestionável. O músico viria a gravar um outro álbum nos mesmos parâmetros, TUBARÕES VOADORES, em 1984 (inspirado numa história em quadrinhos do cartunista Luís Gê), com participação de Rita Lee e Paulinho da Viola.

 

105) LEO JAIME – SETE VAMPIRAS

Além de mentor da banda rockabilly João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, o cantor goiano fez carreira solo, além de atuar como ator e comentarista da TV. Seu polêmico álbum inicial, PHODAS C, teve problemas com a censura (a começar pelo título), tendo tido sua distribuição liberada apenas ‘para maiores de 18 anos’. A faixa SÔNIA (adaptada de SUNNY, sucesso de Chris Montez de 1966) teve proibida sua execução no rádio. Seu disco de maior sucesso, SESSÃO DA TARDE (1985), a seguir, revelou os hits FÓRMULA DO AMOR (participação do Kid Abelha), SOLANGE (versão de SO LONELY do Police, em que alfinetou a censora Solange Hernandes que implicara com seu álbum anterior) e AS SETE VAMPIRAS, trilha da comédia homônima, na qual Leo atuou como ator.

 

106) HERVA DOCE – ERVA VENENOSA

Banda de rock básico formada por Marcelo Sussekind e Renato Ladeira, lançou 4 álbuns emplacando 2 grandes hits: AMANTE PROFISSIONAL, pertencente ao álbum homônimo (1985) e ERVA VENENOSA, original do grupo norte-americano The Coasters, que recebeu inúmeros covers (Rolling Stones, Hollies, Dave Clark Five...). Em português, foi gravada por Golden Boys, Rita Lee e até pelas Chiquititas.  A versão do Herva Doce esteve presente no 1º álbum do grupo (1982), disco que contém também NÃO FAZ SENTIDO (regravada por Ney Matogrosso). Renato, o vocalista da banda e fundador do grupo A Bolha, falecido em 2015, foi o co-autor de um dos maiores sucessos de Cazuza, FAZ PARTE DO MEU SHOW.

 

107) SOULFLY – UMBABARAUMA

Ainda que originária dos EUA, a banda é reconhecida como nacional por ser dissidência do Sepultura, face à saída de Max Cavalera devido a divergências com o irmão Igor (os dois voltariam a se unir no projeto Cavalera Conspiracy em 2007). Integrava também a banda Jackson Bandeira, egresso do Nação Zumbi. Em meio às faixas do álbum de estreia (1998), UMBABARAUMA (PONTA DE LANÇA AFRICANO), cover de Jorge Ben Jor (álbum ÁFRICA BRASIL), homenagem a um jogador africano de futebol. Única brasileira a ingressar na lista das 500 canções de todos os tempos da Rolling Stone (versão 2021), ficou também em evidência após regravação que uniu Ben Jor e Mano Brown dos Racionais.

 

108) DEFALLA – CAMINHA

A banda gaúcha caracteriza-se pela criatividade e pela mistura anárquica de ritmos. O auge veio com o álbum de 1992 KINGZOBULSHITBACKINFULLEFECT92 que, em 24 faixas, quase todas de pequena duração (inclusive SATISFACTION dos Stones e SOSSEGO do Tim Maia), traz uma fusão de MPB, rock, funk e hip hop. O disco, lançado pelo selo Cogumelo, especializado em metal (responsável pelos 2 álbuns iniciais do Sepultura), foi premiado como álbum do ano pela revista Bizz. Marca também a saída do guitarrista e vocalista Edu K que partiria para a carreira solo, retornando mais tarde. Na virada do século obtém sucesso radiofônico com a canção POPOZUDA ROCK’N’ROLL que desagrada os fãs que a julgam apelativa.

 

109) TOKYO – GAROTA DE BERLIM

O grupo new wave (depreciativamente chamado de ‘punk de boutique’) que revelou o cantor e compositor Supla, filho do casal de políticos Eduardo e Martha Suplicy, teve curta duração, com 2 álbuns, dos quais apenas o primeiro de 1985 alcançou êxito graças às faixas HUMANOS, que nomeou o disco, e GAROTA DE BERLIM. Esta contou com a participação nos vocais de ninguém menos que Nina Hagen. Ao que consta, a canção já se encontrava pronta, tendo sido a cantora alemã, que participava do Rock in Rio, convidada a dar uma canja, iniciando-se um breve affair romântico entre ela e Supla. O álbum contou também com a participação de Cauby Peixoto. Após a dissolução do grupo, Supla formaria a banda Psycho 69, além de desenvolver carreira solo.

 

110) ROGÉRIO SKYLAB – MATADOR DE PASSARINHO

Uma das figuras mais controversas do BRock, o músico, compositor e escritor carioca tornou-se famoso por provocar escândalos com seu humor negro e suas letras escatológicas e politicamente incorretas. Um exemplo é a TRILOGIA DO CU, com 3 álbuns inspirados numa declaração de Lulu Santos de que a MPB estava retornando à fase anal. Em MATADOR DE PASSARINHO, (presente no álbum SKYLAB I de 1999) faz um contraponto a PASSAREDO de Chico e Francis Hime em que arrola nomes de pássaros “que servem de tiro ao alvo para espantar o tédio”. Por trás da iconoclastia, um artista inquieto que flerta com a vanguarda da MPB, tendo trabalhado em sua extensa discografia com nomes como Arrigo, Mautner, Macalé, Fausto Fawcett, Robertinho do Recife e Lívio Tragtenberg.

 

111) MAGAZINE –SOU BOY

A história do rock passa necessariamente pelo paulistano Kid Vinil, um dos maiores experts no assunto. Colecionador aficionado, tinha mais de 20 mil discos. Além da atuação como DJ, jornalista e apresentador de programas no rádio e TV, teve intensa atividade musical, fundando as bandas Verminose, Heróis do Brasil (ao lado do guitarrista André Christovam) e Magazine, esta a que rendeu maiores frutos comerciais. A sonoridade do grupo era uma mistura de punk, new wave e rockabilly, com letras humoradas. Teve 2 super-hits: TIC TIC NERVOSO, lançada em compacto (com capa desenhada pelo cartunista Angeli), e SOU BOY que fez parte de seu álbum de 1983, com participação do Joelho de Porco (com Zé Rodrix), Júlio Barroso (Gang 90) e das cantoras Vânia Bastos e May East. A edição em CD incluiu TIC TIC NERVOSO como faixa bônus.


112) MOTO PERPÉTUO – VERDE VERTENTE

O único registro fonográfico do grupo tem importância dupla: por ter sido um dos maiores representantes do rock progressivo nacional e por ter marcado o início da carreira de Guilherme Arantes, ao abandonar o curso de arquitetura na FAU/USP. O álbum (1974) foi relançado com os nomes dos integrantes na capa. Guilherme nutre bastante orgulho dessa fase em que foi influenciado tanto pelo movimento do Clube da Esquina como por expoentes do rock progressivo inglês e italiano (Yes, EL&P, PFM etc.). A faixa VERDE VERTENTE revela o esmero na poesia (“semeio-me sem forçá-lo, muitos anos já me bastaram até esse dia”). A formação do grupo foi o pontapé inicial da bem sucedida carreira individual do artista paulistano, iniciada com MEU MUNDO E NADA MAIS, de seu 1º álbum solo de 1976.

 

113) ALVIN L – EU NÃO SEI DANÇAR

Um dos mais profícuos compositores da música pop, foi gravado, dentre outros, por Milton Nascimento, Leila Pinheiro, Ana Carolina, Zélia Duncan, Belô Veloso, Marina, Lulu Santos, 14 Bis, Ritchie, Frejat, Leo Jaime, Leoni, Ira!,  Sandy & Jr, mas principalmente Capital Inicial que dele gravou  NATASHA, OLHOS VERMELHOS, NÃO OLHE PARA TRÁS, EU NUNCA DISSE ADEUS, TUDO QUE VAI, CORAÇÃO VAZIO, VAI E VEM, LADO ESCURO DA LUA, QUATRO VEZES VOCÊ, TODAS AS NOITES, MELHOR DO QUE ONTEM, EU VOU ESTAR, MAIS, AQUI, PASSOS FALSOS e mais uma pá de outras, a maioria em parceria com Dinho Ouro Preto. Com tantas composições de sucesso, a carreira de intérprete do músico carioca (baiano de nascimento), registrada num único álbum (1997), ficou relegada a segundo plano.

 

114) UNS E OUTROS – CARTA AOS MISSIONÁRIOS

Os anos 80 ficaram marcados pela profusão de grupos nacionais de rock que despontaram no cenário musical. A banda carioca foi uma das que alcançou êxito meteórico com seu álbum de 1988, graças aos singles a ele incorporados, OLHOS VERMELHOS e CARTA AOS MISSIONÁRIOS, uma crítica ao belicismo. Com a ascensão, pipocaram controvérsias pela semelhança com o Legião Urbana, motivando inclusive manifestações de Renato Russo que expressou preocupação de que o público confundisse as 2 bandas. Apesar disso, a revista Bizz elegeu-os banda revelação de 1990, ano do seu 3º álbum, a partir do qual entraram em ostracismo até os anos 2000, quando voltaram às atividades. Ficou famosa sua versão de DIA BRANCO, clássico de Geraldo Azevedo.

 

115) TIGRES DE BENGALA – ELEFANTE BRANCO

Não chega a ser propriamente uma banda mas um ‘projeto’ envolvendo renomados músicos: Vinícius Cantuária, Ritchie, Cláudio Zoli, Mú Carvalho e Dadi (esses 2 da Cor do Som) e  Billy Forghieri (da Blitz). Seu único álbum (1993) emplacou AGORA OU JAMAIS (tema da novela Olho por Olho) e ELEFANTE BRANCO (coautoria com Evandro Mesquita) que trata dos desafios de encarar o avanço da idade. Logo após o lançamento do álbum, o supergrupo carioca dissolveu-se e os integrantes passaram a dedicar-se a suas carreiras individuais. O LP e o CD tornaram-se moscas brancas, vendidos a preço de ouro.

 

116) WANDER TAFFO – ME DÊ SUA MÃO

Em 1985, o guitarrista paulistano abandonou a banda Rádio Táxi (de que tinha, ao lado do pessoal do Tutti Frutti, sido fundador) que produziu inúmeros sucessos (como o mega-hit EVA), para se dedicar à carreira solo, enfatizando suas virtudes como músico. É considerado um dos maiores guitarristas do país, tendo acompanhado Rita Lee, Cássia Eller, Marina, Guilherme Arantes, Secos & Molhados, Made in Brazil, Joelho de Porco e Gang 90. O álbum ROSA BRANCA (1991), ao lado da banda Taffo, revelou a faixa ME DÊ SUA MÃO. A partir de 1997, deixou de lado a carreira artística para dedicar-se a organizar e administrar o IG&T (Instituto de Guitarra e Tecnologia), considerado uma das melhores escolas de música do país.

 

117) FAUSTO FAWCETT – KÁTIA FLÁVIA, A GODIVA DO IRAJÁ

Fernanda Abreu foi porta-voz dos 2 maiores hits desse excêntrico artista carioca: KÁTIA FLÁVIA, A GODIVA DO IRAJÁ e RIO 40 GRAUS. A 1ª, gravada originalmente por Fausto em seu debut álbum FAUSTO FAWCETT E SEUS ROBÔS EFÊMEROS (1987), regravada por Fernanda 10 anos depois (álbum RAIO X); e a 2ª, parceria dos 2, pertence ao álbum SLA 2 BE SAMPLE (1992) da cantora carioca. KÁTIA FLÁVIA apareceu nas trilhas de “Tropa de Elite” e “Lua de Fel” (de Roman Polanski). O conjunto Skank emplacou outro êxito, BALADA DO AMOR INABALÁVEL, parceria com Samuel Rosa, presente no álbum MAQUINARAMA (2000) do grupo mineiro. Fausto, além de cantor, compositor e guitarrista, é escritor, jornalista e dramaturgo. Apesar do som experimental e anticomercial, conseguiu um contrato com a Warner para 2 discos, o já citado e IMPÉRIO DOS SENTIDOS (1989), produzido por Herbert Vianna.

 

118) BLUES ETÍLICOS – SAN-HO-ZAY

“Onde termina o blues e começa o rock?” é a pergunta que não quer calar. Escutando o rock praticado por bandas cruciais dos anos 70 como Led Zeppelin, Stones, Deep Purple, Canned Heat, Fleetwood Mac e Cream, entendemos quão difícil é separar os 2 gêneros. O Brasil tem boas indicações de nomes que atuam nesse campo de tênue separação como Nuno Mindelis e André Christovam. O grupo carioca Blues Etílicos, requisitado para abrir shows de lendas como B B King, Buddy Guy e Robert Cray, é outro expoente com uma longeva carreira e uma extensa discografia dedicada ao estilo, cantando ora em inglês ora em português. SAN-HO-ZAY, tema original de Freddie King, pertence ao álbum homônimo (1990) que, ainda que lançado pela pequena gravadora Eldorado, foi um dos discos de blues nacional mais vendidos da história.

 

119) DALTO – PESSOA

Não deve ter sido fácil para Dalto abandonar a carreira de Medicina pela qual estava formado há 3 anos, para se dedicar à música. Mas certamente foi uma sábia decisão. O cantor e compositor carioca tornou-se uma usina de hits, inclusive na voz de outros intérpretes. De início, BEM-TE-VI, maior sucesso de Renato Terra. Seguiram-se LEÃO FERIDO, êxito da carreira de Byafra, ANJO com Roupa Nova, ESPELHOS D’ÁGUA com Patrícia Marx e PESSOA que aconteceu na interpretação de Marina Lima (mas que também fez sucesso na voz do autor). Essas 3 últimas integram o álbum PESSOA de 1983. Mas o grande hit do artista carioca foi de fato, MUITO ESTRANHO, lançado no álbum homônimo (1982) e em compacto, cujas vendas superaram 800 mil cópias.

 

120) MANDUKA – BRASIL 1500

Esse cantor e compositor carioca tem uma trajetória peculiar e riquíssima. Filho do poeta Thiago de Mello, trabalhou com os diretores Glauber Rocha e Augusto Boal, gravou com o lendário grupo chileno Los Jaivas e com Naná Vasconcelos (LP LE CHANT DE MONDE, lançado na França), foi parceiro de Geraldo Vandré (canção PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA, SALVE SALVE) e de Dominguinhos (canção QUEM ME LEVARÁ SOU EU, vencedora do FIC da TV Tupi de 1980). A convite de Pablo Milanés, visitou Cuba onde gravou o álbum SÉTIMA VIDA. Compôs trilhas para a TV, além de ter sido escritor a artista plástico. Não bastasse isso tudo, foi um expoente do rock nacional com toque latino. De seu 1º disco lançado no Brasil em 1979, que conta com a presença da cantora venezuelana Soledad Bravo, destaca-se a desbundante faixa BRASIL 1500 de 10 minutos de duração.

 

 

 

 

OS 100 MAIORES ROCKS NACIONAIS DO SÉCULO XX:

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