A humanidade vem sendo regida há milhões
de anos pelo macho da espécie. Chegou a hora de reconhecer: não deu certo! Como
genuíno representante do sexo masculino, declaro peremptoriamente que entrego
os pontos. Desisto! Nós, homens, já fizemos cagadas suficientes. De minha
parte, anuncio que passo o bastão às mulheres a quem humildemente me submeto, elegendo-as
para cargos de comando e alçando-as a todas as atividades que envolvam exercício
de poder (aqui em casa, a Cici que o diga). Pior do que está não vai ficar. Sei
que não serei acompanhado por outros da minha estirpe pois conheço bem o
tipinho que encarno: viril, orgulhoso, não dá o braço a torcer.
Tenho um argumento infalível pra
convencer meus iguais. Já que você, ô marmanjo, não tem brio suficiente para admitir
sua incompetência, pense nos seus filhos e netos. Se você os ama, dê-lhes ao
menos a oportunidade de terem um futuro nesse mundo em frangalhos que sua
gestão infeliz produziu.
Não imagino, por exemplo, que alguma
mulher faria a insanidade de lançar bombas em cidades, assassinar adversários em
massa, promover chacinas e genocídios, cultuar armas e perpetrar outras
bárbaras atrocidades a seus semelhantes. As exceções que me recordo são as
mulheres-bomba, que agiram a mando de... homens.
Ou viramos a mesa ou o dito “homem” -
por extensão, a raça humana, aí incluídas não apenas as mulheres mas as
inúmeras categorias sexuais intermediárias emergentes - estará em poucas
dezenas de anos extinto do planeta.
O mundo como hoje conhecemos, vulnerável
a vírus letais, ameaça nuclear, tragédia social, apocalipse ambiental, foi uma
construção masculina, tem a face grotesca e brutal do inepto bicho-homem. Ou colocamo-lo
sob nova administração, ou dito cujo já era.
Trata-se de uma constatação lógica e
me admira que a grande maioria dos indivíduos (especialmente aqueles que se orgulham
mais do seu pênis do que do seu cérebro) não tenha ainda chegado a essa
conclusão tão evidente.
Alguns machos deslumbrados hão de
argumentar, ufanistas: “Como assim? E as imensas conquistas da nossa
civilização, os avanços da ciência e da tecnologia, a qualidade de vida que
hoje desfrutamos?” Do que você está falando, cara pálida? Você acha que
compensa viver até os 100 anos, amedrontado, numa redoma plastificada cheia de
artificialidades, em condomínios fortificados, com ar condicionado para enfrentar
o aquecimento global e celular 5G para compensar sua incapacidade de sociabilização?
Fala sério!
Não, não estou me rendendo às teses
feministas. A pauta pela sociedade igualitária não me fascina. Homem e mulher são
seres biológica e psicologicamente distintos. O homem prima pela força física,
pela razão, pela lógica. Já o chamado “sexo frágil” (que piada!) distingue-se pela
formosura, pela sensibilidade, pela intuição, pela resiliência. Por ter o
atributo da força, o gostosão impõe-se à delicada mulher que se submete a seu
algoz que usa da bestial violência para ditar suas regras. 200 mil anos de
civilização não foram suficientes para revogar a lei do tacape.
O capitalismo adaptou-se
perfeitamente ao patriarcado e definiu o papel de cada gênero no sistema. Ao
homem, ‘chefe’ da prole, cabe negociar suas habilidades no mercado de trabalho
e com a grana obtida, sustentar os gastos domésticos. A mulher fica em casa
lavando louça, limpando a privada e cuidando das crianças, trabalhos ‘inferiores’
sem remuneração, não monetizados pelo mercado. Que sistema hipócrita! Gratifica
apenas as atividades que interessam ao capital, exercidas pelo membro empoderado
do casal. A fêmea desempenha a incumbência ‘acessória’ de amamentar o bebê e
manter estruturado o lar, sendo dependente financeiramente do varão folgado que
se embebeda e farreia nos botequins. Sejamos honestos: isso é uma deslavada
exploração de mão-de-obra.
A natureza concedeu à mulher uma
função muito mais nobre e, para que ela a exerça com louvor, não precisa ocupar
o espaço do homem. Se pleitear isso, estará admitindo que os valores masculinos
são superiores. O que é preciso é que seja reconhecida a importância do seu
papel, muito mais imprescindível que o do provedor financeiro.
A mulher para brilhar não tem que ser
cientista, filósofa, soldada, enxadrista, jogar futebol, lutar muay thay. Deixe
os homens se sobressaírem nessas áreas. As damas têm habilidades muito mais indispensáveis
na preservação do equilíbrio social do que as dos vagabundos, inclusive a principal
de todas: gerar a vida.
Por isso, caro amigo e cara amiga,
está na hora de corrigir o rumo e mudar as regras do jogo. A começar por redefinir
quem deve dar as cartas.
11 comentários:
FINALMENTE !!!!!!!!
Bela crônica. Achei muito bacana dizer que o homem já ficou tempo de mais no comando e o resultado foi esse mundo violento, ganancioso, desigual. Muitas mulheres contribuíram para isso também. Mas a mulher de hoje está muito bem preparada para reger o mundo.
Adorei!!
😅
Amar com reciprocidade sem achar que está fazendo "demais" um pelo outro. Deixar o egoísmo e a vaidade .
Muito bom ! 👏👏👏
Essa sua crônica é excelente!! Parabéns! E obrigada por esse olhar!
Parabéns Sérgio pelo excelente texto
Parabéns Sérgio pelo excelente texto
É tudo isso que você disse, 99%, que a unanimidade, sabemos, é burra. Enfim, na próxima encarnação quero vir mulher, pra na hora que eu quiser dar, todo mundo querer me comer, e eu escolher. Hoje, na condição masculina, quero dar pra elas, mas é a maior dificuldade que queiram me comer. Ah, isso não tá certo! rsrs
Mais uma vez, uma bela crônica. É bacana ver que tem homem que reconhece a necessidade da condução feminina nesse planeta, sem priorizar guerras, exploração, devastação e destruição em prol do lucro financeiro. Só acho que mesmo tendo a importância da maternidade e da organizacao do lar, a mulher pode ser o que quiser e tenha vocação para tal. Aliás muitas das conquistas científicas atribuídas aos homens, também foram realizadas por mulheres, muitas vezes com seus nomes omitidos. Mas com certeza parabenizo e agradeço nosso cronista Sérgio pela sua crônica, como sempre muito bem escrita.
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