sexta-feira, 23 de agosto de 2024

SOBRE SÍLVIOS & SANTOS

A comoção nacional causada pela morte de Sílvio Santos demonstra quão querido era o apresentador. Até mesmo a arquirrival Globo abriu espaço nobre em sua programação para exaltar a perda. Esse sentimento quase que unânime que tomou conta da nação diz muito menos sobre o adorado animador de auditório do que sobre aqueles que o adoravam.

O tipo de homem admirado pelo brasileiro é aquele que tem capacidade de proporcionar-lhe momentos de alegria e fazê-lo sorrir para esquecer suas agruras, em sintonia com o refrão “da vida não se leva nada, vamos sorrir e cantar”. Já reza a máxima que o bom brasileiro é aquele que “perde o amigo, mas não perde a piada”. Isso elucida a índole fanfarrona desse povo eternamente brincalhão e risonho. Valores como amizade e solidariedade importam-lhe menos do que uma bela gargalhada.

O brasileiro, tão reticente em protestar contra iniquidades, torna-se pleno ao rir desbragadamente, inclusive da desgraça alheia. Não é à toa que no programa SS, as ‘pegadinhas’ faziam tanto sucesso. Esse quadro consistia em, através de uma câmera escondida, flagrar um cidadão incauto caminhando pacificamente pelas ruas, sendo-lhe armada uma situação vexatória. Com o argumento de que tudo não passava de uma brincadeira para não se levar a sério, todos podiam, sem culpa, zombar da vítima ridicularizada feita de idiota, sob risos da plateia e do apresentador.

E ninguém tinha mais motivos para rir do que Sílvio que, com quadros deploráveis como esse e outras atrações de baixíssima qualidade, construiu um invejável patrimônio. Guiado pelo bordão “topa tudo por dinheiro”, o apresentador vendia para o crédulo povão a ilusão da riqueza fácil com carnês do Baú e bilhetes da Tele Sena, o que fez dele um dos homens mais abastados do país.

Mas isso não apenas não incomodava seus humildes fãs, devotos e contribuintes como era motivo de admiração. Pela lógica da ‘meritocracia’ neles incutida, encher-se de grana (ainda que deles subtraída) é bastante louvável pois decorre exclusivamente de merecimento, com a bênção de Deus

O brasileiro adora quem se dá bem na vida, seja jogadores de futebol, pastores evangélicos, duplas sertanejas, influencers digitais ou apresentadores de TV. Os grandes ídolos nacionais são invariavelmente pessoas com enormes posses e cultura nenhuma. O altruísta, o idealista, o ambientalista, o que clama por justiça, o que se empenha em abnegadamente lutar pelos despossuídos, o que se dedica a melhorar o mundo e proporcionar condições dignas a todos, esse é ignorado e até criticado, tachado de trouxa, canalha, petralha ou coisa que o valha.

O brasileiro mais simples não enaltece sofredores iguais a ele, mas seu oposto, aqueles a cuja condição social jamais equiparará. Freud explica. Ou melhor ainda o ‘filósofo’ Joãozinho Trinta que dizia: “povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual”.

Pela mesma razão, o brasileiro também não elege políticos íntegros e combativos. A maioria dos parlamentares colocados lá pelo voto dos mais simplórios, é de gente abonada com idoneidade duvidosa. A corrupção é vista como benesse, pois o sujeito espertalhão é o malandro que ‘gosta de levar vantagem’, outro atributo arrolado em seu rol de ‘virtudes’.

Talvez haja objeção em vincular Sílvio a tal patifaria.  Afinal, ele era tido como um empreendedor honesto e batalhador que fez jus à fortuna que amealhou. Um sujeito que começou como camelô e através de sua luta incansável conseguiu ascender na vida.

Ao que parece, todavia, o Sr. Abravanel não tinha gratidão para com aqueles que o ajudaram a subir na escala social, tanto que não costumava fazer filantropia nem oferecer doações (por mínimas que fossem) de parte de seus colossais ganhos. Nem mesmo do terreno micado que possuía no Bixiga, em São Paulo, parcela ínfima de seus bens, aceitou abrir mão para dar espaço a um parque público em benefício da cidade que o acolheu e que lhe possibilitou tornar-se bilionário. Sua atitude mais benemérita consistia em jogar dinheiro vivo para a plateia como se dá comida aos porcos.

Sabia ele que a massa que o admirava era constituída por gente de baixa instrução. Não fazia questão alguma de oferecer cultura a suas companheiras de auditório. Tinha consciência de que pessoas com melhor formação deixariam de reverenciá-lo, buscariam opções com maior nível de exigência. Nas tardes de domingo tampouco se preocupava em trazer artistas de qualidade, apenas a escória cultural.

Sua rede de TV, também não primava por atitudes em prol da comunidade. O SBT pouco investia em ações educacionais e importava execráveis programas mexicanos para entreter seu público. Desprezava, além disso, o jornalismo investigativo e questionador. Quando a aguerrida jornalista Sheherazade resolveu protestar contra os desmandos do governo de plantão levou uma bronca do patrão e foi desligada da emissora. O homem do Baú fazia questão de estar bem com os donos do poder, de Lula a Bolsonaro, passando pelos militares da ditadura de quem foi um contumaz bajulador.

Apesar de quase canonizado, Sílvio, de Santo não tinha nada. No máximo um comunicador competente e um próspero empresário que soube como tirar proveito próprio das desgraças do país.

 

 


sexta-feira, 16 de agosto de 2024

OS 300 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (14ª PARTE)

A seguir, a 14ª parte dos 300 maiores rocks do Século XX, considerando-se apenas canções do período de 1963 a 2000 e com cada intérprete com direito a uma canção.

 

261) ROY ORBISON – YOU GOT IT

O apelidado ‘Big O’, contemporâneo de Elvis, Carl Perkins, Jerry Lee Lewis tinha aparência soturna, óculos escuros, não era boa pinta nem bom de palco, o ‘patinho feio’ do rockabilly. Mas quando soltava a voz maviosa, todos o reverenciavam. Atingiu o auge no começo dos 60’s, após o quê sua carreira definhou. Mas ao final dos 80’s teve uma notável reabilitação culminando com a formação dos Travelling Wilburys, ao lado de George Harrison, Bob Dylan, Tom Petty e Jeff Lyne, que não chegou a usufruir pois morreu logo após o lançamento do álbum. OH PRETTY WOMAN de 1964 foi de longe o maior êxito, turbinado ao ser usado no filme homônimo com Julia Roberts. O álbum póstumo MYSTERY GIRL (1988) foi sua última grande contribuição musical (finalizado um mês antes de sua morte) em que recebeu composições de Bono/The Edge (U2) e Elvis Costello. Mas o destaque é a faixa YOU GOT IT com a participação dos seus amigos Wilburys.

 

262) BLOOD SWEAT & TEARS – YOU’VE MADE ME SO VERY HAPPY

Essa big band novaiorquina de rock e jazz fusion demonstra que competência, qualidade do repertório e refinamento musical podem andar de mãos dadas com sucesso comercial. Já em seu 2º álbum, autointitulado (1968), alcançou o topo das paradas, aí permanecendo por 7 semanas, sob o comando do frontman, David Clayton-Thomas, que canta SPINNING WHEEL e YOU’VE MADE ME  SO VERY HAPPY, 2 grandes êxitos, inclusive no Brasil. A qualidade do repertório é atestada pelo nível dos compositores que incluem Laura Nyro, Traffic, Billie Holiday e até Erik Satie que ganhou uma adaptação do tema para piano Gymnopédies. YOU’VE MADE ME..., clássico da Motown que recebeu inúmeros covers (Cher, Liza Minelli, Lou Rawls, Sammy Davis, Gloria Estefan), teve na interpretação do BS&T sua versão definitiva.

 

263) ROXETTE – SPENDING MY TIME

Legítimo herdeiro do Abba, o duo sueco de soft rock - Marie Fredrikinsson no vocal e Per Gessle na guitarra - foi um fenômeno de popularidade. Suas baladas reinaram nas FM’s e nas trilhas de novela. Mas, seja qual for o juízo que se faça, o Roxette marcou a virada dos anos 80 para os 90 com canções bem acima da média. O maior hit, IT MUST HAVE BEEN LOVE, de longe o mais famoso, foi ‘descoberto’ 2 anos após seu lançamento, graças à execução no filme “Uma Linda Mulher”. Os álbuns LOOK SHARP! (1988) e JOYRIDE (1991) geraram uma série de outros hits, com destaque para SPENDING IN MY TIME. Sequelas de um tumor cerebral descoberto em 2002 prejudicaram o posterior desempenho artístico da aclamada vocalista Marie até seu falecimento em 2019.

 

264) ZOMBIES – TIME OF THE SEASON

Após emplacar 2 singles entre os mais vendidos, essa banda nascida nos subúrbios de Londres partiu para aquela que seria sua verdadeira obra prima, o álbum ODESSEY AND ORACLE (com bizarro erro na grafia de ‘Odyssey’) de 1968, em que demonstraram toda genialidade e sofisticados arranjos vocais. O retumbante fracasso comercial do disco provocou a dissolução do grupo. Até que o destino fez com que, 1 ano depois, o famoso caça-talentos Al Kooper ‘descobrisse’ a obra e patrocinasse seu lançamento no mercado americano em paralelo com o single TIME OF THE SEASON, um arrebatador hino psicodélico que alcançou sucesso instantâneo. O grupo (que já nem existia) foi reabilitado e o esquecido álbum passou a figurar entre os melhores de todos os tempos pelas publicações especializadas.

 

265) NEW YORK DOLLS – PERSONALITY CRISIS

Um quinteto de travecos atrevidos e debochados lançou só 2 álbuns produzidos a toque de caixa, não vendeu quase nada e encerrou a carreira em apenas 5 anos. Mesmo com tais ‘qualificações’, a banda novaiorquina tornou-se lendária, uma das mais influentes de sua geração, sempre citada quando se quer fazer um compêndio da história do rock nos anos 70 e do surgimento do movimento punk e do glam rock, lado a lado com nomes da estatura de Velvet Underground, Stooges e MC5. PERSONALITY CRISIS foi a faixa de abertura do álbum que leva o nome da banda (1973) que, mesmo sem sequer ter figurado nas 100 mais da Billboard, tornou-se cult. Num contexto totalmente diferente, com o nome mitificado e 3 dos seus integrantes já falecidos, o NYD voltou às atividades em 2004, quase que desapercebido.

 

266) LLOYD COLE & COMMOTIONS – PERFECT SKIN

A trajetória de Lloyd tem 2 fases distintas: 1984/89 em que era acompanhado do grupo Commotions, período que rendeu 3 álbuns; e a partir daí, quando desenvolveu carreira solo. Embora o cantor e músico inglês tenha sempre mantido o nível de excelência, o período dos Commotions foi o que deixou mais saudade. É comum compará-lo ao contemporâneo Morrisey, embora com êxito comercial inferior ao do líder dos Smiths e, ao contrário desse, tenha evoluído para uma sonoridade mais apurada, mantendo-se avesso à badalação. Seu celebrado debut álbum, RATTLESNAKES (1984), considerado um dos mais perfeitos discos dos anos 80, produziu as 2 composições mais conhecidas: a que dá nome ao disco (regravada por Tori Amos) e a pérola PERFECT SKIN.

 

267) HOLE – VIOLET

Falar do Hole é falar de Courtney Love, a controversa líder do grupo americano e a única, além do guitarrista Eric Erlandson que permaneceu na banda até o fim. Após um explosivo álbum inicial produzido pela vocalista do Sonic Youth, Kim Gordon, veio LIVE THROUGH THIS (1994), por uma infeliz coincidência, lançado apenas uma semana após a trágica morte de seu marido, Kurt Cobhain. Isso trouxe para a viúva uma maré de ódio, inclusive de Dave Grohl, companheiro de Kurt no Nirvana e posterior líder do Foo Fighters. O fato é que, apesar dos pesares, LIVE THROUGH THIS (destaque para a faixa VIOLET), assim como seu sucessor, CELEBRITY SKIN (1998), acabaram por consagrar o grupo de Courtney como um dos mais importantes conjuntos de rock comandados por mulheres (assim como Blondie, Pretenders, Roxette e Evanescence).

 

268) ASIA – HEAT OF THE MOMENT

O impacto da formação original desse supergrupo inglês que reuniu 4 bambas egressos de famosas bandas do rock progressivo, a saber, o guitarrista Steve Howe (Yes), o vocalista/baixista John Wetton (King Crimson), o baterista Carl Palmer (EL&P) e o tecladista Geoff Downes (Yes) refletiu-se na expectativa do 1º álbum (1982), autointitulado, que estourou mundialmente e chegou ao topo da parada americana, puxado por HEAT OF THE MOMENT. Apesar de alinhar-se em tese ao ‘prog’, a banda adotou um som ‘AOR’, mais comercial, utilizado em publicidade e trilha sonora de esportes radicais. Cobrado para manter-se no pico, abalado por divergências internas e debilitado com o intenso revezamento dos integrantes, o grupo não conseguiu repetir a performance. Nem mesmo o ingresso posterior de nomes de relevo como o do baixista Greg Lake (EL&P) foi suficiente para reviver os tempos áureos do início.

 

269) STONE TEMPLE PILOTS – INTERSTATE LOVE SONG

O STP nasceu sob o estigma de ser uma banda de grunge nascida no tempo errado e no lugar errado (Califórnia e não Seattle). De fato, um dos maiores êxitos do grupo, FLUSH, tem a ‘cara’ do Pearl Jam, e a voz do vocalista Scott Weiland é semelhante à de Eddie Vedder. Por outro lado, o outro hit, INTERSTATE LOVE SONG (do álbum, PURPLE de 1994), cujo single permaneceu 15 semanas nos primeiros postos da Billboard, foi inspirada em... João Gilberto. A banda que vivia tempos de visibilidade, sofreu uma derrocada devido à dependência de drogas e consequente prisão de Scott que, além disso, bandeou-se para formar (ao lado de Slash ex-Guns n’ Roses), o Velvet Revolver, vindo a falecer em 2015.

 

270) NIGHTWISH – WALKING IN THE AIR

O Nightwish estourou mundialmente a partir do século XXI, sobretudo com o álbum ONCE (2004). Mas OCEANBORN (1998), apesar da pequena repercussão fora da sua terra natal, a Finlândia, arregimentou fãs fascinados pela peculiaridade de unir metal sinfônico com gótico, letras que exploravam o universo fantástico e de contar com uma carismática cantora lírica, Tarja Turunen (que permaneceu na banda até 2005). A balada WALKING IN THE AIR, presente no álbum, recebeu uma versão power metal, gênero que encontrou no país nórdico um santuário de bandas congêneres como Stratovarius, Sonata Arctica e Apocalyptica. A canção, bastante popular no norte da Europa, executada especialmente no período natalino, foi composta para o desenho animado inglês Snowman.

 

271) OFFSPRING – THE KIDS ARE NOT ALRIGHT

Duas bandas da Califórnia, onde rolava a cultura skate, foram as grandes responsáveis pelo renascimento nos anos 90 do punk com ares mais pop: o Green Day e o Offspring. Lançados quase simultaneamente, os álbuns DOOKIE e SMASH obtiveram vendas estratosféricas sobretudo nos EUA. No caso do Offspring, o feito foi ainda mais impressionante chegando a mais de 10 milhões de cópias pela pequena gravadora Epitaph, que possuía estrutura precária de distribuição. Ao que se sabe, foi o disco independente mais vendido de todos os tempos. Já numa grande gravadora, o grupo se superaria com o álbum AMERICANA (1998), apesar das críticas negativas. A faixa THE KIDS ARE NOT ALRIGHT, um contraponto a THE KIDS ARE ALRIGHT, famosa música do The Who, trata das dificuldades dos jovens para se enquadrar na sociedade.

 

272) BLACK CROWES – REMEDY

Quem não os conhece, juraria tratar-se de uma banda dos anos 70. Mas os Black Crowes dos irmãos Robinson, Chris e Rich (guitarra e vocal respectivamente), únicos membros permanentes, nadando contra a corrente do grunge, caracterizam-se por fazer, em plenos anos 90, um revival  do blues rock tradicional, inspirados em grupos históricos como os Stones e o Led Zeppelin. Chegaram a gravar um álbum duplo com Jimmy Page. A Melody Maker nomeou-os “a banda de rock’n’roll mais rock’n’roll do mundo”. Até o nome do grupo provém de uma canção de Jimi Hendrix. Seus 2 primeiros álbuns, SHAKE YOUR MONEY MAKER (1990) e SOUTHERN HARMONY AND MUSICAL COMPANION (1992) foram os de maior sucesso. Deste último, destaque para a faixa REMEDY que expõe a postura do grupo favorável à liberação da maconha.

 

273) SINÉAD O’CONNOR – NOTHING COMPARES 2 U

O gigantesco sucesso mundial dessa canção acabou por abafar o resto da produção da artista irlandesa que se tornou menos conhecida por sua arte do que por sua cabeça raspada e pelas turbulências que pontuaram sua carreira, encerrada com sua morte prematura. As polêmicas incluem questões religiosas (ácidas críticas ao catolicismo, culminando com sua conversão ao islamismo), pessoais (relacionadas a suas preferências sexuais e transtornos mentais) e sociais (por sua militância). Até mesmo NOTHING COMPARES 2 U, foi motivo de desavenças com Prince, o autor da canção.  A música, uma das mais executadas de 1990, puxou as vendas do álbum I DO NOT WANT WHAT I HAVEN’T GOT. O resto da produção de Sinéad que inclui dedicação a canções tradicionais irlandesas e temas para reflexão e questionamento ficou esquecido.

 

274) SYSTEM OF A DOWN – SUGAR

A banda americana tem uma característica peculiar: todos seus membros, cujos sobrenomes terminam em ‘ian’, são descendentes de armênios e utilizam sua música para denunciar o genocídio desse povo. Sob o comando do vocalista e cabeça do grupo, Serj Tankian, as letras explicitam críticas à guerra, ao racismo, à religião e à violência policial. O som extremamente pauleira (com direito a heavy metal e rap) é pontuado por momentos de leveza e até jazz. A banda editou 5 discos, 2 dos quais compunham um álbum duplo, lançados separadamente. Apenas o de 1998, autointitulado, cuja mão ameaçadora da capa é baseada num pôster antifascista, saiu antes da virada do milênio, sendo a faixa SUGAR, um êxito. TOXICITY (2001) que veio a seguir, foi o que causou maior impacto, com o hit CHOP SUEY!

 

275) BLACK FLAG – NERVOUS BREAKDOWN

Poucos incorporaram tão visceralmente a atitude punk/hardcore como essa banda californiana. A começar com sua filosofia do ‘faça você mesmo’ que recusava aceitar esquemas do sistema para divulgar sua arte, tanto que criaram uma gravadora própria, a SST Records, que chegou a lançar trabalhos de grupos famosos como Bad Brains, Sonic Youth e Husker Dü. Isso se reflete também nas capas dos discos, produzidas de forma amadora. Serviram de inspiração para bandas brasileiras como Cólera e Garotos Podres. O grupo sofreu transformações ao longo dos anos com revezamento de integrantes, passando a flertar com o heavy metal e adotar uma instrumentação mais rica que os distinguiu de bandas congêneres. DAMAGED, o álbum de estreia de 1981, e o EP NERVOUS BREAKDOWN de 1979, guardam com maior fidelidade o espírito anárquico original.

 

276) DREAM THEATER – A CHANGE OF SEASONS

Conhecido por suas músicas quilométricas, algumas com mais de 20 minutos, a banda de metal progressivo é reconhecida pelo virtuosismo e apurada técnica instrumental de seus integrantes, sem a preocupação de atingir as rádios. Originalmente formada por estudantes do Barklee College of Music de Boston e inspirada em grupos como o Rush, a banda amealhou grande números de fãs, especialmente aspirantes a músicos, porém receberam restrições pela pretensa ausência de criatividade e ‘feeling’. A épica A CHANGE OF SEASONS (1995), veio após os 2 álbuns mais vendidos do grupo, IMAGES AND WORDS e AWAKE e apesar de seus 23 minutos de duração, saiu num EP juntamente com medleys de covers (Led Zeppelin, Deep Purple, Elton John, Pink Floyd, Genesis, Queen etc.).

 

277) GARY MOORE – STILL GOT THE BLUES

O exímio músico irlandês projetou-se como guitarrista de rock. Mas deu uma guinada radical ao lançar em 1990 o álbum STILL GOT THE BLUES, disco eminentemente de blues com participação de duas lendas do gênero, Albert King e Albert Collins além do beatle George Harrison. A virada surpreendeu os fãs, acostumado a vê-lo como guitarrista de hard rock, seja no grupo Thin Lizzy ou em sua carreira solo. Mas a iniciativa foi bem sucedida tanto que o álbum foi o mais vendido de sua carreira e a faixa homônima a canção mais conhecida. Na verdade, ele sempre fora fissurado em blues, seu ídolo era o Peter Green (do Fleetwood Mac e dos Bluesbreakers de John Mayall), tendo também tocado no grupo de blues-rock Skid Row. Gary morreu em 2011, devido a problemas com álcool.

 

278) KORN – BLIND

Essa canção que acompanhou o grupo americano em toda sua carreira é faixa de abertura do álbum de estreia (1994), autointitulado, tendo lançado as bases do chamado ‘nu metal’. O Korn, cuja grafia estilizada do nome traz o R ao contrário, é tido como o pioneiro e maior representante desse subgênero que predominou na virada do século, caracterizado pelo som sincopado, misturando elementos de heavy, hip hop e rock industrial. As vocalizações são guturais, as letras sombrias e não se primam por solos virtuosos de guitarra, mas por fazer bastante barulho. O estilo teve sucesso comercial, sobretudo nos EUA, ao lado de bandas como o Limp Bizkit e o Linkin Park. O Korn atingiu seu auge com FOLLOW THE LEADER de 1998 (que revelou outro grande êxito, FREAK ON A LEASH) e ISSUES de 1999, álbuns que chegaram ao topo das paradas.

 

279) ANNIE LENNOX – SONG FOR A VAMPIRE

A cantora e compositora escocesa que, como vocalista dos Eurythmics, já havia feito furor com sua voz marcante e seu visual andrógino, construiu uma bem sucedida carreira solo, além de se destacar como ativista de causas humanitárias. Seus 2 primeiros álbuns foram DIVA (1992) e MEDUSA (1995) no qual interpreta temas insólitos do repertório masculino de Al Green, Neil Young, Paul Simon, Bob Marley, Procol Harum etc. Nesse intervalo, foi convidada pelo cineasta Francis F Coppola a colaborar com uma composição a ser utilizada durante os créditos finais da película “Drácula de Bram Stroker”. A música, ao mesmo tempo assustadora e envolvente (remete a DOCE VAMPIRO de Rita Lee), além de integrar a trilha do filme, foi lançada como lado B do single LITTLE BIRD, faixa de DIVA.

 

280) LENNY KRAVITZ – AGAIN

Lenny injetou sangue negro no rock ao adicionar ao ritmo o groove do funk, uma mistura de Hendrix com James Brown. Vaidoso e acusado por seus críticos de poser, Lenny é uma figura estranha para os padrões roqueiros: afastou-se das drogas, louva o celibato e cita a Bíblia. Mas sua competência musical é incontestável. Trabalhou com nomes como Jagger, Bowie, Aerosmith, Madonna, Al Green e Curtis Mayfield. Multi-instrumentista tem domínio completo de sua produção e sua ‘banda’ se limita ao fiel escudeiro Craig Ross com sua guitarra de apoio. Tem forte ligação com o Brasil, apresentando-se em 2005 para um público de 400 mil pessoas em Copacabana, tendo adquirido uma enorme fazenda no interior do RJ. Com diversos hits, seu maior êxito é justamente o disco que reúne seus sucessos até 2000 que trouxe a faixa inédita AGAIN, um dos maiores êxitos do artista.

 

 

Confira os 100 maiores rocks:

http://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/06/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-1a.html

Confira os 200 maiores rocks:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2021/12/os-200-maiores-rocks-do-seculo-xx-6.html

Confira os 300 maiores rocks

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2024/07/os-300-maiores-rocks-do-seculo-xx-11.html

 

 

 

 

sábado, 3 de agosto de 2024

OS 300 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (13ª PARTE)

 A seguir, a 13ª parte dos 300 maiores rocks do Século XX, considerando-se apenas canções do período de 1963 a 2000 e com cada intérprete com direito a uma canção.

 

241) CAROLE KING – IT´S TOO LATE

O álbum TAPESTRY (1971) da cantora e pianista norte-americana foi um dos mais retumbantes da história, liderando por nada menos do que 15 semanas a lista da Billboard e aí permanecendo por mais de 6 anos, só perdendo em permanência para DARK SIDE OF THE MOON do Pink Floyd. O álbum, que recebeu rasgados elogios da crítica, só contém faixas de autoria própria (algumas em parceria) como IT´S TOO LATE e YOU’VE GOT A FRIEND (gravada também por James Taylor, fez tanto sucesso quanto), reafirmando seu pródigo dote de compositora. Até os Beatles se renderam a seu talento, incluindo-a em seu seleto repertório com CHAINS e o Grand Funk deve a ela seu maior hit, LOCOMOTION. Seus soft rocks e seu ativismo ambiental serviram de inspiração para o movimento hippie e deram um toque de sensibilidade a um meio essencialmente masculino.

 

242) ELVIS COSTELLO – ALISON

O cantor e compositor britânico é uma das figuras mais excêntricas do rock, a começar por sua aparência física à la Buddy Holly, identificado por seus óculos de grossas armações e suas roupas extravagantes. Explorou diversos ritmos, do rockabilly ao country. Casado com a cantora de jazz Diana Krall, tornou-se mundialmente conhecido ao gravar SHE, o famoso tema de Charles Aznavour, para o filme NOTTING HILL. Estabeleceu inusitadas parcerias como a com o maestro Burt Bacharach que resultou no álbum PAINTED FROM MEMORY e com o beatle Paul McCartney com quem compôs diversas canções. Esse currículo parece não condizer com seus primórdios, quando esteve associado ao punk e à new wave, ainda que se distinguisse por suas letras inteligentes e sarcásticas. A balada ALISON pertence a seu debut álbum MY AIM IS TRUE (1977), bastante enaltecido pelos críticos e gravado antes de formar a banda The Attractions que acompanhou sua carreira.

 

243) JOHN MAYALL & BLUESBREAKERS – STEPPIN’ OUT

A banda Bluesbreakers comandada pelo guitarrista, tecladista e gaitista inglês John Mayall foi uma verdadeira escola para músicos que se projetaram no campo do blues-rock como Eric Clapton, Jack Bruce, Peter Green (Fleetwood Mac) e Mick Taylor (Rolling Stones). Clapton, que abandonara os Yardbirds insatisfeito com a virada do grupo para o pop, ingressou como guitarrista principal, gerando o histórico álbum BLUESBREAKERS – JOHN MAYALL WITH ERIC CLAPTON (1966), voltado para standards de blues, além de 5 composições de Mayall, uma em parceria com Clapton. A união entre os dois monstros sagrados durou apenas esse álbum pois Clapton e Jack Bruce partiram para formar o Cream. A instrumental STEPPIN’ OUT, faixa de autoria do bluesman Memphis Slim foi posteriormente incorporada ao repertório do Cream uma vez que se prestava a improvisações estendidas de Clapton ao vivo.

 

244) TORI AMOS – CRUCIFY

A cantora, compositora e pianista americana recusou-se a usar seu talento para obter popularidade. Adotou uma linha mais próxima à de Kate Bush, com canções intimistas que tratam de sexualidade, religião e tragédias pessoais. Após uma estreia desastrosa com o álbum Y KANT TORI READ (1988) que vendeu só 10 mil discos (que se tornaram relíquias com o estouro posterior da artista), lançou LITTLE EARTHQUAKES (1992), que chegou às 5 milhões de cópias, número que não conseguiu igualar em nenhum de seus trabalhos posteriores. O êxito do álbum surpreendeu já que as canções introspectivas e confessionais tratam de temas pessoais como os traumas por um estupro de que foi vítima. A faixa CRUCIFY é um grito de revolta contra a expiação religiosa (ela foi filha de um pastor). O álbum seguinte, o também elogiado UNDER THE PINK (1994), revelou seu segundo maior sucesso, CORNFLAKE GIRL.

 

245) JACKSON BROWNE – RUNNING ON EMPTY

O cantor e compositor teuto-americano (nascido na Alemanha, veio aos 3 anos para Los Angeles) conservou por décadas sua integridade não apenas musicalmente, mas em sua permanente luta por melhorar o mundo. Suas canções que abrangem o rock, o folk e o country refletem angústias pessoais e preocupações sociais e ambientais, tendo sido gravadas por Joan Baez, Joni Mitchell, Eagles, Linda Ronstadt, Gregg Allman, Byrds e pela cantora Nico, com quem, adolescente, teve um affair. Após breve passagem pelo Nitty Gritty Dirt Band, iniciou carreira solo, vendendo perto de 20 milhões de álbuns, 90% nos EUA. RUNNING ON EMPTY é um hino de louvor pela liberdade da vida ‘on the road’. A canção nomeou também o álbum ao vivo em que consta (1977) que permaneceu um ano na lista da Billboard. Foi usada no filme Forest Gump quando o personagem corre sem destino pelas estradas dos EUA.

 

246) STONE ROSES – I WANNA BE ADORED

A revista NME apontou-o como “o melhor disco britânico de todos os tempos”, à frente dos Beatles. Exageros à parte, o 1º álbum dos Stone Roses de 1989 (cuja faixa de abertura é I WANNA BE ADORED) representou um salto evolutivo inequívoco. O grupo inglês que esteve na linha de frente do chamado ‘Madchester’, um movimento de renovação musical ocorrido em Manchester de onde provieram, nasceu da parceria entre o vocalista Ian Brown e o guitarrista John Squire. Seu som que mistura guitarras com batidas dançantes sob influência das raves, então em moda, abriu caminho para a chamada britpop que revelou bandas como o Oasis e o Verve. Após um jejum de 5 anos, lançaram o 2º álbum, SECOND COMING, em que tentaram novas sonoridades e um som mais pesado, mas sem repetir o êxito, levando o grupo à dissolução em meio a desavenças internas.

 

247) ROGER WATERS – MOTHER

Com a dissolução do Pink Floyd, o baixista Roger Waters (que já vinha tocando uma carreira solo) dedicou-se a promover um evento grandiloquente em homenagem à queda do muro entre as duas Alemanhas, que resultou no álbum THE WALL LIVE IN BERLIN (1990). Foram recriadas as faixas, quase todas compostas por Waters, do icônico THE WALL (1979), o disco duplo mais vendido de todos os tempos. O show reuniu 350 mil pessoas (fora as milhões que presenciaram a turnê pelo mundo). Para tanto, convocou-se um invejável plantel de artistas que incluiu Sinead O’Connor, Cyndi Lauper, Joni Mitchell, Marianne Faithfull, Van Morrison, Scorpions, The Band, Bryan Adams, Ute Lemper, Thomas Dolby, os atores Albert Finney e Tim Currey afora uma competente banda de apoio. A faixa MOTHER foi interpretada em conjunto com Sinead O’Connor.

 

248) SPANDAU BALLET – TRUE

Embora não tenha alcançado o mesmo patamar do congênere Duran Duran, a banda ‘new romantic’ londrina vendeu 25 milhões de discos, emplacou 8 álbuns entre os 10 mais vendidos do Reino Unido e conseguiu o feito nada desprezível de cravar uma das canções mais executadas no rádio de todos os tempos. No Brasil não foi diferente, com direito até a fazer parte de trilha de novela. TRUE, composta pelo guitarrista Gary Kemp, ao que consta, face a amor não correspondido pela vocalista da banda Altered Images, puxou as vendas do álbum homônimo que integra (1983). Contra as acusações de som açucarado, evocam além da profundidade da letra, a inspiração soul atestada pela citação a Marvin Gaye, o elegante arranjo que inclui um solo de sax e as fontes originais que beberam, do punk ao glam de Bowie.

 

249) EUROPE – THE FINAL COUNTDOWN

Grupos suecos têm uma capacidade insuperável em produzir canções grudentas: DANCIN QUEEN (Abba), IT MUST BEEN LOVE (Roxette), ALL THAT SHE WANTS (Ace of Base), LOVEFOOL (Cardigans) e naturalmente THE FINAL COUNTDOWN (Europe). Apesar da má vontade de alguns críticos, a canção se tornou um verdadeiro hino de rock oitentista, não por um riff de guitarra, mas pelo teclado de abertura, o que aliás provocou insatisfação do guitarrista John Norum que, por essa razão, abandonou a banda. Presente no álbum homônimo de 1986 (que continha um outro grande hit, CARRIE), tirou o grupo nórdico do seu nicho e o lançou para o mundo, alcançando o topo da parada em nada menos do que 25 países. Caracterizado como hard rock sinfônico, o grupo não via potencial na faixa, só aceitando a ideia de priorizá-la por insistência da gravadora.

 

250) DOOBIE BROTHERS – LISTEN TO THE MUSIC

Essa canção alto astral, pertencente a TOLOUSE STREET (1972), 2º álbum dos Doobies, tornou-se sua marca registrada e até hoje presença constante no dial. A banda americana permaneceu em evidência durante a década de 70, comandada pelo guitarrista e vocalista Pat Simmons, o único a aparecer em todos seus 14 álbuns, emplacando hits como LONG TRAIN RUNNIN’ e CHINA GROVE. No início, flertou com rock, country, folk e até gospel. A partir de 1974, com o ingresso, quase ao acaso, de Michael McDonnald, recrutado do Steely Dan em princípio apenas para tapar o buraco durante uma turnê, houve um significativo refinamento de estilo, passando a incorporar jazz e soul. A nova fase foi coroada com MINUTE BY MINUTE (1978), o álbum de maior impacto de crítica e público (liderou por 5 semanas a lista da Billboard, aí permanecendo por 2 anos), puxado pelo hit WHAT A FOOL BELIEVES.

 

251) TANGERINE DREAM – PHAEDRA

O grupo alemão comandado pelo tecladista Edgar Froese nasceu inspirado na fase doidona do Pink Floyd de Syd Barrett. A partir de 1973, radicalizou seu experimentalismo, lançando álbuns quase que exclusivamente instrumentais com longas suítes futuristas com o uso intensivo de sintetizadores. Ao lado dos também alemães Kraftwerk, Can e Amon Düül, alinha-se como representante do ‘krautrock’ (‘rock chucrute’), nome pejorativo do gênero que inspirou desde a trilogia germânica de David Bowie, o synth-pop, o pós punk e o rock alternativo até a new age e artistas como Brian Eno, Jean Michel Jarre e Vangelis. Mais recentemente, musicou filmes como “Gente Diferente” de Konchalovsky, “Comboio do Medo” de William Friedkin e “A Lenda” de Ridley Scott.  PHAEDRA (1974) é seu disco de maior repercussão, chegando a figurar entre os mais vendidos na Inglaterra e na Austrália.

 

252) MORPHINE – BUENA

Como definir uma banda de rock que abdica da guitarra elétrica? O som do power trio de Boston limitava-se ao trinômio baixo-sax-bateria, o que lhes dá uma sonoridade totalmente idiossincrática, minimalista ou ‘Low Rock’. A proeminência do sax faz com que, para alguns, o som soe como jazz. O genial Mark Sandman, líder, compositor, baixista e vocalista, com sua peculiar voz rouca, morreu de enfarte fulminante em pleno palco durante uma apresentação na Itália, levando à dissolução do grupo com futuro tão promissor. O álbum póstumo NIGHT (2000), considerado pela crítica o mais apurado, diferencia-se dos demais pela ampliação no uso instrumentos. Ao total, foram 5 álbuns, uma coletânea de lados B e um ao vivo. A música que melhor os representa, BUENA, é faixa de CURE FOR PAIN (1993), o mais vendido.

 

253) STEVE MILLER BAND – ABRACADABRA

A banda de San Francisco começou sendo Steve Miller Blues Band, centrada num repertório de blues-rock. Seu fundador, o guitarrista, vocalista e único membro permanente, Steve Miller, proveio dum ambiente onde tinha contato com lendas do blues e do jazz. Com a finalidade de ampliar seu público, excluíram o ‘blues’ do nome (por sugestão, ao que consta, de George Martin, produtor musical dos Beatles), com o grupo passando a focar no pop-rock mais comercial, o que os levou a alcançar sucesso de vendas ao custo de perderam apoio dos críticos, a partir do álbum THE JOKER (1973), com vários singles atingindo os primeiros postos. É o caso de THE JOKER, FLY LIKE AN EAGLE e ABRACADABRA, este último do álbum homônimo (1982), seu último grande êxito.

 

254) QUIET RIOT – METAL HEALTH

A banda americana tornou-se relevante por 2 razões: 1) foi fundada pelo lendário guitarrista Randy Rhoads, o qual se tornou reverenciado por sua posterior parceria com Ozzy Osbourne. 2) foi a 1ª a atingir a liderança da Billboard com um álbum de heavy metal, METAL HEALTH de 1983 (já sem a presença de Rhoads que morrera num desastre aéreo aos 25 anos), puxado pela faixa-tema e pelo cover de CUM ON FEEL THE NOIZE do Slade, até então pouco conhecido nos EUA. A trajetória do grupo foi bastante irregular. Após 2 álbuns iniciais lançados apenas no Japão, alcançaram com METAL HEALTH enorme sucesso nos EUA, mas quase nada no exterior. CONDITION CRITICAL (1984), a seguir, foi pior na América, mas teve algum êxito fora. A partir daí, o QR entrou em acentuado declínio, até ser dissolvido em 1989. Voltando às atividades anos depois, não conseguiu reviver os tempos áureos.

 

255) TURTLES – HAPPY TOGETHER

Essa canção, um dos maiores hits dos anos 60, catapultou para a fama essa banda californiana que parecia apenas mais uma das de surf rock a se contrapor à ‘invasão britânica’ liderada pelos Beatles. Batizaram a banda como Tyrtles, inspirados por seus ídolos Byrds, (com o ‘y’ intruso) e como eles, destacaram-se com uma composição de Bob Dylan. O pulo do gato veio com o single HAPPY TOGETHER que alcançou sucesso arrasador, precedendo o LP homônimo em que foi incluída (1967). A música, uma das mais executadas de todos os tempos nas rádios norte-americanas, mostrou-se atemporal, aparecendo frequentemente em filmes, séries e comerciais de TV. Após a dissolução da banda, os antigos integrantes permaneceram em atividade, colaborando com astros como Frank Zappa, Jefferson Airplane, CSN&Y, Nilsson e The Monkees.

 

256) FLAMING LIPS – RACE FOR THE PRIZE

A banda psicodélica, provinda da pequena Oklahoma, parecia ter uma vocação para permanecer no restrito nicho universitário/alternativo/indie. Até que após vários anos vinculados a uma gravadora independente, assinaram com a Warner que lhes deu suporte técnico e financeiro para bancar suas estrepolias sonoras. SOFT BULLETIN (1999), escolhido o álbum do ano pela NME, que o colocou no mesmo nível do célebre PET SOUNDS, a obra-prima dos Beach Boys, devido a seus arranjos orquestrais esmerados com destaque para RACE FOR THE PRIZE, faixa de abertura. Em 2002, viriam a lançar um outro álbum igualmente aclamado, YOSHIMI BATLES THE PINK ROBOTS.

 

257) MOTT THE HOOPLE – ALL THE YOUNG DUDES

A banda britânica, comandada pelo vocalista e instrumentista Ian Hunter, com uma mistura de folk dylanesco e progressivo, estava fadada a ter breve existência pois, apesar do público fiel e shows concorridos, as vendas de seus 4 álbuns (de 1969 a 1971) foram decepcionantes, o que os levou à decisão de encerrar as atividades. Até que a intervenção de um ardoroso fã, um tal de David Bowie, reverteu a situação. Ao saber das intenções do grupo, o Camaleão prontificou-se a produzir seu próximo álbum, participar no sax e nos vocais de apoio e ainda oferecer sua composição ALL THE YOUNG DUDES, que deu nome ao álbum (1972), vindo a se tornar o grande sucesso do grupo. Os 3 álbuns seguintes, (1973/74) consolidaram a boa fase. Todavia, conflitos internos acabaram por dissolver o grupo.

 

258) WHITE STRIPES – HELLO OPERATOR

Assim como aos Strokes, cabe aos White Stripes o mérito de redimir o rock em meio à crise do ritmo nesse início de século. No caso dessa banda de Detroit, inspirada no Led Zeppelin, revitalizou o blues, abrindo espaço para standards do gênero no álbum de estreia de 1999. A ‘banda’ na verdade é o casal White (que aliás, se divorciou em plena fase de sucesso): Jack nas guitarras, teclado e vocalização e Meg na bateria e vocais adicionais. Além do minimalismo da instrumentação onde não há sequer espaço para um baixo, outra característica do duo é a estética das capas calcada no uso do vermelho, branco e preto.  Os álbuns lançados a partir de 2001 são os mais conhecidos, em especial ELEPHANT (2003), o de maior êxito. HELLO OPERATOR é faixa do 2º álbum, DE STIJL (2000), nome inspirado no movimento artístico holandês do começo do século XX.

 

259) SPENCER DAVIS GROUP – I’M A MAN

Apesar dessa banda britânica de rock e R&B ser comandada pelo guitarrista Spencer Davis, o nome de maior projeção foi o do guitarrista, tecladista e vocalista Steve Winwood que viria integrar 2 bandas históricas, o Traffic e o Blind Faith, antes de se aventurar em carreira solo. Foi recrutado quando tinha apenas 14 anos, junto com o irmão Muff, e acabou se projetando por sua voz ‘de negro’. O grupo foi representante da ‘invasão britânica’ dos anos 60, liderada por Beatles e Stones. Tiveram maior sucesso com singles, conseguindo emplacar 3 entre os mais vendidos, todos com Steve como vocalista, KEEP ON RUNNING, GIMME SOME LOVIN’ e I’M A MAN, este presente na coletânea homônima (1967), lançada apenas na América. I’M A MAN voltou à baila, ao ser regravada pelo grupo Chicago em seu álbum de estreia (1969).

 

260) BELLE & SEBASTIAN – EXPECTATIONS

Um grupo de amigos ligados em música reuniu algumas demos para um disco. Nascia essa banda escocesa com nome extraído de um romance francês. As mil cópias em vinil do álbum evaporarem, chegando a ser comercializadas por uma fortuna, antes da reedição. A maior parte de sua obra é do século XXI, porém a nata provém da 2ª metade dos 90’s, quando tiveram 4 álbuns e 4 EP’s lançados (inclusive no Brasil, pela gravadora Trama), sempre embalados em capas monocromáticas. Receberam propostas das majors, mas preferiram manter-se no circuito independente, até desaguar na Rough Trade. Inspirando-se em artistas como The Smiths e Nick Drake, suas canções melancólicas eivadas de lirismo abordam dramas existenciais. Do disco inicial, TIGERMILK (1996), EXPECTATIONS integrou a trilha do filme Juno. 






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