quinta-feira, 25 de junho de 2020

OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (1a PARTE)


O presente trabalho é resultado de exaustivo levantamento com objetivo foi selecionar as canções que se tornaram os símbolos do gênero musical que dominou o século XX e fizeram a cabeça de gerações de roqueiros.

Não se trata de “mais uma” lista de melhores como as centenas encontradas na internet.

A finalidade aqui foi fazer uma compilação das músicas que tiveram maior importância dentro do rock, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Diferentemente de relações de sites e revistas especializados, elaboradas por críticos musicais, a presente lista priorizou a opinião do público roqueiro, deixando de lado preferências pessoais.

Dois critérios foram estabelecidos:

1)   Apenas canções do período de 1963 (lançamento do primeiro álbum dos Beatles) a 2000. Com isso, ficam sacrificadas canções recentes e mais antigas (Elvis, Chuck Berry etc.) que mereceriam um tópico sobre a raiz do rock’n’roll.

2)  Cada intérprete terá direito a apenas uma canção.

  

1.    LED ZEPPELIN – STAIRWAY TO HEAVEN

A presente lista pode gerar muitas divergências e discussões. Poucos discordarão todavia que STAIRWAY TO HEAVEN é a maior e mais representativa canção da história do rock. Lançada no 4º e mais vendido álbum do grupo britânico em 1971 (conhecido com LED IV), é, até hoje presença obrigatória nas rádios roqueiras que se prezam. O êxito radiofônico ocorreu a despeito dos 8 minutos de duração, sem jamais ter sido lançada em single. Os suaves e comoventes acordes iniciais de violão seguidos de flautas renascentistas não fazem supor o êxtase que aguarda o ouvinte nos 8 minutos que se seguem. A música vai aos poucos crescendo (como uma escada para o céu), passando por uma fase intermediária para desaguar num arrebatador solo de guitarra de Jimmy Page e nos gritos lancinantes de Robert Plant (os autores) para retomar, ao final, o clima intimista da abertura com um derradeiro e quase inaudível sussurro. Obra prima absoluta.
 
 2.    BEATLES – A DAY IN THE LIFE
A mais polêmica da lista. Em primeiro lugar, por ter tido pequena acolhida popular. Em segundo, por fazer alusão ao uso de drogas que lhe valeu banimento em algumas rádios. Muitos preferiam que o maior grupo da história viesse representado por músicas menos indigestas como HEY JUDE, YESTERDAY ou SOMETHING. Além disso, tecnicamente, fica difícil categorizar A DAY IN THE LIFE (do álbum SGT. PEPPERS... de 1967, o melhor de todos os tempos segundo a revista Rolling Stone) da dupla Lennon/McCartney como um rock propriamente dito.  Parece mais uma peça sinfônica vanguardista. Ao invés de guitarra, baixo e bateria, uma orquestra de 40 músicos com um piano em primeiro plano. E um final retumbante com um acorde de 40 segundos que se presta para conter a estupefação. Para se chegar ao resultado final, essa faixa de 5 minutos exigiu dias de preparação. Pela performance majestosa, pela temática insólita, pela estética revolucionária, A DAY IN THE LIFE é a música mais genial do século XX.
 
 3.    PINK FLOYD – COMFORTABLY NUMB
O êxito prolongado desse conjunto progressivo inglês é surpreendente. O esperado era que se tornasse um grupo obscuro e efêmero destinado a agradar a uma trupe reduzida de junkies, admiradores das estrepolias sonoras pouco convencionais do rock psicodélico, com faixas quilométricas, orquestrações esmeradas e arranjos pirantes. Quem nasceu no século XXI, sob o signo da cultura de massas imbecilizante e descartável, talvez estranhe, mas, (acredite!) houve um tempo que esmero e criatividade eram artigos valorizados no mercado. Escolher uma canção representativa em meio a seus trabalhos hipnotizantes não é fácil. CONFORTABLY NUMB, a faixa mais comprida do álbum duplo conceitual THE WALL de 1979 (transposto para o cinema por Alan Parker), não deve desagradar nenhum fã. O solo final é arrepiante especialmente nas apresentações ao vivo em que David Gilmour dá uma preciosa esticada.
 
 4.    ROLLING STONES – SYMPATHY FOR THE DEVIL
O conjunto mais longevo do rock permaneceu na ativa por mais de 60 anos com uma coleção infindável de rocks e o título inquestionável de vice-campeões. Ao invés de Lennon/McCartney, é a dupla Jagger/Richards que segura a maioria dos hits. Apesar disso, o quarteto jamais foi afetado pela explosão dos rapazes de Liverpool. Preservaram sua personalidade além de jamais terem se rendido às demandas de mercado, tanto que sua importância não foi traduzida em expressivas vendas. Ainda assim ou talvez por isso mesmo, não é tarefa fácil escolher uma digna representante do grupo. SATISFACTION teria sido a escolha óbvia, mas SYMPATHY FOR THE DEVIL do álbum BEGGAR´S BANQUET (1968) é menos convencional mas igualmente eloquente. Segundo alguns, a ideia da música que valeu uma acusação de satanismo, teria surgido numa visita de Mick Jagger a um templo de candomblé na Bahia, daí sua percussão própria de um samba.  Duvido.
 

5.    DEEP PURPLE – SMOKE ON THE WATER
Essa é a canção que traz em sua abertura o manjadíssimo riff de guitarra tocado por Ritchie Blackmore, uma sequência básica de poucas notas executável por qualquer guitarrista iniciante (que, dizem as más línguas, ser plágio de uma composição do bossa-novista Carlos Lyra), inegavelmente o mais popular da história do rock. Faz parte do álbum MACHINE HEAD (1972), o mais bem sucedido comercialmente do grupo britânico de hard rock, gravado no apogeu de sua carreira e com sua formação clássica (Blackmore, Gillan, Glover, Lord, Paice). A faixa narra um incidente verídico envolvendo um incêndio à beira de um lago em Montreux na Suíça, num hotel onde o disco foi gravado. O estrondoso sucesso da canção, que ironicamente quase ficou de fora do álbum, só sendo incluída na última hora, surpreendeu até os membros da banda.
 
 6.    QUEEN – WE WILL ROCK
Surgido na mesma época em que explodia o punk rock, o Queen serviu-lhe de contraponto, com uma linha mais pop e melódica. Talvez por essa razão, embora detenha uma legião invejável de fãs, não costuma ser lembrado pelos críticos para o top dos grupos de rock, arrebanhando um público mais eclético. A maioria desses fãs certamente preferia ver nessa lista BOHEMIAN RHAPSODY, WE ARE THE CHAMPION ou mesmo a sentimental LOVE OF MY LIFE. Em se tratando de uma seleção de rock, WE WILL ROCK YOU do álbum NEWS OF THE WORLD (1977) seria uma representante mais autêntica. Uma canção curta e crua mas poderosa sem qualquer instrumentação, turbinada apenas com bateria e palmas, a voz de Freddie Mercury e uma letra incendiária. Até que nos 30 segundos finais, Brian May solta um solo demolidor de guitarra, encerrando com chave de ouro.
 

7. GUNS N´ ROSES – SWEET CHILD O’ MINE
O debut álbum do GNR, APPETITE FOR DESTRUCTION (1987) traz megassucessos como WELCOME TO THE JUNGLE e PARADISE CITY, tendo alcançado êxito comercial sem precedentes. Porém, o inconfundível riff de abertura e o hipnotizante solo de guitarra de Slash não deixariam dúvidas: SWEET CHILD O’ MINE era a que estava predestinada a arrebentar. A temática singela (a música inspirou até um livro infantil patrocinado pelo grupo) irritava o guitarrista: “GNR sempre foi hard rock, com atitude. Quando fazíamos baladas eram de blues. Esta era uma das coisas mais gays que você pode compor”, disse. Mas ao fim, rendeu-se aos louros do triunfo: essa foi a canção que rendeu maior retorno financeiro ao grupo californiano. Hoje, os bilhões de visualizações no youtube, carimbam o ingresso do Guns no rol dos maiores grupos de rock de todos os tempos.
 
 8.    AC/DC – BACK IN BLACK
Além de animais exóticos, o continente australiano produz rock de qualidade. Nomes de primeira linha como Men at Work, Midnight Oil, INXS e Nick Cave provieram da Oceania. Certamente, nenhum atingiu a fama do grupo fundado pelos irmãos Young, sobretudo na América, onde seus álbuns alcançaram vendas estratosféricas e confirmaram a banda como uma das mais importantes na área de hard rock. Não tem aspirações de criatividade ou invencionices. O lance do AC/DC é fazer rock básico. Com BACK IN BLACK (1980), um dos discos mais vendidos da história, puxado pela música homônima, atingiu o cume. O álbum (que estampa os dizeres de identificação sobre um fundo preto) representou uma homenagem ao vocalista Bon Scott, falecido alguns meses antes do lançamento, mas também um manifesto de superação. “Esqueça o carro fúnebre pois eu nunca morrerei” diz a letra. De fato, o riff de abertura tem a capacidade de erguer cadáveres do caixão. 
 
 9.    BOB DYLAN – LIKE A ROLLING STONE
Bob Dylan é muito mais do que um ícone da música pop, é uma lenda reverenciada por grupos dos mais variadas estirpes. Dos Rolling Stones (cujo nome, assim como a canção, inspirou-se no blues ROLLING STONE de Muddy Waters) aos Guns n´Roses (cujo cover de KNOCKIN’ ON HEAVEN´S DOOR está entre seus maiores hits). Não bastasse tanta badalação, o artista folk ainda faturou o Nobel de Literatura, quebrando as regras da premiação que não tem o hábito de laurear artistas provindos do meio musical. Essa deferência não ocorreu à toa já que Mr. Zimmermann é um dos raros nomes de relevância do rock em que as letras têm peso equivalente ao das músicas. A sarcástica LIKE A ROLLING STONE, carro-chefe do álbum HIGHWAY 61 REVISITED (1965), aparece em primeiro lugar na lista da Revista Rolling Stone (olha o nome de novo) como a maior canção de todos os tempos. 
 
 10.  JETHRO TULL – AQUALUNG
Ainda que jamais tenha sido lançada em single, essa música fez enorme sucesso alavancando as vendas do álbum de mesmo nome de 1971, o mais bem sucedido da carreira do grupo comandado pelo flautista/vocalista Ian Anderson. Não obstante seus 6:30 minutos de duração, é campeã de execuções nas rádios especializadas em rock. O arrebatador riff de guitarra nos prepara para um petardo sonoro, mas o que se segue é uma canção melódica e pungente sobre um velho sem teto largado à própria sorte nas soturnas ruas londrinas, figura retratada na capa do álbum. Nos anos seguintes, a banda inglesa emplacaria mais duas obras primas, THICK AS A BRICK e A PASSION PLAY que fixariam o grupo como um dos mais importantes no universo do rock progressivo.
 
 11.THE WHO – MY GENERATION
Assim como acontece como os gigantes Beatles e Rolling Stones (ao lado dos quais, poderia figurar), escolher uma música representativa dessa banda inglesa é tarefa ingrata. Ainda mais se considerarmos que seus dois mais ambiciosos trabalhos foram as óperas rock TOMMY e QUADROPHENIA das quais seria sacrilégio extirpar uma faixa. Uma representante à altura é MY GENERATION de Pete Townsend do homônimo álbum de estreia, de 1965 (que traz a formação clássica do grupo, a qual perduraria por 13 anos), que se tornou um hino emblemático e serviu como porta-voz de uma geração rebelde (‘mod’) que “esperava morrer antes de envelhecer”, conforme reza a letra. A canção pressagiou com sua ideologia e estética rude o surgimento do movimento punk.
 
12.JIMI HENDRIX EXPERIENCE – HEY JOE
Foi uma banal composição de um obscuro cantor folk, um tal de Billy Roberts, que revelou para o mundo aquele que é unanimemente considerado o maior guitarrista de todos os tempos. A música que trata, em forma de diálogo, do drama de um homem que mata a tiros sua esposa e quer fugir para o México, teve centenas de gravações de artistas de várias épocas e tendências: Cher, Santa Esmeralda, Wilson Pickett, Frank Zappa, Patty Smith, Robert Plant, Deep Purple, Offspring, Nick Cave, Charlotte Gainsbourg, Brad Mehldau e até Zé Geraldo e O Rappa. Mas é de Hendrix a versão definitiva. Foi lançada através de um single de 1966 com a banda Jimi Hendrix Experience. No início emplacou apenas no Reino Unido, mas sua memorável execução do Monterey Pop Festival e em Woodstock turbinou sua trajetória, passando a ser sua música mais conhecida.
 
 13.IRON MAIDEN – THE NUMBER OF THE BEAST
Desde seu surgimento, em parte devido à sua insubmissão e rebeldia, o rock foi acusado de ter ligação com o satanismo. Polêmicas à parte, o fato é que alguns grupos, especialmente de heavy metal, tornam essa associação bastante explícita. THE NUMBER OF THE BEAST, uma das mais famosas canções do Iron Maiden, contida no álbum do mesmo nome, é uma das que flerta com o tema.  Com esse disco (que marca a estreia do vocalista Bruce Dickinson, em substituição a Paul Di’Anno), o grupo britânico consagrou-se como expoente no gênero. Inspirada na enredo do filme “Damien, Omen II” (“A Profecia II”) e iniciada com uma frase bíblica do Apocalipse (que seria proferida pelo ator Vincent Price, substituído por um locutor de rádio), a sinistra peça relata a vinda do diabo à Terra, identificado pelo número 666.
 
 14.DAVID BOWIE – HEROES
Composta e gravada em Berlim, HEROES narra o drama de dois amantes (‘heróis’) que, no período da ‘guerra fria’, residiam em lados opostos do muro que dividia a metrópole. Presente no álbum homônimo (1977), o segundo da chamada “trilogia de Berlim” (que inclui LODGER e LOW, com uma sonoridade ambiente e eletrônica) no período em que Bowie fixou moradia na cidade. A música foi composta em parceria com Brian Eno (que, aliás, participou ativamente dos 3 álbuns) e traz na guitarra ninguém menos que Robert Fripp do King Crimson. Todas essas qualificações, embora saudadas pela crítica, não se traduziram em sucesso comercial, tanto que o single da canção teve baixa repercussão. Curiosamente, com o tempo, acabou se agigantando a ponto de tornar-se, ao lado de REBEL, REBEL e STARMAN, uma das mais conhecidas do ‘Camaleão do Rock’.
 
 15.YES – ROUNDABOUT
Essa pérola marcou os tempos áureos da banda britânica de rock progressivo, com sua formação mais primorosa (Anderson, Howe, Squire, Wakeman e Brufford), em que se sobressai o órgão do recém empossado Rick Wakeman e o violão cortante de Steve Howe com uma abertura para escutar de joelhos. Foi por muito tempo o maior sucesso comercial do grupo (só viria a ser suplantado bem mais tarde por OWNER OF A LONELY HEART). A música com uma letra “viajandona” alcançou sucesso nas paradas, editada para tocar no rádio em uma versão de 3 minutos. Esqueça. Vá direto à íntegra de 8 minutos como saiu no álbum FRAGILE de 1971. No ano seguinte, com essa mesma formação, o Yes lançou CLOSE TO THE EDGE em que se sobressai a canção com o mesmo nome, um épico de 19 minutos, considerada uma das mais representativas obras do rock progressivo.
 
 16.U2 – WITH OR WITHOUT YOU
Maior representante da fase de renascimento do rock ocorrido nos 80s, na esteira do punk e do new wave, o grupo irlandês coleciona tantas músicas cativantes, distribuídas em todos os seus álbuns, que é tarefa ingrata indicar uma única representante digna. Mas certamente WITH OR WITHOUT YOU deve pacificar todas as correntes num consenso. Iniciando-se numa marcha lenta, vai num crescendo envolvente, sob a batuta da genial produção de Brian Eno. Uma canção romântica em que a letra de Bono e sua magistral interpretação vocal expressam os vaivéns de um relacionamento incerto. Integra o badalado THE JOSHUA TREE (1987), o álbum mais bem sucedido do U2 tanto por parte da crítica como do público.
 
17. ERIC CLAPTON – LAYLA
LAYLA, por justiça, deveria ser creditada ao grupo Derek and the Dominos. Mas quem foi a alma do Derek senão Eric Clapton? Assim como ocorrera antes com os Yardbirds, Cream, e Blind Faith sem contar os Bluesbrakers de John Mayall, grupos lendários que contaram com a participação do mestre. Até que ‘Slowhand’ (como era apelidado) engrenou sua carreira solo, dedicando-se ao ritmo com que mais se afina, o blues. Pois é, o exímio guitarrista inglês e branco, destacou-se tocando um ritmo essencialmente negro provindo da América. E o fez como poucos a ponto de fazer jus ao bordão “Eric is God”. LAYLA foi lançada no único álbum de estúdio do Derek de 1970 e contou com a participação do lendário Duane Allman. A canção de temática romântica, sobre um amor não correspondido, não teve, a princípio, grande repercussão. Mas veio agigantando-se até se firmar como um dos marcos do rock, graças a seu inconfundível riff (irreconhecível na versão acústica do álbum UNPLUGGED).
 
 
18.  BLACK SABBATH – PARANOID
PARANOID ganhou no olho mecânico de IRON MAN, sua faixa companheira do álbum do Sabbath de 1970, não à toa eleito o melhor disco de heavy metal da história pela revista Rolling Stone (numa época em que sequer havia referência a esse gênero musical). Segundo relata o baixista Geezer Butler, a música nem era para constar do álbum. Como ficou uma lacuna de uns 3 minutos, reaproveitaram essa antiga composição, o guitarrista Tommy Iommi adaptou um riff e Ozzy Osbourne interpretou, lendo os versos que não memorizara, tudo improvisado na última hora. O álbum era para ter o título de WAR PIGS (outra faixa conhecidíssima), mas a gravadora vetou. PARANOID acabou nomeando o álbum (apesar de o termo não ser especificamente mencionado na letra). Mesmo com tantos percalços, tornou-se a mais conhecida do grupo britânico.

 
19. DOORS – LIGHT MY FIRE
Essa música tornou-se um autêntico standard, recebendo inúmeras interpretações: Etta James, Shirley Bassey, Nancy Sinatra, Al Green, Stevie Wonder, UB-40, as brasileiras Astrud Gilberto e Maysa, o trip hop de Massive Attack e Cibo Matto, heterodoxias instrumentais com Ananda Shankar (cítara) e Friedrich Gulda (piano) são algumas versões. No Brasil, tornou-se conhecida na voz do porto-riquenho José Feliciano. A gravação original dos Doors com 7 minutos de duração está presente em seu 1º e mais badalado álbum (1967). A contragosto, o grupo aceitou cortar as longas improvisações instrumentais para editar um single. Comercialmente, valeu a pena pois ajudou a fazer dela um super-hit. O carismático e impetuoso Jim Morrison, líder e vocalista da banda, morreu precocemente, o que abreviou a dissolução do grupo que se tornou lendário. Seus discos são até hoje disputadíssimos.
 
20.  DIRE STRAITS – SULTANS OF SWING

O Dire Straits surgiu no final dos anos 70, por um lado para resgatar o espírito primitivo do rock (excessivamente glamourizado com obras super-produzidas) e por outro para se contrapor ao radicalismo do punk rock. Já no disco de estreia (1978) vieram com essa joia ironizando uma banda sofrível de jazz que se autointitulava “sultões do swing”. Sete anos após, o grupo inglês viria a lançar seu álbum mais ilustre, recheado de hits, BROTHERS IN ARMS que estourou no mundo todo, tornando-se o mais vendido da história no Reino Unido. Porém a magia de SULTANS OF SWING jamais foi superada. O álbum duplo ao vivo ALCHEMY (1984) traz uma versão estendida de quase 11 minutos (o dobro do tempo da original). Fique com a versão ao vivo em que a guitarra de Mark Knopfler estraçalha.

 
 




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 Confira 2a parte:




 Confira 3a parte:

terça-feira, 9 de junho de 2020

RETRATO SEM RETOQUE DE UM BOLSONARISTA



Não é difícil identificar os apoiadores de Bolsonaro. Eles são muitos. Já foram mais, é verdade. Parte deles teve o bom senso de reconhecer a cagada. Outros estão a caminho de fazê-lo.  Mas um núcleo de uns 20% segue fiel ao ‘Mito’ até a morte (de um dos dois).
São esses que desfilam com seus carrões em frente ao Palácio do Planalto e na avenida Paulista conclamando os mais pobres a saírem do isolamento e exortando-os a trocar a geladeira vazia pela câmara mortuária.
Os homens, brancos, de meia idade, cabelos e barba aparados, bem nutridos. Dentre eles, muitos empresários e policiais, nenhum estudante universitário. As mulheres, peruas, louras, trajam camisetas amarelas da seleção. Cristãs guerreiras, mantém na gaveta do criado mudo uma Bíblia e um 38. Se a palavra de Deus não converter o infiel, chumbo nele.  Favoráveis à pena de morte, sobretudo para enfermeiras, assistentes sociais e empregadas palpiteiras.
Tire da cabeça manter um diálogo racional com um desses espécimes. Acreditam que a Terra é plana e se você mostrar fotos tiradas de satélite, dirão que as imagens estão ‘redondamente’ enganadas: “Fake!” é seu mantra para exorcizar argumentações para as quais não têm resposta. Ou seja, todas.
Se apresentarmos estatísticas revelando a explosão de óbitos por coronavírus, alegarão, numa absoluta inversão da lógica, que a culpa é dos governadores que adotaram o isolamento. Dá para conversar com alguém assim, mantendo a sanidade?
Não cometa a injustiça de considerá-los malucos já que mesmo o pior dos loucos tem lampejos de sabedoria. Nem incorra no erro comum de considerá-los de extrema direita. São de extrema toupeirice.
Como jornais são escritos por comunistas, sua fonte de informação são os robôs do Carluxo. Um twitter de 2 linhas tem a extensão necessária e suficiente para fazê-lo compreender as complexidades da sociedade com a profundidade de um sermão de Silas Malafaia.
Como as redes sociais deram voz a toda sorte de energúmenos, o bolsonarista passou a discutir em pé de igualdade com um Nietzsche sobre as virtudes da cloroquina e as tendências esquerdistas do nazismo.
Do alto de sua sabedoria, o bolsonarista pode dizer que colocou alguém com sua estatura intelectual no poder. Um cara que recepciona importantes líderes internacionais de chinelos e com a camiseta do Palmeiras. Um autêntico representante do povo. E assim justifica orgulhoso por que colocou um jumento na presidência.
O argumento de que um sujeito com tal (falta de) qualificação não está preparado para um cargo de responsabilidade não cola. Para ele, não há grandes diferenças entre comandar uma nação e dirigir um puteiro.
Comete uma terrível injustiça em odiar o PT para quem tem uma dívida eterna. Se os governos petistas não tivessem sucateado a educação, as escolas jamais produziriam 58 milhões de eleitores de Bolsonaro. O ódio a FHC e à Globo, alianças com o Centrão e a recente aversão a Moro e à Lavajato são outras características herdadas de seu maior inimigo.
Ambos têm fixação pela ditadura militar embora com sentidos diversos. Enquanto o petista ainda não superou 1968, o bolsonarista não vê a hora de chegar lá. Falta muito já que ainda estão na Idade Média.
No entanto, sejamos justos. O petista, embora dogmático e de cabeça feita, consegue elaborar um raciocínio para sustentar suas ortodoxias programáticas. Ao contrário do bolsonarista que não consegue completar um argumento sem fundir seus três neurônios.
Ao menos temos de reconhecer que os bolsonaristas tiraram o país da lama. Para jogá-lo no esgoto.