terça-feira, 4 de agosto de 2020

OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (5ª PARTE)


Segue a última parte do levantamento dos principais rocks do século XX, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Vamos à conclusão da lista, por ordem crescente:

 


81) TEN YEARS AFTER – I´D LOVE TO CHANGE THE WORLD
Essa banda britânica foi uma das que brilharam no Festival de Woodstock, onde a guitarra de Alvin Lee incendiou a plateia na apresentação de I´M GOING HOME. Além dessa, há ao menos mais duas épicas canções que distinguiram o grupo: HEAR ME CALLING e I´D LOVE TO CHANGE... Essa última está no sexto álbum, A SPACE IN TIME (1971) e marca a inserção de temas acústicos ao som pesado da banda. A canção reflete a mudança com uma pegada folk, uma bela introdução de violão e uma letra de protesto hippie sobre a impossibilidade de mudar um mundo movido por insanidade, desigualdade e cobiça.

82) URIAH HEEP – THE MAGICIAN´S BIRTHDAY
Por suas virtudes musicais, esse conjunto merecia maior visibilidade. Seus admiradores colocam-no em pé de igualdade com bandas britânicas de elite como o Black Sabbath. Obteve discreto sucesso apenas na Europa e na Ásia. Embora seja comumente classificado como heavy metal ou hard rock, diferencia-se das bandas enquadradas nessas categorias por seu som melódico e elaborado. Os primeiros álbuns, mais apurados, têm elementos de rock progressivo e até jazz. THE MAGICIAN´S BIRTHDAY, presente no álbum homônimo (1972), é um exemplo. Uma rica odisseia musical de 10 minutos repleta de nuances e uma longa sessão instrumental.  

83) JEFF BECK– BECK´S BOLERO
Um orgasmo instrumental de menos de 3 minutos composto por Jimmy Page, companheiro de Jeff Beck dos tempos em que integravam o lendário Yardbirds (ao lado de Eric Clapton). As sessões de gravação contaram com Page e John Paul Jones (cuja união estabeleceria as bases para o Led Zeppelin), o baterista Keith Moon (do The Who) e Nicky Hopkins (o pianista mais requisitado do rock). A música ficou registrada em TRUTH (1968), álbum de estreia do Jeff Beck Group, que incluía Ronnie Wood (futuro membro dos Stones) e o iniciante vocalista Rod Stewart. O ‘Bolero’ do título deve-se à linha melódica estruturalmente semelhante à peça de Ravel, com um tema repetido ganhando força e inebriando o ouvinte.

84) FREE – ALL RIGHT NOW
Banda britânica de curta existência (1968/73), precursora do hard rock. Alcançou projeção no festival de Wight. Revelou dois músicos de destaque: o guitarrista Paul Kossoff (listado como um dos melhores pelas revistas especializadas), e o vocalista Paul Rodgers (que formaria o Bad Company), conhecido por unir-se em 2005 aos remanescentes do Queen com os quais gravou dois álbuns cobrindo a ausência de Freddie Mercury. O mega-hit ALL RIGHT NOW do álbum FIRE AND WATER (1970) alcançou sucesso mundial em single. Até nas turnês com o Queen, era incluída no repertório. O êxito da canção, um rock básico de estrutura trivial, surpreendeu até mesmo a banda.

85) GENTLE GIANT – KNOTS
Essa requintada banda criada pelos irmãos Shulman levou ao píncaro a essência que permeou o rock progressivo com álbuns conceituais e peças elaboradas. Os componentes, multiinstrumentistas com formação musical, alheios ao sucesso, tinham como proposta expandir as fronteiras do rock, bebendo em outras fontes: música medieval, contemporânea e jazz. As letras eram profundas e abstratas remetendo a autores como Rabelais e Camus. Gravaram 10 álbuns de estúdio, dos quais os 6 ou 7 primeiros são essenciais. OCTOPUS (1972) com capa do famoso Roger Dean é um dos mais badalados. A faixa KNOTS (baseada na obra do psiquiatra R D Laing) conta com um elaborado trabalho vocal/instrumental.

86) TRAFFIC  - DEAR MR. FANTASY
Clássico absoluto da psicodelia, a canção pertence ao álbum MR. FANTASY (1967) do Traffic que tem em sua formação o multiinstrumentista Steve Winwood (provindo do lendário Spencer Davis Group), o baterista Jim Capaldi, o guitarrista Dave Mason e Chris Wood na flauta e sax (inusuais no rock). O grupo notabilizou-se por incorporar instrumentos pouco ortodoxos como a cítara e o mellotron (que seria largamente usado por grupos de rock progressivo) e desenvolver improvisações jazzísticas em trabalhos posteriores. MR. FANTASY foi saudado como um dos grandes álbuns dos anos 60. Há uma hipnotizante versão estendida da faixa (com 11 minutos) no álbum ao vivo WELCOME TO THE CANTEEN.

87) GEORGE HARRISON – MY SWEET LORD
O ex-beatle teve uma posição secundária ante a prevalência da dupla Lennon/McCartney, ainda que criando obras primas como HERE COMES THE SUN, WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS, SOMETHING (a segunda mais executada do quarteto). Sua carreira solo começou antes do fim dos Beatles com dois álbuns instrumentais. O pulo do gato veio com ALL THINGS MUST PASS (1970), que mesmo sendo triplo, chegou ao topo das paradas. Teve como retaguarda um time para não deixar saudades dos antigos companheiros: Clapton, Frampton, Phil Collins, Billy Preston, Ginger Baker e Dylan (cuja composição IT’S NOT FOR YOU integra o disco). Outros hits foram WHAT IS LIFE e MY SWEET LORD, cujo single alcançou o primeiro lugar no mundo todo (inclusive no Brasil). “Lord” em questão refere-se a Krishna, deidade do hinduísmo, a que George se convertera.

88) IRON BUTTERFLY – IN-A-GADDA-DA-VIDA
Essa canção nomeou o álbum de 1968, que, com mais de 30 milhões de cópias, tornou-se o mais vendido dos EUA em 1969, graças basicamente à faixa-título. O estrondoso sucesso desafiou a lógica já que se trata de canção de 17 minutos, cuja execução nas rádios foi um fenômeno que rompeu o padrão de duração das de músicas veiculadas, inferior a 5 minutos. Foi editada em single, mas a versão integral era a exigida. Muito se especulou sobre o enigmático nome da faixa, talvez uma corruptela de “nos jardins do Éden”. Tornou-se um hino psicodélico, devido a suas características de realçar longas digressões instrumentais (puxadas por um riff marcante).

89) SLAYER – ANGEL OF DEATH
Pertencente à ala mais radical do thrash metal, a banda californiana manteve praticamente a formação original até a morte em 2013 do guitarrista e membro fundador Jeff Hanneman. As letras, tão agressivas quanto as músicas, abrangem temas associados à morte, à violência e ao satanismo. O álbum HELL AWAITS que apresenta a gravação invertida de uma voz demoníaca repetindo “join us” fez furor. No álbum seguinte, REIGN IN BLOOD (1986), um dos discos mais pesados da história, o grupo abriu mão dos arranjos elaborados, trazendo faixas rápidas e diretas com apelo punk. Esse disco contém as duas canções preferidas pelos fãs, a faixa-título e ANGEL OF DEATH que aborda os experimentos humanos perpetrados pelo médico nazista Josef Mengele.

90) ELECTRIC LIGHT ORCHESTRA – LIVIN’ THING
Liderada pelo vocalista e instrumentista Jeff Lynne, o ELO foi uma talentosa banda britânica dos anos 70/80. O grupo foi também bem sucedido nos EUA, onde emplacou 20 singles no Billboard, um recorde. Musicou o filme Xanadu com Olivia N John, sendo a trilha melhor sucedida do que a própria película. Dentre os sucessos, ROCK’N’ROLL IS KING, STRANGE MAGIC, EVIL WOMAN e MR. BLUE SKY que parece dos Beatles (de quem Lynne era fã, especialmente George com quem trabalhou). LIVIN´ THING, pertencente ao álbum A NEW WORLD RECORD (1976), tem estrutura insólita, começando com um belo solo de violino com influências espanholas, evoluindo para o rock.

91) T. REX – GET IT ON
Originalmente Tyrannosaurus Rex, a abreviação de nome foi acompanhada de mudança de estilo. A banda inglesa com som acústico próximo ao folk e à psicodelia, passou a incorporar a eletricidade e utilizar maquiagens e vestimentas chamativas, uma das pioneiras do glam rock. Essa mudança gerou bons frutos: o álbum ELECTRIC WARRIOR de 1971 foi o mais vendido do ano no Reino Unido, puxado por GET IT ON (Bang a Gong). As excentricidades foram promovidas pelo genial Marc Bolan (vocalista e guitarrista), influenciado por David Bowie, seu amigo. A carreira do T. Rex foi abortada pela precoce morte de Bolan aos 30 anos em acidente automobilístico.

92) MOODY BLUES – NIGHTS IN WHITE SATIN
Esse grupo surgiu desacreditado em 1964 com repertório de covers de R&B. A entrada do guitarrista John Lodge e do baixista/guitarrista Justin Hayward imprimiu uma virada decisiva, tornando-o um dos pioneiros do rock progressivo. O álbum DAYS OF FUTURE PASSED (1967) obteve enorme sucesso (2 anos na lista da Billboard!), puxado pela canção NIGHTS IN... (composta na juventude por Hayward quando sua namorada deu-lhe um lençol de cetim). Mais que isso, o álbum é considerado precursor do que viria a se constituir o “rock progressivo”, agregando ao gênero elementos orquestrais da música erudita. Sob o comando da dupla Lodge/Hayward, o MB permaneceu em evidência ao longo das décadas seguintes 

93) STEELY DAN – RIKKI DON´T LOSE THAT NUMBER
Essa sofisticada banda norte-americana que agrega elementos de jazz, funk e R&B está centrada nas figuras de Walter Becker, guitarrista/baixista e Donald Fagen, tecladista/vocalista (que desenvolveu também uma respeitável carreira solo). O álbum inicial já revelaria o hit DO IT AGAIN que, lançado em single (sem o solo instrumental) teve ótima receptividade. PRETZEL LOGIC (1974) traz outro êxito, RIKKI DON´T.... O sucesso comercial dessas canções mais simples oculta o potencial do grupo. A obra mais arrojada, AJA (1977), uma esmerada produção que contou com músicos de primeira (Wayne Shorter, Larry Carlton, Joe Sample. Lee Ritenour...), é frequentemente citada como um dos grandes álbuns de todos os tempos.

94) WHITESNAKE – HERE I GO AGAIN
Egresso do Deep Purple, David Coverdale fundou em 1978 o Whitesnake, de início com uma sonoridade semelhante ao antigo grupo, depois derivando para uma linha mais soft. Não obstante amealhar uma legião de fãs, o grupo teve trajetória irregular, com frequentes alterações na formação. Passaram por lá o guitarrista Steve Vai, os bateristas Cozy Powell, Aynsley Dunbar e Tommy Aldridge e os ex- Deep Purple Jon Lord (teclado) e Ian Paice (batera). O disco de maior êxito, de 1987 (identificado pelo ano ou como “Serpens Albus”), reúne os dois grandes hits: a balada romântica IS THIS LOVE (que invadiu as FM´s) e HERE I GO AGAIN, originalmente do álbum SAINTS & SINNERS, reciclada com novo arranjo e mudança letra.

95) CANNED HEAT – ON THE ROAD AGAIN
A banda americana com repertório centrado em blues (gravaram com John Lee Hooker o álbum HOOKER’N HEAT) ganhou projeção mundial com sua aparição nos mega-festivais Monterey e Woodstock, tornando-se uma das preferidas dos hippies. Duas de suas músicas (identificadas pela gaita de Alan Wilson e sua voz anasalada) tornaram-se emblemáticas: GOING UP THE COUNTRY (presente na trilha de Woodstock) e ON THE ROAD AGAIN, remake de um tema do bluesman Floyd Jones, integrando o álbum BOOGIE WITH CANNED HEAT (1968).

96) ZZ TOP – SHARP DRESSED MAN
Além de roupas e óculos pretos, o ZZ Top é indissociável das extensas barbas (portam o ‘acessório’ o guitarrista/vocalista Billy Gibbons e o baixista/vocalista Dusty Hill; o baterista Frank Beard tem barba só no nome). Recusaram uma oferta milionária da Gillette para cortá-las para uma peça publicitária. O fato é que o ZZ Top não está nem aí. Avesso a modismos, o negócio do trio texano é fazer blues-rock de raiz com competência, sem precisar botar as barbas de molho. Com esse repertório, letras irônicas condizentes com sua feição e a mesma formação desde 1969, venderam mais de 50 milhões de discos, a metade nos EUA. A canção SHARP... do álbum ELIMINATOR (1983), é uma das preferidas.

97) MAMAS & PAPAS – CALIFORNIA DREAMIN’
Não obstante as intrigas amorosas e os desentendimentos internos, o grupo folk liderado pelo guitarrista John Phillips destacou-se como um dos ícones da contracultura. John foi idealizador do inolvidável Monterey Pop Festival e autor do super-hit SAN FRANCISCO (imortalizado pelo ex-parceiro musical, Scott McKenzie). Além, é claro, de ter composto os maiores hits dos M&P, MONDAY MONDAY, I SAW HER AGAIN e CALIFORNIA DREAMIN’, esta em parceria com sua bela mulher, Michelle, pivô das referidas desavenças. A canção integra o primeiro e mais conhecido álbum do grupo, IF YOU CAN BELIEVE YOUR EYES AND EARS (1966) que traz na capa os 4 vocalistas numa banheira. A outra mulher é ‘Mama’ Cass que popularizou o clássico DREAM A LITTLE DREAM OF ME.

98) SIOUXSIE & BANSHEES – CITIES IN DUST
A cantora Siouxsie Sioux (Susan J Ballion), a versão feminina de Robert Smith do Cure, foi vocalista e figura central dos Banshees, banda precursora do pós punk, vindo a se tornar uma das preferidas dos góticos. Siouxsie simultaneamente criou ao lado de Budgie (baterista dos Banshees e seu futuro marido) um projeto paralelo, o duo The Creatures com uma sonoridade mais ousada e experimental. CITIES IN DUST, presente no álbum TINDERBOX (1986), cuja temática é a destruição da cidade de Pompeia, foi o maior êxito dos Banshees. Representou uma guinada com o grupo adquirindo uma sonoridade mais pop, eletrônica e dançante. Siouxsie ainda lançaria um disco solo, o último de sua carreira.

99) BLIND FAITH – CAN´T FIND MY WAY HOME
Esse supergrupo britânico teve trajetória meteórica, durando apenas um ano, porém causando furor, pois três dos quatro integrantes eram figuras de proa: Eric Clapton e Ginger Baker, provindos do Cream, e Steve Winwood, do Traffic. Não chegaram a consolidar uma carreira, tanto que as canções mais requisitadas nas apresentações eram dos grupos de origem. Seu único álbum (de 1969) produziu estardalhaço menos pelo repertório do que pela polêmica capa que traz uma garotinha de seios nus segurando um avião (símbolo fálico?). Nos EUA, foi substituída por uma foto dos membros (não fálicos). Ao menos, geraram CAN’T FIND..., uma bela canção de Winwood. 

100) STRAY CATS – ROCK THIS TOWN
O guitarrista, cantor e compositor Brian Setzer chegou ao estrelato revivendo estilos musicais que deixaram saudades. Nos 80’s, como líder dos Stray Cats, sua referência era o rockabilly, subgênero do rock’n’roll dos anos 50, praticado por Eddie Cochran e Buddy Holly. Nos anos 90, com a Brian Setzer Orchestra, reviveu a magia das big bands e o swing, variante do jazz, popular nos anos 50. Puxado pelo hit ROCK THIS TOWN, os Stray Cats atingiram o máximo de sua popularidade com BUILT FOR SPEED de 1982, seu terceiro álbum, praticamente uma coletânea dos trabalhos anteriores (que obtiveram repercussão só na Inglaterra, apesar de o grupo ser americano).


  

2 comentários:

Calcenoni disse...

Gostava de quase todos. Alguns não conhecia.

Unknown disse...

Parabéns pelo texto e pelas informações nele contidas. Vou passar uns 3 dias ouvindo a seleção musical