sexta-feira, 17 de julho de 2020

OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (3ª PARTE)


Segue a continuação do levantamento dos principais rocks do século XX, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Vamos à 3ª parte da lista, por ordem crescente:



41) RAMONES – BLITZKRIEG BOP
O propósito dos Ramones era resgatar a garra que o rock vinha perdendo ao longo dos anos 70. Sua conduta radical com faixas curtas, vigorosas e instrumentação básica acabou conferindo-lhes a fama de precursores do punk rock. Apesar de não serem propriamente grandes vendedores de discos, tornaram-se referência. Chegaram a ser indicados pela revista Spin como o 2º maior grupo de rock da história, apenas atrás dos Beatles. Os membros que passavam pela banda (Joey, Dee Dee, Marky...) adotavam o sobrenome Ramone agregado ao respectivo pseudônimo, ao que se supunha terem vínculos parentais. BLITZKRIEG BOP foi o primeiro single da banda nova-iorquina, sendo também a faixa de abertura do álbum de estreia (1976). É um petardo sonoro de apenas 2 minutos que contém o grito de guerra do grupo: “Hey Ho Let´s Go”

42) LOU REED – WALK ON THE WILD SIDE
Lou Reed teve dupla importância para o rock: como líder da icônica banda Velvet Underground (1967/1970) e depois em sua carreira individual. O primeiro álbum após deixar o VU não teve boa repercussão, ao contrário do seguinte, TRANSFORMER (1972), que, sob a produção de David Bowie, foi muito bem recebido. Após isso, Reed lançaria mais duas obras primas: o arrojado BERLIN e o pulsante ROCK´N’ROLL ANIMAL (ao vivo) não mais conseguindo reeditar trabalhos de impacto até sua morte. WALK ON THE WILD SIDE e PERFECT DAY, suas músicas mais célebres, saíram no mesmo single, vindo a integrar TRANSFORMER que ainda contém VICIOUS e SATTELITE OF LOVE, outras faixas conhecidas. WALK ON... tem uma letra atrevida, induzindo à aventura pelo “lado selvagem” para aproveitar a vida. Supôs-se ser um convite ao uso de drogas ou novas experiências sexuais (Lou Reed era bissexual), o que lhe valeu o banimento de diversas rádios.

43) SCORPIONS – ROCK YOU LIKE A HURRICANE
Esse dinossauro do rock, 55 anos de estrada, que alterna rock pesado e baladas grudentas conquistou a consagração definitiva com o álbum LOVE AT A FIRST THING (1984). O disco contém dois dos três mega-sucessos da banda germânica: a romântica STILL LOVING YOU que invadiu a programação das FMs e ROCK YOU LIKE A HURRICANE, com sua forte conotação sexual (“Meu corpo está ardendo... o desejo está vindo, ele arrebenta estrondosamente...o lobo está faminto... está lambendo os beiços”. E por aí vai)   A terceira é WIND OF CHANGE, sobre os ventos da mudança por que passava a Alemanha após a queda do muro de Berlim. A compilação BEST OF ROCKERS´N’ BALLADS de 1989 com excepcional desempenho comercial reúne os três hits.

44) ALLMAN BROTHERS – JESSICA
Essa lendária banda americana é a maior representante do Southern Rock. Seus três primeiros álbuns (o último dos quais, AT FILLMORE EAST, um dos discos ao vivo mais cultuados do rock) contaram com a participação do exímio guitarrista Duane Allman, falecido em 1971 num acidente de moto. Ladeado por Dickey Betts (que assumiu a guitarra principal), Gregg Allman tocou a banda que mesmo sem a presença do idolatrado irmão (e do baixista Berry Oakley também vitimado em acidente de moto), viria a lançar BROTHERS AND SISTERS (1973) que, além de se tornar o álbum mais vendido, reúne os temas mais conhecidos: RAMBLIN’ MAN e JESSICA. Essa última, totalmente instrumental, uma homenagem ao guitarrista de jazz Django Reinhardt, foi dedicada por Dickey à sua filha Jessica.

45) RUSH – TOM SAWYER
Há uma irresolvida controvérsia se o Rush é uma banda progressiva. Embora seja melhor categorizado como hard rock, difere-se por seus arranjos elaborados e por ter álbuns conceituais como o CARESS OF STEEL e 2112, que abrigam suítes de 20 minutos de duração. Polêmicas á parte, o fato é que o grupo canadense cativou uma invejável legião de admiradores. TOM SAWYER do álbum MOVING PICTURES (1981) destaca-se como sua faixa mais conhecida. Trecho da música foi até adotado na abertura do seriado “McGyver, Profissão Perigo” exibido pela Globo. A canção transpõe para os tempos modernos o personagem infantil de Mark Twain, bastante popular na América do Norte.

46) CLASH – LONDON CALLING
Mesmo sem abrir mão de sua atitude punk, The Clash diferenciou-se das demais bandas do gênero por seu ecletismo sonoro, flertando com o ska, o funk, o reggae e o dub. Outra característica foi sua postura altamente engajada. Com o álbum duplo LONDON CALLING (1979), o terceiro da carreira, o grupo britânico conquistou a América, tendo sido reconhecido pela revista Rolling Stone como o mais importante dos anos 80. O destaque é a faixa que dá título ao álbum e expõe as preocupações políticas de Mick Jones (o autor com Joe Strummer). Num lance de ousadia, lançaram um álbum triplo, SANDINISTA (em homenagem ao grupo rebelde nicaragüense) que deveria ser vendido a preço acessível, o que motivou desavenças com a gravadora CBS. A consagração definitiva veio com COMBAT ROCK (1982) que contém seus outros dois grandes hits, SHOULD I STAY OR SHOULD I GO? e ROCK THE CASBAH.

47) AEROSMITH – DREAM ON
Essa banda de Boston teve uma trajetória bastante peculiar. Adotou de início um repertório calcado no hard rock com influências do blues. DREAM ON (do vocalista Steven Tyler), vigorosa balada do álbum de estreia (1973) é dessa fase.  Após uma série de percalços como problemas com drogas e divergências internas, a banda entrou em declínio. Todavia, no final dos anos 80, numa espetacular reviravolta, retornaram ao cume com álbuns extremamente bem sucedidos como PUMP e GET A GRIP. Para tanto, assumiram um repertório de apelo comercial com canções como I DON´T WANNA MISS A THING, CRAZY e CRYIN’. O saldo foi a bagatela de mais de 150 milhões de álbuns vendidos (quase metade nos EUA), tornando-se uma das bandas americanas que mais vendeu discos no mundo.

48) MOTÖRHEAD – ACE OF SPADES
Um power trio do feitio do Motörhead, com guitarras rápidas, som pesado e letras malcriadas não estava predestinado a emplacar hits. Ledo engano. ACE OF SPADES invadiu as paradas de todo o mundo. A sonoridade do grupo inglês coloca-se na fronteira entre o heavy e o punk, num estilo que poderia ser categorizado como speed metal ou thrash metal. ACE OF SPADES (que trata de um tema transcendental, o poker) tornou-se o hino do Motorhead e puxou as vendas do homônimo álbum (1980), o melhor do grupo britânico. A banda encerrou as atividades em 2015 com a morte do carismático baixista/vocalista Lemmy Kilmister, seu líder e fundador, reverenciado por sua presença forte, sua pronunciada costeleta, seu chapéu preto de cowboy e sua inconfundível voz rouca.

49) TALKING HEADS – PSYCHO KILLER
Os ‘Cabeças Falantes’ nasceram como uma banda new wave, mas logo se sobressaíram pelo experimentalismo e pela busca de novas sonoridades. Aos poucos, os desígnios pessoais do inconteste líder David Byrne  começaram a aflorar, até que a banda se dissolveu após 15 anos e 8 elogiados álbuns de estúdio. Em sua carreira individual, Byrne aproximou-se da world music inclusive da música brasileira (lançou Tom Zé no mercado internacional). Dos Talking Heads, restaram duas memoráveis músicas: PSYCHO KILLER (do álbum inicial) e BURNING DOWN THE HOUSE (do SPEAKING IN TONGUES). As duas aparecem juntas em performances ao vivo no álbum STOP MAKING SENSE (1984), transposto para o cinema.

50) VELVET UNDERGROUND – PALE BLUE EYES
O famosíssimo “disco da banana” (Andy Warhol), o primeiro da enxuta discografia do VU (1967), com a participação da cantora Nico, apesar de ter vendido uma merreca, é um dos discos mais reverenciados da história do rock. Todavia, a música mais badalada do grupo, PALE BLUE EYES, é de outro álbum (o de 1969), mais melódico e menos conhecido, já sem a participação de John Cale. A música é interpretada por Lou Reed que a compôs em homenagem ao seu primeiro amor, que curiosamente tinha olhos castanhos. Tornou-se um sucesso, tendo sido gravada por Patti Smith, Sheryl Crowl, Emmylou Harris, Andrea Corr (dos Corrs), R.E.M., Counting Crows, Killers e até Marisa Monte no álbum COR DE ROSA E CARVÃO.   

51) CURE – BOYS DON´T CRY
A banda que começou sob a influência do punk e da new wave e acabou se firmando como a preferida dos góticos e darks tem uma longa carreira, permanecendo até hoje em atividade. É identificada pelo aspecto sombrio e letras niilistas, imagem de que tem procurado se afastar para ampliar seu público. Passou por diversas formações, sempre sob o comando do vocalista e guitarrista Robert Smith, facilmente identificável pelas roupas pretas, maquiagem cadavérica e cabelo esgrouvinhado que inspirou Tim Burton a criar o personagem Edward Mãos de Tesoura. A balançante BOYS DON´T CRY, uma das mais famosas canções do grupo inglês, saiu em single avulso de 1979, sendo incluída no álbum homônimo do mesmo ano, na verdade uma coletânea. A letra trata da contenção das lágrimas ante um amor perdido, já que “garotos não choram”.

52) FOCUS – HOCUS POCUS
Esse estupendo grupo progressivo holandês mereceria figurar no topo se os critérios fossem estritamente qualidade, criatividade e competência. Além de ser a única banda de relevância provinda da Holanda, o Focus tem outra peculiaridade: seu repertório é basicamente de temas instrumentais, cortejando não raramente a música erudita. Tem pelo menos 3 canções antológicas: HOUSE OF THE KING, SYLVIA e sobretudo HOCUS POCUS. Essa última, composição dos geniais Thijs Van Leer (flautista e vocalista) e Jan Akkerman (guitarrista) puxou as vendas do álbum MOVING WAVES (também chamado de FOCUS II) de 1971, o qual ingressou nas paradas apesar de seu experimentalismo. A canção faz uma combinação insólita: a vocalização à tirolesa de Van Leer duela com a célere guitarra de Akkerman. O resultado é primoroso.

53) PETER FRAMPTON – DO YOU FEEL LIKE WE DO?
Embora tenha provindo da prestigiosa banda Humble Pie, Frampton não era tido como um nome do primeiro time do rock. Tudo mudou quando lançou o FRAMPTON COMES ALIVE! (1976) que alcançou um sucesso sem precedentes, tornando-se um dos discos ao vivo mais vendidos da história, mais surpreendente ainda por tratar-se de um álbum duplo. Duas baladas emplacaram e até hoje desfilam nas FM´s: SHOW ME THE WAY e BABY, I LOVE YOUR WAY. Para os roqueiros, o ponto alto fica por conta de DO YOU FEEL... em que o artista britânico utiliza-se habilmente o recurso da ‘guitarra falada’. A faixa, a despeito de seus 14 minutos, emplacou na programação das rádios especializadas.

54) ALICE COOPER – NO MORE MR. NICE GUY
Há duas fases: de 1969 a 1973, quando Alice Cooper era o nome de uma banda liderada pelo vocalista Vincent D Furnier; e, a partir de então, quando Vincent adotou o nome artístico de Alice Cooper (como é até hoje reconhecido) passando a fazer carreira solo. Ainda que a teatralidade bizarra das apresentações estivesse sempre presente, a fase coletiva inicial foi a que produziu os mais brilhantes trabalhos. Com o álbum BILLION DOLLAR BABIES (1973) que chegou à liderança nos EUA e na Inglaterra, o grupo atingiu o pico não apenas em qualidade mas comercialmente. O álbum que contou com a participação de Donovan Leitch e Marc Bolan teve várias canções de sucesso como ELECTED, HELLO HOORAY, BILLION DOLLAR BABIES e NO MORE MR NICE GUY, esta expressando as mazelas de ser um ‘rapaz legal’ (nice guy).

55) PRETENDERS – MIDDLE OF THE ROAD
Um dos poucos conjuntos de rock que tiveram como figura central uma mulher, Chrissie Hynde, vocalista, guitarrista, compositora e único membro permanente. Após uma estreia excepcionalmente bem sucedida com dois álbuns exitosos, a banda sofreu um pesado revés com a morte por overdose de dois integrantes. Passado o trauma, veio o terceiro álbum, LEARNING TO CRAWL (1984) com nova formação em torno da líder. Desse disco, MIDDLE OF THE ROAD, a mais roqueira dentre as canções de maior sucesso do conjunto anglo-americano (as outras são DON´T GET ME WRONG e BACK ON THE CHAIN GANG). Finaliza com uma brilhante solo de gaita (tocado como não podia deixar de ser pela onipresente Chrissie). O “meio da estrada” da letra foi inspirado na filosofia do livro taoísta Tao Te King de abraçar o caminho do meio.

56) FLEETWOOD MAC – DREAMS
Sob a batuta do lendário guitarrista Peter Green, o Fleetwood Mac iniciou sua carreira com predominância do blues. Nessa fase, algumas canções se destacaram como ALBATROSS e BLACK MAGIC WOMAN (que viria a fazer sucesso com o Santana). A trajetória do grupo sofreu uma metamorfose radical com a saída de Green e o posterior ingresso do casal Lindsey Buckingham (guitarra) e Stevie Nicks (vocais) que conferiu à banda um estilo mais próximo do pop, ainda que de qualidade. O apogeu ocorreu com o álbum RUMOURS (1976) cujo sucesso meteórico elevou o conjunto anglo-americano ao status de superstar. O grande destaque é a faixa DREAMS, composta e interpretada por Nicks. Nos anos 90, um cover da música catapultou para a fama o grupo The Corrs.

57) EAGLES – HOTEL CALIFORNIA
Com um repertório calcado no country-rock, esse grupo essencialmente americano, tornou-se um fenômeno de vendas. Estima-se ter no crédito mais de 150 milhões de discos, 2/3 só nos EUA, onde seu Greatest Hits 1971/1975 é o disco mais vendido da história. Ainda que não estivesse presente nessa coletânea, HOTEL CALIFORNIA, do álbum homônimo (1976), firmou-se como a música mais conhecida do grupo. Composta pelos integrantes Glenn Frey, Don Henley e Don Felder tornou-se conhecidíssima mundo afora, não obstante seus 6:30 de duração e um dos solos de guitarra mais venerados da história (que a gravadora tentou banir para encurtar a faixa) com a participação de Joe Walsh, recém ingresso na banda. O significado da letra é até hoje um mistério: nem Henley nem Frey, autores da letra conseguem ser claros sobre o simbolismo do referido hotel.

58) RED HOT CHILI PEPPERS – CALIFORNICATION
No começo de carreira, o repertório dessa banda agregou estilos como o funk e o rap. George Clinton, um dos papas do funk, foi inclusive o produtor do álbum FREAKY STYLEY. Mas o grande êxito veio com BLOOD SUGAR SEX MAGIK, sob a hegemonia do talentoso guitarrista John Frusciante que ingressara na banda mas dela viria a afastar-se. Seu retorno ao RHCP nove anos após, com o álbum CALIFORNICATION (1999), um sucesso astronômico de vendas, marcou o reencontro com a boa fase. A obra (a começar pela arrojada capa) representou uma mudança de rumos e um amadurecimento musical do grupo, visto até então como inconsequente e festeiro. A faixa título (com críticas à indústria cultural) e seu vídeo promocional em ritmo de videogame puxou o sucesso do álbum.

59) RENAISSANCE – CAN YOU UNDERSTAND?
O álbum ASHES ARE BURNING (1973) do grupo Renaissance é uma das mais primorosas obras produzidas pelo rock progressivo nos anos 70. O grupo inglês é reconhecido por praticar uma mistura bem sucedida de rock, folk e música renascentista. Esse álbum, o quarto e mais bem sucedido de sua carreira, com 6 soberbas faixas, escalou uma orquestra para secundar os belos arranjos acústicos para teclado e violão (a guitarra elétrica é quase um detalhe) e a comovente interpretação de Annie Haslam, uma das vozes femininas mais cativantes da música pop. CAN YOU UNDERSTAND?, a faixa de abertura é uma ode à expansão da percepção, desvendando os mistérios do mundo. Há também LET IT GROW, uma canção singela que chegou a ganhar as rádios, inclusive no Brasil.
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60) DURAN DURAN – ORDINARY WORLD
O Duran Duran foge do padrão roqueiro tradicional. Ao invés da aparência desmazelada, a marca era visual sofisticado e roupas elegantes confeccionadas por estilistas, o que provocava desdém de metaleiros e punks. Nada disso afugentou os fãs: vendeu quase 100 milhões de discos. É a maior porta-voz dos ‘new romantics’, um sub-estilo da new wave identificado por canções românticas com uso intensivo de sintetizadores (synthpop), representado também por grupos como o Depeche Mode, Ultravox, Human League e Spandau Ballet. O grande êxito foi o álbum RIO (1982) que traz clássicos como SAVE A PRAYER e RIO. A formação da banda inglesa não sofreu grandes alterações ao longo de sua carreira mas vinha numa progressiva saturação até conseguir emplacar em 1993 o WEDDING ALBUM que puxado pela faixa ORDINARY WORLD, retomou os tempos de glória.


Um comentário:

Calcenoni disse...

Conheço só algumas músicas.