quarta-feira, 8 de julho de 2020

OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (2ª PARTE)

Segue a continuação do levantamento dos principais rocks do século XX, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Vamos à 2ª parte da lista, por ordem crescente:



21. METALLICA – ONE
A mais bem sucedida banda de thrash metal ampliou seu público quando começou a flertar com o pop, conseguindo visibilidade na mídia. Seus 2 maiores hits, ONE e ENTER SANDMAN, respectivamente dos álbuns de 1988 (...AND JUSTICE FOR ALL) e de 1991 (apelidado BLACK ALBUM) são demonstrações disso. ONE da dupla Hetfield/Ulrich foi inclusive objeto de um vídeo-clipe que mescla cenas do eloquente filme antibelicista “Johnny Vai à Guerra” que inspirou a música. Começa lenta, vai ganhando peso e o som das guitarras passa a se confundir com o das armas de fogo. Em apresentações ao vivo, a performance contou com a participação do ilustre pianista chinês Lang Lang.

22. VAN HALEN – JUMP
1984, além de designar o sinistro livro de George Orwell, nomeou o mais famoso álbum do Van Halen (identificável pela sua expressão em algarismos romanos MCMLXXXIV), contendo dois dos temas mais conhecidos do conjunto americano: PANAMA e JUMP. Essa última conseguiu a proeza de levar um grupo de hard rock ao topo das paradas do mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde foi uma das mais executadas do cabalístico ano. Rompeu outro paradigma por ser uma das poucas canções do gênero identificáveis não pela guitarra mas pelo som de um sintetizador conduzido pelo próprio Eddie Van Halen. Traz ainda os inconfundíveis vocais de David Lee Roth que, a partir do ano seguinte, abandonaria a banda para iniciar carreira solo.

23. NIRVANA – SMELLS LIKE TEEN SPIRIT
Essa canção dos anos 90, além de ser a mais representativa do movimento grunge, ajudou a impulsionar um revigoramento no rock que, desde o fim dos 70´s, vinha em trajetória descendente. Segundo Kurt Cobain, o autor, resultou de uma tentativa de criar um som parecido com os Pixies, sua banda predileta. O sucesso estrondoso da canção bem como do álbum que a hospeda, NEVERMIND (1991), levou a banda de Seattle que atuava no circuito alternativo (o álbum anterior saíra pela gravadora independente Sub Pop) a tornar-se em pouco tempo um dos mais importantes baluartes do rock. O trágico suicídio de Kurt interrompeu abruptamente a carreira do grupo (que, desprovido de seu líder, deu origem ao Foo Fighters)

24. GENESIS – SUPPER’S READY
De 1967 a 1975, sob a liderança de Peter Gabriel, o Genesis foi um dos expoentes do rock progressivo, com discos apurados como SELLING ENGLAND BY THE POUND, NURSERY CRYME, TRESPASS e THE LAMB LIES DOWN ON BROADWAY. A faixa SUPPER´S READY do álbum FOXTROT (1972), uma suíte de 23 minutos, composta por diversas fases (“uma jornada pessoal que percorre cenas do Apocalipse na Bíblia” na definição de Gabriel), é apontada pelos fãs como a mais arrojada do grupo britânico. Em 1977, o guitarrista Steve Hackett também deixaria o grupo, que aos poucos derivou para um som mais pop com canções como INVISIBLE TOUCH, FOLLOW YOU FOLLOW ME, I CAN´T DANCE. Para os críticos mais severos, tornou-se uma inexpressiva banda de apoio a Phil Collins que já ensaiava sua carreira solo.

25. JANIS JOPLIN – ME AND BOBBY McGEE
Janis rompeu as barreiras do ‘Clube do Bolinha’, firmando-se como a grande expoente feminina do rock. Apesar de quê, boa parte de seu repertório sofreu influência do soul, do jazz e sobretudo do blues. Seus quatro álbuns de estúdio (dois com o Big Brother & Holding Company), revelaram canções antológicas como PIECE OF MY HEART, SUMMERTIME, MAYBE, KOZMIC BLUES, MERCEDES BENZ e ME AND BOBBY McGEE, as duas últimas contidas no álbum póstumo PEARL (1971), o mais vendido da sua carreira. O músico country e ator Kris Kristofferson, autor de ME AND BOBBY McGEE, foi agradavelmente surpreendido pela brilhante gravação da sua composição (sobre a saga de um casal de caroneiros), dela tomando conhecimento após a morte de Janis (que fora sua namorada). 

26. LYNYRD SKYNYRD – SWEET HOME ALABAMA
Grupo que, ao lado da Allman Brothers Band, representou o chamado “Southern Rock”. O estouro comercial ocorreu após um trágico acidente de avião que dizimou metade da banda. Dois grandes sucessos sobressaem-se: FREE BIRD, faixa de 9 minutos e um longo duelo de guitarras no álbum de estreia; e SWEET HOME ALABAMA do álbum seguinte, SECOND HELPING (1974).  Essa música é frequentemente acusada de reacionária em função de ter sido uma réplica a Neil Young, (citado explicitamente na letra) que denunciava os Estados sulistas de racismo (em músicas como SOUTHERN MAN e ALABAMA). Essa interpretação foi motivo de desmentidos e discussões entre os próprios membros da banda. Toda essa polêmica serviu para divulgar ainda mais a canção que, ideologias à parte, é um deleite.

27. KISS – ROCK AND ROLL ALL NITE
Conhecido por suas performances espalhafatosas, pirotecnia e caretas bizarras, o Kiss ficou marcado no início também pelo uso intensivo de maquiagem e aparência andrógina (expediente já usado por artistas como Sweet, T. Rex, Alice Cooper, David Bowie, New York Dolls e até os Secos e Molhados), características do glam rock. Sua consagrada formação clássica (Simmons, Stanley, Criss, Frehley), perdurou até 1980, mas o grupo permaneceu em atividade, tornando-se uma lenda viva. ROCK AND ROLL ALL NITE figura no álbum DRESSED TO KILL (1975), o terceiro da banda. A faixa não teve, de imediato, grande aceitação. Porém, sua reiterada execução ao vivo, como no álbum ALIVE! (1975), tornou-a a mais popular do grupo nova-iorquino.

28. EMERSON, LAKE & PALMER – LUCKY MAN
Esboçada na infância por Greg Lake quando arranhava seus pequenos acordes de violão, essa canção, foi encaixada no álbum de estreia (apelidado “disco da pomba” de 1970) do conjunto que inclui o tecladista Keith Emerson e o baterista Carl Palmer. Acabou surpreendendo como o maior êxito do super-grupo britânico. O guitarrista quase teve repetido o trauma de ter seu trabalho rejeitado por sua própria banda já que sua composição FROM THE BEGINNING (que viria a ser outro êxito do grupo) fora rejeitado por Robert Fripp para o 1º álbum do King Crimson quando Lake era um dos membros. LUCKY MAN, justiça seja feita, deve seu sucesso em parte ao solo de moog de Emerson, algo incomum no contexto do rock onde a guitarra reina. Até o diretor Spike Lee, que não prima propriamente por apreciar artistas ‘branquelos’ do rock progressivo, surpreendentemente incluiu a canção na trilha do filme “Infiltrado na Klan”.

29. POLICE – EVERY BREATH YOU TAKE
The Police não conhece o significado da palavra fracasso. Sua carreira pontuada por 5 excelentes álbuns (todos com boa repercussão de público e crítica) veio num crescendo, culminando com SYNCHRONICITY (1983) que na semana de estreia, já figurava em 1º lugar na Inglaterra, posição repetida logo após nos EUA. O álbum traz a balada EVERY BREATH YOU TAKE que, em meio aos inúmeros êxitos do grupo, foi um sucesso sem precedentes (estatísticas indicam que foi a música mais tocada da história do rádio!). No Brasil foi a 7ª do ano. Estima-se que sozinha foi responsável por 1/3 dos royalties arrecadados pelo conjunto. Tanto auê por uma canção que, segundo seu autor, Sting, foi escrita em meia hora durante um insight noturno no Caribe com a frase: “cada respiro que você dá”. Haja fôlego!

30. R.E.M. – LOSING MY RELIGION
Provindo da cena underground, essa banda norte-americana, alcançou a fama em razão estritamente do reconhecimento de suas qualidades. Pela EMI, gravaram 5 magistrais álbuns durante os anos 80. Mas foi pela Warner, já nos 90´s, que lançaram seus discos mais famosos: OUT OF TIME e AUTOMATIC FOR THE PEOPLE (esse talvez seu mais primoroso trabalho). Os dois discos revelaram seus maiores êxitos, EVERYBODY HURTS e LOSING MY RELIGION. Esta, ao contrário do que possa fazer crer, não trata de falta de espiritualidade. “Perder a religião” é uma expressão regional que significa mais ou menos “perder a estribeira”. É apenas uma canção romântica, o que não lhe tira a divindade.

31. OZZY OSBOURNE – CRAZY TRAIN
Ozzy é lembrado sobretudo por sua marcante presença no Black Sabbath durante os primeiros 10 anos da banda (após os quais, foi substituído por James Dio). Porém, o metaleiro construiu uma consistente carreira solo com mais de 10 álbuns de sucesso. Paralelamente, deu uma amenizada em sua sinistra imagem de “Príncipe das Trevas”. O Ozzy de outrora considerado o maluco que mordia morcegos no palco, passou a estrelar um reality show apresentado pela MTV, Os Osbournes, que apresentava sua bem comportada vida doméstica. Mas o culto a seus antigos êxitos como CRAZY TRAIN do seu 1º álbum BLIZZARD OF OZZ (1980), facilmente reconhecível pelo seu incendiário riff de abertura, não foi abalado.

32. SEX PISTOLS – GOD SAVE THE QUEEN
Muito pode ser dito contra o SEX PISTOLS, exceto que a eles possa-se ficar indiferente. Afora algumas gravações contidas no filme THE GREAT ROCK’N’ROLL SWINDLE (como a versão do clássico MY WAY de Frank Sinatra em que Sid Vicious enxerta uma porção de palavrões), lançaram um único álbum, NEVER MIND THE BOLLOCKS. Nele está estampada a vocação corrosiva do punk (que tão bem personalizam) com letras demolidoras, faixas curtas e um som de guitarras toscamente executado. O maior sucesso foi GOD SAVE THE QUEEN em que o bordão ganha outro sentido: “Deus salve a rainha (...) não há futuro para você”. Toda essa bravata de pouco adiantou: os Sex Pistols duraram 2 anos, o punk murchou, mas o mito da rainha da Inglaterra permanece mais vivo do que nunca (e a última a ocupar o posto durou 96 anos).

33. PEARL JAM – EVEN FLOW
Goste-se ou não delas, as bandas grunge com seu som sujo e distorcido, suas letras depressivas e seu visual esculachado emergiram para dar alento ao rock. Dois discos representativos do movimento imediatamente vêm à memória: NEVERMIND do Nirvana e TEN do Pearl Jam. Essa banda de Seattle construiu uma carreira sólida e acumulou uma legião de fãs mas ainda é lembrada por esse seu primeiro álbum, o mais icônico de sua carreira. Quase todas as faixas acabaram “estourando” e o disco tornou-se um ‘must’ na discografia básica do gênero. EVEN FLOW, composta pelo guitarrista Stone Grossard com letras de Eddie Vedder, sobre os sonhos inalcançáveis de um excluído social, é o destaque com sua pegada zeppeliniana e uma interpretação visceral de Vedder.

34. CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG – CARRY ON
O lendário super-grupo CSN&Y tornou-se famoso por sua apresentação em Woodstock, em cuja trilha cravou 3 faixas. Os membros provieram de bandas conhecidas: David Crosby dos Byrds, Stephen Stills e Neil Young do Buffalo Springfield e Graham Nash dos Hollies. A afinidade musical de tais grupos explica a perfeita alquimia que se formou. A sonoridade, construída sobre belos arranjos vocais com letras bem elaboradas, está mais para folk com um toque de psicodelia. Um exemplo é CARRY ON (do álbum DÉJÀ VU de 1970, o mais representativo). A composição de Stills nasceu desacreditada, figurando como lado B de um single, mas tornou-se a mais famosa do quarteto... que passou a ser trio. Young logo depois deixou o grupo, partindo para uma exitosa carreira solo e o grupo passou a ser CS&N.

35. SANTANA – SMOOTH
Nessa seleção dominada por artistas provindos da Inglaterra e dos EUA, Santana aparece como peixe fora da água. Ainda que formado em San Francisco, a característica é o delicioso toque latino imprimido pelo guitarrista mexicano Carlos Santana. A formação da banda, inclusive o vocalista de plantão, foi-se alternando ao longo da extensa carreira do grupo, com quase 30 álbuns de estúdio. Foi um dos que mais brilhou em Woodstock e seus primeiros trabalhos especialmente ABRAXAS tornaram-se clássicos. Quando sua carreira parecia minguar, ressurgiu com o soberbo SUPERNATURAL (1999), álbum com ilustres convidados. A canção SMOOTH cantada por Rob Thomas é o grande destaque.

36. BEACH BOYS - WOULDN’T IT BE NICE
A maior parte da produção dos Beach Boys está ligada ao rock’n’roll cinquentista e à surf music, gêneros precursores do ‘rock’ propriamente dito. Mas foi após a explosão dos Beatles e dos Stones que o grupo californiano lançou sua obra prima, PET SOUNDS (1966), reconhecido não só pelo rompimento de seu estilo característico, mas pela qualidade e inovação imprimida à música pop. Foi selecionado pelas revistas MOJO e New Musical Express como o melhor álbum da história e pela Rolling Stone como vice-campeão. Desse disco seminal, sobressai-se WOULDN’T IT BE NICE. O álbum curiosamente saiu-se melhor na Inglaterra, onde teve entusiástica recepção e grande visibilidade na mídia.

37. NEIL YOUNG – HARVEST MOON
Talvez os fãs roqueiros de Young fiquem desapontados de não serem representados com a ‘guitar song’ CORTEZ THE KILLER ou com o manifesto HEY HEY MY MY (“o rock jamais morrerá”). Mas não há como fugir à evidência de que as músicas que melhor identificam NEIL YOUNG são as baladas HEART OF GOLD e HARVEST MOON. Esta última, quase um ponto fora da curva na sua carreira. Presente no álbum homônimo de 1992 no qual, após uma década instável em busca da sonoridade perfeita, o cantor/compositor canadense pareceu ter-se encontrado, adotando um repertório mais soft. A tocante canção (que contou com os backing vocals de Linda Ronstadt), foi composta em homenagem à cantora Pegi, sua companheira à época. Hoje sua mulher é a atriz Daryl Hannah, a loiríssima vilã de Kill Bill.
 
 38. STEPPENWOLF – BORN TO BE WILD

“Easy Rider” (“Sem Destino”), badalado road movie e ícone da cultura underground, deve parte de seu êxito a BORN TO BE WILD, a trilha sonora que acompanha Peter Fonda e Denis Hopper nas viagens sem rumo pelo sul dos EUA, que passou a ser o hino dos motoqueiros e a representar a atitude de rebeldia e liberdade de uma geração. Não bastasse toda essa simbologia, o termo ‘heavy metal’, usado na terceira estrofe da letra teria batizado o famoso estilo musical de que foi precursora. Composta durante o período de efervescência político-social, a canção de 1968 integra o álbum de estreia do Steppenwolf (nome extraído do clássico da literatura “Lobo da Estepe” de Herman Hesse) que se notabilizou por suas letras corrosivas contra o governo Nixon. Foi de longe a mais famosa da banda californiana.

39. SUPERTRAMP – THE LOGICAL SONG
Embora tecnicamente o Supertramp seja um conjunto de rock progressivo - com mirabolantes canções como FOOL’S OVERTURE - notabilizou-se com melodias mais despojadas como DREAMER, IT´S RAINING AGAIN,  GIVE A LITTLE BIT, GOODBYE STRANGER e a campeã THE LOGICAL SONG, contida no álbum BREAKTAST IN AMERICA (1979), inegavelmente o grande êxito do grupo. A letra trata das mudanças decorrentes da passagem para o mundo adulto, onde predomina a responsabilidade e a “lógica” com a perda da alegria juvenil. Composição da dupla Hodgson/Davies que, apesar da perfeita consonância criativa, nunca se bicou bem (a ponto de Hodgson ter deixado o grupo). Os principais momentos ficaram registrados em memoráveis versões ao vivo no antológico álbum duplo, PARIS (1980).

40. JOY DIVISION – LOVE WILL TEAR US APART
A banda inglesa pós-punk fez furor com apenas dois álbuns de estúdio, UNKNOWN PLEASURES e o póstumo CLOSER, lançado em 1980 após o suicídio do seu genial vocalista e líder, Ian Curtis que, além de problemas de saúde, teve uma vida pessoal atribulada. Os membros remanescentes formariam o New Order com uma vibe mais dançante e descolada. O novo grupo, apesar de ter alcançado maior sucesso comercial do que o antecessor, jamais atingiu sua genialidade. Ao contrário do que sugere o nome “Divisão da Alegria”, o grupo era a personificação da depressão, com letras melancólicas e uma sonoridade carregada. O álbum traz na capa uma lápide de cemitério, tornando-se referência aos góticos. Em LOVE WILL TEAR..., a voz soturna e a letra de Ian (“o amor vai nos dilacerar”) é amenizado pela batida e os sintetizadores que se tornariam a marca registrada do New Order. Eleita em 2002 pela NME a canção mais importante dos últimos 60 anos.

Um comentário:

Calcenoni disse...

por completo só conheço o da Janis Joplin. Algumas músicas dos mais antigos.
Do Emerson, Lake & Palmer conheço o Pictures at an exhibition.