terça-feira, 28 de dezembro de 2021

OS 200 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (6ª PARTE)

 Essa é uma extensão do artigo principal OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (dividido em 5 partes).

Como a lista de 100 mostrou-se insuficiente para abrigar os rocks fundamentais de grupos relevantes do século XX, abrimos mais 100 títulos, esperando que possa ser feita justiça aos ‘esquecidos’ da primeira relação. Foram mantidos os mesmos critérios, ou seja: apenas canções do período de 1963 a 2000, cada intérprete tendo direito a apenas uma canção.

Segue a primeira das 5 partes:

 

101) JOHN LENNON – IMAGINE

John Lennon foi o mais visceral, revolucionário e criativo dos Beatles. Seu trágico assassinato aos 40 anos de idade interrompeu uma promissora carreira. O rock tem uma dívida impagável a Lennon principalmente pelo seu trabalho com os Beatles. Sua carreira solo enveredou para temas mais amenos, sob a égide de sua relação amorosa com Yoko, pontuados por momentos contundentes como em WORKING CLASS HERO e o disco SOME TIME IN NY CITY. Seu primeiro álbum pós-Beatles, nomeado JOHN LENNON/PLASTIC ONO BAND de 1970 (conhecido pela faixa MOTHER) é uma obra prima irretocável. Mas foi o álbum seguinte de 1971 que revelou a canção mais conhecida, IMAGINE, que deu título ao disco. Embalada pelo piano, a canção, ainda que esteticamente não possa ser categorizada como rock, tornou-se um hino atemporal pacifista abraçado por roqueiros e não-roqueiros de todos credos e matizes. Exalta a utopia de um mundo sem fronteiras onde prevalece a fraternidade universal, com uma incômoda mensagem igualitária e anti-religiosa subjacente.

 

102) JUDAS PRIEST – PAINKILLER

A banda inglesa caracterizou-se pelo intenso rodízio de componentes, sendo os mais assíduos o guitarrista K K Downing e o baixista Ian Hill. Atua desde os anos 70, consagrando-se como uma das mais representativas do heavy metal, de que foi precursora. Seu sucesso começou a despontar com BRITISH STEEL, já na década de 80. Bob Dylan inspirou o grupo não apenas no nome da banda (extraído de uma de suas canções), como num de seus mais populares hits, DIAMONDS AND RUST, cover de um famoso tema da cantora folk Joan Baez que trata de seu relacionamento com Dylan. O álbum PAINKILLER (1990) foi o último grande êxito comercial do Judas antes do prolongado recesso em que ingressou, após a saída do reverenciado vocalista Rob Haldorf da banda (à qual retornaria 14 anos depois). A faixa-tema de 6 minutos que trata de um super-herói ciborgue, é uma das mais vigorosas do grupo, alçado ao topo pelos metaleiros.

 

103)ELTON JOHN – GOODBYE YELLOW BRICK ROAD

Considerando-se que grande parte dos grupos de rock fazem mais sucesso com canções românticas do que com rocks propriamente ditos, seria injusto descartar o cantor e pianista londrino Elton John, que além de compor baladas com muito maior competência, faz excelentes soft rocks: CROCODILE ROCK, PINBALL WIZARD (do Who), BENNIE AND THE JETS e DON´T GO BREAKING MY HEART não deixam dúvida. Emplacou outros inúmeros sucessos: SACRIFICE, ROCKET MAN, YOUR SONG, SKYLINE PIGEON, NIKITA, CANDLE IN THE WIND. Em meio aos impressionantes 300 milhões de discos vendidos, destaca-se o LP duplo GOODBYE YELLOW BRICK ROAD (1973), com vários hits, todos compostos com o eterno parceiro Bernie Taupin, destacando-se a canção-título, por alguns candidata a uma das mais belas de todos os tempos.

 

104) TEARS FOR FEARS – MAD WORLD

Grupo britânico formado por Roland Orzabal (guitarra e vocal) e Curt Smith (baixo e vocal). Embora haja outros músicos, apenas os dois figuram como integrantes oficiais. Seu primeiro álbum, THE HURTING (1983), é certamente um dos mais belos exemplares do que se convencionou chamar de ‘new wave’, movimento musical que teve seu berço na Inglaterra nos anos 80. A repercussão do disco restringiu-se todavia a esse país onde atingiu o posto 1 nas paradas. Com o segundo álbum, SONGS FROM THE BIG CHAIR (1985) o sucesso expandiu-se para o resto do planeta, às custas da concessão a um som mais pop, emplacando SHOUT, EVERYBODY WANTS TO RULE THE WORLD e HEAD OVER HILLS entre outros. MAD WORLD do primeiro álbum foi o primeiro sucesso do duo. Um cover da canção numa versão mais intimista para o filme “Donnie Darko”, retomou as paradas 20 anos depois.

 

105) BON JOVI – WANTED DEAD OR ALIVE

Associada no início ao subvalorizado ‘glam metal’ (que combinava hard rock com um visual estiloso), a banda de New Jersey esteve sob comando do vocalista e ator galã Jon Bon Jovi conservando dois outros integrantes originais, o tecladista David Bryan e o baterista Tico Torres. Contou ainda com o guitarrista Richie Sambora, que abandonou o grupo em 2013. Com o tempo, o Bon Jovi firmou-se um dos mais bem sucedidos grupos do gênero, tendo vendido por volta de 200 milhões de cópias. Com SLIPPERY WHEN WET (1986) alcançou o ápice. O álbum revelou pelo menos três grandes canções: LIVIN’ ON A PRAYER (que apesar do nome, “Vivendo em Oração”, não tem conotações religiosas), que se utilizou da técnica da “guitarra falada”, herdada de Peter Frampton; YOU GIVE LOVE A BAD NAME (outra que alcançou ao pico das paradas) e WANTED DEAD OR ALIVE, inspirada em heróis do velho Oeste.

 

106) PETER GABRIEL – SLEDGEHAMMER

O genial músico que liderou o Genesis em sua melhor fase (tendo sido também seu principal vocalista), desenvolveu uma bem sucedida carreira solo em que viria a se dedicar a world music (tendo fundado o selo ‘Real World’) e ao ativismo humanitário (um de seus grandes sucessos foi BIKO em homenagem ao líder anti-apartheid africano). Compôs também grandiosas bandas sonoras de películas como “Birdy, Asas da Liberdade” e “A Última Tentação de Cristo”. Seus primeiros 4 álbuns ainda focados no rock progressivo trazem como título apenas PETER GABRIEL. Mas seu disco mais conhecido foi o quinto, SO (1986), mais eclético, tendo revelado em 8 faixas nada menos do que 6 hits: IN YOUR EYES, RED RAIN, MERCY STREET, BIG TIME, DON´T GIVE UP (dueto com Kate Bush) e SLEDGEHAMMER que, impulsionado por um inovador videoclipe veiculado pela MTV, alcançou bastante sucesso popular, tendo sido, ao que consta, o mais executado até hoje pela emissora.

 

107) BAUHAUS – BELA LUGOSI´S DEAD

A banda pós-punk Bauhaus (nome inspirado na revolucionária escola de arquitetura alemã) teve uma presença marcante na cena musical londrina, lançando entre 1980 e 1983 quatro excelentes álbuns de estúdio e um ao vivo, encerrando sua discografia com GO AWAY WHITE, 25 anos após, em que reuniu os quatro membros originais, Peter Murphy, Daniel Ash, David J e Kevin Haskins. Nesse intervalo, os integrantes estiveram envolvidos em projetos com os grupos Dalis Car, Tones on Tail e Love and Rockets. BELA LUGOSI’S DEAD foi tema de abertura de “Fome de Viver” (“The Hunger”), filme em que Catherine Deneuve e David Bowie interpretam vampiros. Tanto a película quanto o tema musical foram precursores da cultura gótica. A canção de mais de 9 minutos, repleta de efeitos aterrorizantes em dub, ecos e guitarra distorcida, foi amplamente utilizada em filmes de terror. Foi lançada em single, em coletânea e numa versão ao vivo no álbum PRESS THE EJECT AND GIVE ME THE TAPE.

 

108) BRUCE SPRINGSTEEN – BORN IN THE U.S.A.

Ao lado de Bob Dylan, Bruce Springsteen pode ser apontado como grande ídolo musical dos EUA, tendo vendido só nesse país mais de 60 milhões de discos (150 milhões ao total). Embora seu rock básico seja identificado por mensagens de patriotismo, suas letras têm apelo social aos mais humildes, sendo considerado porta-voz da classe trabalhadora e ligado ao Partido Democrata. No Brasil, tornou-se conhecido por ter sido destaque no concerto “We Are the World”. Seus principais álbuns foram BORN TO RUN (1975), qualificado pelos críticos como o melhor trabalho, e BORN IN THE U.S.A. (1984), o maior êxito comercial, com 30 milhões de cópias vendidas, metade nos EUA. Apesar de o refrão da canção-título, a mais conhecida do cantor e compositor, induzir (como fizeram políticos conservadores como Reagan) a uma glorificação ao país, na verdade é um amargo retrato sobre as dificuldades de adaptação vividas pelos ex-combatentes do Vietnam no retorno à terra natal.

 

109) SMASHING PUMPKINS – 1979

A banda norte-americana de rock alternativo teve diversas formações, mas nunca deixou de gravitar em torno do vocalista/guitarrista Billy Corgan, reconhecido por sua cabeça raspada e seu estrelismo. Estourou mundialmente com seu segundo álbum, SIAMESE DREAM (1993), mas o auge foi obtido com o trabalho seguinte, MELLON COLLIE AND THE INFINITE SADNESS (1995), um ambicioso projeto materializado num CD duplo (vinil triplo) com duas horas de duração. Nele presentes três dos maiores êxitos do grupo, TONIGHT TONIGHT, BULLET WITH BUTTERFLY WINGS e 1979, todas compostas por Corgan.  Além da excelência musical, essas canções chamam a atenção por seus clipes de divulgação, o primeiro revivendo o clássico filme mudo de Méliès, “Le Voyage das la Lune”, o segundo inspirado nos ensaios fotográficos do brasileiro Sebastião Salgado sobre Serra Pelada e o terceiro focando momentos da adolescência recordados pelo autor.

 

110) JOE COCKER – WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS

A maioria conhece a voz rouca de Joe Cocker sussurrando a pungente YOU ARE SO BEAUTIFUL, em UP WHERE YOU BELONG (do filme “Força do Destino”, Oscar de canção, dueto com Jennifer Warnes), em YOU CAN LEAVE YOUR HAT ON (do filme “9 ½ Semanas de Amor”) ou em gravações mais recentes como UNCHAIN MY HEART. Mas a notoriedade do cantor britânico nasceu de fato com a brilhante interpretação de WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS dos Beatles em Woodstock em 1969, um dos pontos altos do Festival. A canção nomeou também o álbum debut de Cocker (1969). O tema foi executado também no badaladíssimo MAD DOGS & ENGLISHMEN (1970), registro do grandioso do show em Fillmore East (recheado de músicos renomados como Rita Coolidge, Leon Russell, Don Preston, Carl Radle e Jim Gordon), um dos discos ao vivo mais célebres da história do rock. A canção, na verdade, não consta na versão original do LP duplo, mas apenas no DVD e na reedição que trouxe faixas bônus.

 

111) NEW ORDER – BLUE MONDAY

O conjunto inglês foi formado com os membros remanescentes do Joy Division (que se dissolveu após a morte do líder Ian Curtis) ou seja, Peter Hook, Bernard Sumner e Stephen Morris, com a incorporação de Gillan Gilbert. Sob a sombra do grupo anterior, adotou no início uma linha que misturava o pós-punk, experimentalismo e música eletrônica com uso massivo de sintetizadores. Progressivamente, foi derivando para a dance music criando, sob a influência de conjuntos como o Kraftwerk e o Cabaré Voltaire, uma nova vertente para o rock. BLUE MONDAY de 1983, (incluída em edições posteriores do álbum POWER, CORRUPTION & LIES do mesmo ano), coroa a nova fase. O maxi-single com duração de mais de 7 minutos conquistou êxito sem precedentes, tendo sido um dos mais vendidos da história nesse formato. A canção recebeu inúmeras versões remixadas em CD e vinil. Em 1987 foi incorporada à coletânea dupla, SUBSTANCE com os principais hits do New Order, que precedeu outra homônima com canções do Joy Division.

 

112) PET SHOP BOYS – WEST END GIRLS

O duo britânico de synthpop composto por Neil Tennant e Chris Lowe, com mais de 100 milhões de discos vendidos, constitui a dupla de maior sucesso de todos os tempos, uma verdadeira fábrica de hits, êxito nas pistas, nas rádios e também de crítica, espalhados em seus álbuns caracterizados por terem um único vocábulo: PLEASE (1986), ACTUALLY (1987), INTROSPECTIVE (1988), BEHAVIOR (1990), VERY (1993) e por aí vai.  Alcançaram êxito incomum, dentre outras, GO WEST, DOMINO DANCING, IT´S A SIN e ALWAYS ON MY MIND, famosa versão do sucesso de Elvis Presley, gravada num especial em homenagem ao rei do rock. WEST END GIRLS foi o primeiro (e talvez o maior) hit. Lançada em 1984 em single, foi sensação nas pistas de dança. Mas a versão que estourou no mundo inteiro foi lançada no ano seguinte e incorporada ao álbum PLEASE (1986). A letra foi inspirada num poema de T S Eliot, “The Waste Land” e apesar do ritmo desprendido trata da falta de perspectiva dos jovens.

 

113) PATTI SMITH – BECAUSE THE NIGHT

Ainda que não tenha sido uma grande vendedora de discos, a cantora e poetisa norte-americana, teve crucial importância para o rock e sobretudo para o punk, dando suporte intelectual e adicionando um ingrediente feminista ao movimento. Teve forte atuação política, colaborando nas campanhas por direitos civis do ativista Ralph Nader, defensor de causas do consumidor e do meio-ambiente. Seu álbum inicial, HORSES (1975) trouxe a canção GLORIA de Van Morrison. Porém o maior sucesso da artista, BECAUSE THE NIGHT (parceria com Bruce Springsteen), seria lançada 3 anos após. A música foi também gravada pelo próprio Bruce e pelo grupo 10.000 Maniacs no álbum MTV UNPLUGGED (um dos maiores êxitos do conjunto, superando nos EUA o sucesso do original). Faz parte do álbum EASTER (1978), o terceiro e mais bem sucedido do Patti Smith Group.

 

114) B-52’s – PRIVATE IDAHO

A banda new wave foi um sucesso instantâneo com seu humor, vestimentas coloridas e visual kitsch que inspiraram por aqui a Gang 90 e as Absurdetes. Exceto pelo guitarrista Ricky Wilson, falecido precocemente em 1985 de Aids, conservou por duas décadas os mesmos integrantes: Fred Schneider (vocais, percussão), Kate Pierson (vocais, teclados), Cindy Wilson (vocais, percussão) e Keith Strickland (bateria). Com a morte de Ricky, Keith assumiu as guitarras e o quinteto converteu-se em quarteto. Schneider criou um projeto solo paralelo, obtendo sucesso com o single MONSTER.  O segundo álbum do B-52’s, WILD PLANET (1980) consagrou a faixa PRIVATE IDAHO, campeã das danceterias dos anos 80. A música inspirou o diretor Gus Van San em seu filme “My Own Private Idaho” (“Garotos de Programa”). Segundo Schneider, a música homenageia as coisas exóticas de Idaho, um belo estado porém com uma população politicamente conservadora.

 

115) PIXIES – HERE COMES YOUR MAN

O lendário Kurt Cobain, afirmou certa vez que gostaria que o som do Nirvana soasse como o dos Pixies, sua banda predileta. Billy Corgan (Smashing Pumpkins), Thom Yorke (Radiohead) e a cantora P J Harvey foram outros que os citaram como referência. Entretanto, o grupo de rock alternativo de Boston não alcançou popularidade à altura de sua importância. A explicação talvez decorra da vocação da banda ao underground além de rixas internas entre dois dos membros originais, o guitarrista, vocalista e principal compositor Black Francis (ou Frank Black), e a baixista e vocalista Kim Deal que se afastou para formar os Breeders.  O primeiro álbum SURFER ROSA (1988) apesar das elogiosas referências da crítica (que o considerou o melhor trabalho da banda) ficou circunscrito ao mercado americano. O segundo álbum, DOOLITTLE (1989), fez com que ganhassem o mercado internacional, puxado pela faixa HERE COMES YOUR MAN.

 

116) DIO – HOLY DIVER

Ronnie James Dio foi um dos vocalistas mais venerados do metal com expressivas atuações no Rainbow (do ex-Deep Purple Ritchie Blackmore), no Black Sabbath (em substituição a Ozzy Osbourne) e como líder da banda que leva seu sobrenome artístico, Dio (o verdadeiro era Padavona), a qual perdurou até 2010, quando faleceu vítima de câncer. Para o debut álbum, Dio juntou um time de primeira: o baterista Vinny Appice (ex-Black Sabbath), o baixista Jimmy Bain (ex-Rainbow) e o jovem guitarrista Vivian Campbell (Thin Lizzy, Whitesnake, Def Leppard). O resultado como não poderia deixar de ser foi um dos álbuns mais retumbantes do gênero, HOLY DIVER (1983), puxado pela faixa do mesmo nome. A capa com o satânico mascote de olhos vermelhos da banda, Murray, girando uma corrente ameaçadora sobre um homem (padre?) que se debate nas águas dá o mote do álbum de exibir as épicas batalhas do bem contra o mal que fascinou gerações de metaleiros.

 

117) ALICE IN CHAINS – MAN IN THE BOX

Um dos expoentes do grunge, banda formada em Seattle pelo guitarrista Jerry Catrell e pelo baterista Sean Kinney, o baixista Mike Starr e o vocalista Layney Staley. Os álbuns FACELIFT, DIRTY, JAR OF FLIES (EP) e ALICE IN CHAINS, lançados no período 1990/95 contêm os hits NUTSHELL, ROOSTER, WOULD?, DOWN IN A HOLE, HEAVEN BESIDE YOU e MAN IN THE BOX. O álbum UNPLUGGED reúne os grandes momentos ao vivo em versões acústicas. Passada essa fase, o grupo entrou num extenso período de inatividade retornando ao estúdio apenas em 2009. Nesse intervalo, o vocalista Layney Staley morreu, vítima de drogas. MAN IN THE BOX integra o álbum de estreia, FACELIFT (1990), o primeiro álbum grunge a figurar entre os best sellers dos EUA, antecedendo a emersão do movimento encabeçado pelo Nirvana e pelo Pearl Jam.

 

118) SONIC YOUTH – SUPERSTAR

As guitarras dissonantes e as ruidosas experimentações avant garde  do grupo alternativo, um dos principais representantes do indie rock americano, não é para muitos. Ainda assim, as estrepolias do casal Thurston Moore e Kim Gordon mais Lee Ranaldo, vocalistas, guitarristas e membros fundadores do Sonic Youth, a que se juntaria o baterista Steve Shelley (formação que perdurou até a dissolução em 2011), conquistaram um público fiel e elogiosas referências da crítica. Sua atuação expandiu-se para fora da bolha do underground nova-iorquino, tendo o álbum duplo DAYDREAM NATION (1988) alcançado boa repercussão. O fascínio de Kim pela vocalista dos Carpenters, Karen, falecida precocemente de anorexia, produziu a canção TUNIC (A LETTER FOR KAREN) e o cover do hit SUPERSTAR dos Carpenters (não obstante os gritantes contrastes estéticos). A faixa integra a coletânea-tributo IF I WERE A CARPENTER, tendo sido turbinada pelo filme “Juno” cuja trilha integrou.

 

119) MARILLION – KAYLEGH

O livro “O Silmarillion” de J R R Tolkien inspirou o nome do grupo de rock neo-progressivo inglês. Sua fase mais marcante abrange os primeiros quatro trabalhos em que a banda foi comandada pelo vocalista Fish, influenciado por Peter Gabriel e pelo Genesis. A partir da saída do líder, em busca de uma carreira solo, o Marillion passou a ser comandado por Steve Hogarth, o novo vocalista que teve a difícil tarefa de preservar o prestígio do grupo perante um público leal espalhado pelo planeta. Conseguiu, a ponto de mantê-lo ativo nas fases difíceis, bancado pelos fãs através de uma política de ‘crowdfunding’. A canção KAYLEGH, com letra escrita por Fish em homenagem a uma antiga namorada, alcançou sucesso em todo o mundo. Tornou-se tão popular que motivou uma leva de britânicos a batizar os filhos com esse nome. Fez parte do LP duplo MISPLACED CHILDHOOD (1985), o terceiro da banda e o único a alcançar o topo da parada britânica.

 

120) FOO FIGHTERS – EVERLONG

Após a dissolução do Nirvana com a morte de Kurt Cobain, o baterista Dave Grohl, após recusar várias propostas para se integrar bandas de renome, fundou o Foo Fighters (nome advindo de um termo da aeronáutica para se referir a OVNIs) na terra do grunge, Seattle, assumindo os vocais e a guitarra. Na mesma linha despojada e crua do Nirvana, com Grohl imprimindo sua marca registrada, a ‘garage band’ alterna momentos melódicos com hard rock. O grupo emplacou diversos hits, alguns já no século XXI. Embora nenhum dos álbuns (no período 1995/2007) tivesse mau desempenho (ao menos nos EUA e na Inglaterra), THE COLOUR AND THE SHAPE (1997), o segundo, foi o que mais se destacou, revelando diversos hits, destacando-se EVERLONG.

 

 

 

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Confira a 1ª parte:

http://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/06/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-1a.html

 

Confira 2a parte:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/07/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-2.html

 

Confira 3a parte:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/07/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-3.html


Confira a 4ª parte:
http://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/07/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-4a.html


Confira a 5ª parte:
http://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/08/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-5.html

 

Confira a 7ª parte:
https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2022/01/os-200-maiores-rocks-do-seculo-xx-7.html

 

 

 

 

 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

IPHANG

 

- Alô! Presidente? Como vai essa força? Muito ocupado?

- Tudo bem, Hang? Na correria. Não tenho horário nem para agendar a nova motociata e outro passeio de jet ski. O pessoal acha que ser presidente é moleza.

- Muitos problemas pra 2022?

- Nem me fale. Além do presidiário barbudo que comprou o STF, agora tenho que me preocupar com o bosta do Moro. Mas o gabinete do Carluxo já tá preparando chumbo grosso contra essa corja. Mas diga lá.

- É coisa pequena, presidente, não quero tomar seu tempo...

- Você manda. Afinal se não for pra servir meus filhos e meus amigos de que serve a presidência?

- É uma obrinha no Rio Grande do Sul, uma nova lojinha.

- Opa, vai ter a estátua americana na entrada pra gente bater continência?

- Claro, como sempre. O problema é que vieram uns sujeitinhos e mandaram paralisar a obra.

- Uai, por quê?

- É que acharam nas escavações umas cerâmicas. Os caras disseram que têm valor histórico.

- Valor histórico? Como assim? É armamento da Gloriosa de 64 que o pessoal do PT mandou enterrar?

- Não, é coisa do século XIX, fabricadas pelos índios.

- E daí, que importância tem essa porra?

- É que o IPHAN que cuida desses trens, embargou a obra.

- IPHAN? É com PH mesmo? Que merda é essa? Eu não sou inteligente que nem meus ministros. Me explica.

- É o órgão federal que cuida do patrimônio cultural, artístico e histórico, um troço assim. Só sei que disseram que não podemos construir em cima do sítio arqueológico.

- Sítio? Que bichos criam lá? Quem é que cuida desse tal de IPHAN?

- Sei lá!

- Pera aí. Aguarda na linha que eu já resolvo isso pra você.

(pausa)

- Tá na linha, ainda, Hang?

- Sim.

- Resolvido. Já fiz umas ligações, pedi para riparem todos esses caras do IPHAN. Vão todos pro olho da rua. O IPHAN não vai mais dar dor de cabeça pra ninguém. Coloquei para chefiar o IPHAN uma moça da nossa turma, a Larissa.

- Larissa? Ela é terrivelmente evangélica, presidente?  Gabaritada?

- Claro que é. Total confiança. Ela é casada com meu segurança particular. Se resolver sair da linha, ele enquadra ela.  É formada em hotelaria. Parece que trabalhou numa pousada de faxineira. Perfeita pra fazer uma faxina no órgão. Vai colocar gente nossa lá. Ninguém dessa turma de história, arqueologia, cultura, essas porras.

- Não pode complicar presidente?

- Tranquilo, já fizemos isso na Polícia Federal, tá tudo dominado.

- Beleza. Não vou esquecer o favorzinho, amigo.

- Depois você manda uns trocos pra ajudar na campanha e tá tudo ok. Não vamos perder a eleição para gente sem caráter.

- Pois é, li que o Lula tá na frente...

- Depois de todas as mutretas que ele fez... Parece que esse pessoal não conhece história.

 


domingo, 5 de dezembro de 2021

RATOS E RATINHOS

Oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo, vão se foder. Porque aqui na face da Terra só bicho escroto é que vai ter (Titãs, “Bichos Escrotos”)

O apresentador Ratinho em um de seus edificantes programas televisivos, investiu contra os defensores de causas animais, proferindo a seguinte pérola: “Pra que serve o hipopótamo? Nem pra comer serve."

Segundo essa visão utilitarista, os animais só têm valia quando atendem às necessidades humanas. A única razão pela qual se tolera a existência dos demais seres viventes é sua capacidade de servir a seu todo poderoso amo, o ‘deus-homem’. O hipopótamo, o rinoceronte, a girafa, o elefante e o leão, por exemplo, só têm serventia quando confinados em jaulas no zoológico para apreciação ou como atração circense.

Assim, o Homo Sapiens, fazendo da Terra seu quintal particular, apropria-se da vida dos outros seres para torná-los escravos a seu serviço. As demais criaturas, declaradas inferiores, não merecem qualquer consideração e, embora tenham sido abençoadas com o sopro da vida, não são dignas de um lugar no reino de Deus. São Francisco certamente ficaria escandalizado com essa ideia.

Tal concepção legitima os tratamentos bárbaros (que provocam dores lancinantes) a que animais cordiais e indefesos são submetidos, práticas inaceitáveis para quem se propala ‘civilizado’. Procedimentos pavorosos (que não cabe aqui detalhar para não embrulhar o estômago dos mais sensíveis) a que fechamos os olhos quando o produto da carnificina nos proporciona deleite à mesa ou nos aguça a vaidade através de roupas ou coleções caras e vistosas.

O planeta ideal para Ratinho, próspero pecuarista, é aquele onde o espaço, hoje ocupado com florestas de fauna e flora exuberante, possa ser transformado em pastagem para gado. Uniformizar a paisagem amazônica com capim para alimentar suas reses e abrigar suas fezes.

Triste constatar que boa parte do povo humilde concorda com o roedor midiático. Não vê razão para que, a fim de proteger o habitat do mico leão dourado, sejam-lhe reservados espaços que poderiam ser aproveitados para abrigar os milhões que vivem apinhados em favelas. Milionários e miseráveis unem-se assim numa cruzada contra o meio-ambiente, tido como vilão do desenvolvimento e da geração de emprego. E o mico paga o mico.

E como árvores e bichos não votam, lutar por sua preservação e seus direitos fica a cargo de meia dúzia de abnegados que tentam esclarecer a todos sobre o deplorável engodo dessa visão antropocêntrica.

Especialmente em países pobres, não há espaço no sistema político para pautar tais causas. Defender o direito dos animais e a preservação das espécies ameaçadas é coisa de “riquinho desocupado”. A emergência da perene dificuldade econômica leva sempre os governantes a empurrar o meio-ambiente para debaixo do tapete. Tal qual a poluição e as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade é problema que cabe a nossos filhos e netos resolver. O meu problema hoje é esticar o orçamento até o final do mês.

Esse pensamento não se restringe a bolsonaristas trogloditas. Parte da esquerda também se cala ante o indigesto tema. O importante, dizem, é garantir melhoria das condições sociais para todos (os humanos). O problema das araras azuis e do cedro rosa fica em segundo plano.

E, consentida pela população desinformada, segue a marcha predatória suicida, dilapidando as florestas e as espécies ameaçadas, num processo retroalimentador que, quanto mais gera pobreza, mais enseja a destruição dos recursos que propiciam a riqueza. Quanto mais próximos do cataclismo ambiental, mais rápido corremos em direção ao abismo.

Segundo estimativas da WWF, a cada ano, dez mil espécies de vida vegetal ou animal são extintas. Dentre elas, plantas e ervas pouco estudadas, cujas propriedades na cura de doenças são desconhecidas. Eliminadas da face da Terra para sempre! Tudo para abrigar os pastos do Sr. Ratinho e Cia.

Segundo tenebrosas projeções da ONU, 25% de todas as espécies de vida estarão em vias de extinção nas próximas décadas. Isso sem falar daquelas que já se encontram em queda livre.

A redução de biodiversidade está também dramaticamente relacionada com o surgimento de doenças que, com menor número de obstáculos naturais e com a uniformização dos organismos, encontram um ambiente adequado para sua rápida propagação. O desequilíbrio ecológico favorece um ambiente propício ao aparecimento de novas pandemias, cada vez mais letais.

Por outro lado, aumenta desenfreadamente a população de insetos asquerosos como baratas, moscas, gafanhotos e outros bichos escrotos. Sem falar na proliferação de mosquitos transmissores de doenças. Todos beneficiados pelos desajustes ambientais e pela eliminação dos predadores naturais devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos.

Igualmente, a nefasta população de ratos, incluindo ratazanas (e ratinhos apresentadores) não para de crescer. Para cada humano que habita o planeta, contabilizam-se nada menos do que 3 ratos. E continuam se multiplicando pelos subterrâneos das concentrações urbanas desordenadas.

A exemplo desses repulsivos onívoros, os humanos continuam, tal como peste bubônica, a alastrar-se pelo planeta. Somos 7,5 bilhões de bocas famintas e sedentas a expandir presença por todos os continentes, quando há míseros 50 anos éramos menos da metade.

Da mesma forma, o número de bois, porcos e frangos, de cujos cadáveres são extraídas as carnes mais apreciadas, só aumenta. São mais de 1 bilhão de suínos e outro tanto de bovinos cujo terrível destino é um abatedouro sanguinolento a fim de alegrar nossos churrascos de fim de semana. No Brasil, o número de cabeças de gado já supera o número de habitantes. Frangos nem se fala. Mais de 20 bilhões no mundo, confinados em tétricos ambientes insalubres propulsores de gripes aviárias.

Não precisa ser matemático, demógrafo, cientista ou ambientalista para deduzir que tais dados apontam para um futuro insustentável e sombrio. Para atender suas necessidades imediatas, a raça humana está monopolizando a Terra, tornando-a um planeta inóspito para as próximas gerações.

 Para gáudio dos Ratinhos e outros representantes do agronegócio que, para engordar seu gado e seus lucros, intencionam fazer desse país um imenso fazendão.