domingo, 26 de julho de 2020

OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (4a PARTE)


Segue a continuação do levantamento dos principais rocks do século XX, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Vamos à 4ª parte da lista, por ordem crescente:


61) CREAM – SUNSHINE OF YOUR LOVE
O  Cream foi um power trio britânico formado pelos notáveis Eric Clapton, guitarra, Jack Bruce, baixo e Ginger Baker, bateria, com repertório centrado no blues, no rock e na psicodelia. Ainda que durando apenas quatro anos, teve capital importância, não apenas pela excelência instrumental de seus componentes mas pelo seu estilo que influenciou conjuntos de ponta como o Led Zeppelin e o Deep Purple. A banda já nasceu prestigiada, já que Clapton, provindo dos Yardbirds, era reputado um dos monstros sagrados da guitarra. Lançaram 4 lendários álbuns no período 1966/1969. Do segundo, DISRAELI GEARS (1967), essa pérola, SUNSHINE..., uma das suas faixas mais célebres, gravada até pela diva Ella Fitzgerald. Com a dissolução do Cream, Clapton e Baker reagruparam-se em outra histórica banda, o Blind Faith.

62) GRAND FUNK – I´M YOUR CAPTAIN
Essa banda, originalmente intitulada Grand Funk Railroad, com ativa presença nos anos 70, foi vítima de improcedentes críticas do establishment midiático. Embora produzindo um hard rock comparável aos grupos ingleses de primeira como Deep Purple e Black Sabbath, pegou a fama de banda comercial, possivelmente em virtude das táticas promocionais para vendê-la como banda essencialmente americana (revertidas em sua famosa canção WE’RE AN AMERICAN BAND). Alheio à celeuma, o grupo continuou criando rock de qualidade. Todos seus discos no período 1969/76 (o último produzido por ninguém menos do que Frank Zappa) tornaram-se clássicos. I’M YOUR CAPTAIN do álbum CLOSER TO HOME (1970), não obstante seus 10 minutos de duração (a mais comprida do grupo), é uma das mais populares faixas.

63) OASIS – WONDERWALL
O britpop, movimento musical surgido na década de 90 no Reino Unido (como contraponto ao grunge que vinha da América) inspirado em gloriosas bandas britânicas como Beatles, Stones e The Who, revelou grupos como Blur, Verve, Placebo, Suede e sobretudo Oasis. A banda comandada pelos irmãos Noel e Liam Gallagher obteve grande evidência, com seu segundo álbum (WHAT’S THE STORY) MORNING GLORY?, de 1995, sucesso absoluto (na Inglaterra foi o álbum mais vendido da década) e que revelou hits como ROLL WITH IT, CHAMPAGNE SUPERNOVA  e principalmente WONDERWALL. A composição de Noel, de temática romântica, foi enorme sucesso radiofônico. Teria, ao que se especula, como referência o álbum instrumental WONDERWALL MUSIC de George Harrison.

64) FRANK ZAPPA – DON´T EAT THE YELLOW SNOW
A alcance da obra de Zappa transcende o rock, abrangendo o jazz e a música erudita. Escolher em meio à sua vasta discografia de mais de 60 álbuns (alguns duplos e triplos) uma canção que o represente beira a heresia. DON´T EAT... desponta pelo fato de ser a faixa mais conhecida do álbum APOSTROPHE (1974), o único a conseguir a façanha de figurar entre os 10 mais vendidos da Billboard, algo inconcebível considerando-se as excentricidades do músico (os badalados JOE´S GARAGE e SHEIK YERBOUTI resvalaram a relação dos 20 primeiros). A canção, na verdade, é uma suíte de 4 partes, totalizando 10 minutos de duração, com uma letra absurda, compatível com a anarquia do artista. O álbum traz uma penca de instrumentistas de primeira linha como Jack Bruce, Jean Luc Ponty, Don Sugarcane Harris, George Duke e até a cantora Tina Turner.

65) SMITHS – THERE IS  A LIGHT THAT NEVER GOES OUT
Influente banda dos anos 80 centrada nas figuras de Morrissey (vocalista e letrista) e Johnny Marr (guitarrista, baixista, tecladista e compositor das melodias), os Smiths provieram do circuito alternativo e pertenciam ao catálogo da Rough Trade (a mais importante gravadora independente do Reino Unido). Apesar da curta existência, com apenas 4 álbuns, todos bem sucedidos, amealharam uma legião de fãs, inclusive no Brasil. O espólio da banda foi arrematado por Morrissey cuja carreira solo perdura até hoje. O artista que se notabilizara por sua pregressa postura ecológica e progressista, envolveu-se recentemente em embaraçosas posições xenófobas. A canção THERE IS A LIGHT..., do 3º álbum, THE QUEEN IS DEAD (1986), representa o ponto alto do grupo onde há um casamento perfeito entre os dois líderes.

66) RADIOHEAD – EVERYTHING IN ITS RIGHT PLACE
O Radiohead é uma das melhores, senão a melhor banda surgida nos últimos 30 anos. Embora já fosse anteriormente cultuada pelo público, conquistou aplausos da crítica com o aclamado OK COMPUTER (1997), um álbum divisor de águas, com canções como NO SURPRISES e KARMA POLICE. O grupo manteve-se no topo com KID A (2000) em que reforçou a agregação de elementos do jazz e da música eletrônica, reduzindo a presença das guitarras. A faixa EVERYTHING... (que foi até objeto de uma peça do compositor minimalista Steve Reich) é um exemplo dessa postura iconoclasta. Ambientalista e pacifista, o líder Thom Yorke (instrumentista, vocalista e compositor da banda) é avesso à badalação e parece incomodado com o sucesso, conduzindo a banda para caminhos cada vez mais imprevisíveis.

67) IGGY POP – THE PASSENGER
A carreira de Iggy Pop divide-se em duas fases: como membro e principal integrante da lendária banda The Stooges e em sua carreira individual. Com os Stooges, lançou 3 álbuns de 1969 a 1973 que, mesmo sem grandes vendas, tornaram-se reverenciados por inúmeros grupos como Ramones, Sex Pistols, Damned, Sonic Youth e Nirvana. Em sua carreira solo contou, de início, com a inestimável colaboração do amigo David Bowie nos álbuns THE IDIOT e LUST FOR LIFE, ambos de 1977. Esse último contém suas mais populares músicas, LUST FOR LIFE e THE PASSENGER. Bowie além de ter composto a faixa-título, participa como tecladista e nos backing vocals. A música THE PASSENGER sobre suas turnês, foi inspirada num poema de Jim Morrison dos Doors. Iggy alcançou a condição de mito mas seus trabalhos mais recentes não obtiveram tanta repercussão.

68) KING CRIMSON – 21st CENTURY SCHIZOID MAN
Trata-se de uma das bandas mais cultuadas pelos antenados em música de qualidade. Ainda que sua importância não reverta em vendas, adquiriu o status máximo de respeitabilidade sobretudo entre os aficionados em rock progressivo e jazz-rock. Sua música caracteriza-se por elaboradas estruturas que aproximam seu som do jazz e da música erudita contemporânea e até do rock pesado. Pela banda, passaram músicos lendários como Greg Lake, Adrian Belew e Bill Brufford, porém Robert Fripp foi o único membro permanente (embora tenha uma carreira paralela, além de parcerias com Brian Eno, David Sylvian e Andy Summers). Pinçar uma canção representativa desse grupo é tarefa penosa. O álbum inicial, IN THE COURT OF THE CRIMSON KING (1969) é identificado pela inconfundível arte da capa que retrata justamente o personagem a que se refere a faixa 21st CENTURY..., em que a veia roqueira da guitarra de Fripp aflora.

69) DEPECHE MODE – NEVER LET ME DOWN AGAIN
Essa é uma das bandas mais bem sucedidas dos anos 80/90. Pertence ao seleto clube dos que atingiram a marca de 100 milhões de discos vendidos, além de críticas favoráveis e importância histórica. Surfaram na new wave e firmaram-se com uma bem sucedida mistura de rock e música eletrônica, uma das preferidas nas pistas de dança. Até o nome (retirado de uma revista francesa) é chique. A formação é excepcionalmente estável. Os 3 integrantes atuais (Martin L Gore, David Grahan e Andrew Fletcher) estão praticamente desde o início. Um 4º integrante, Alan Wilder, deixou a banda em 1995 não sendo reposto. Dentre os diversos álbuns que se projetaram, MUSIC OF THE MASSES (título que obviamente é uma ironia) destacou-se. O álbum é considerado um marco da música eletrônica, tendo revelado dois temas conhecidos: STRANGELOVE e NEVER LET..., ambas de autoria de Gore.

70) CREEDENCE CLEARWATER – I HEARD IT THROUGH THE GRAPEVINE
A simpática banda dos irmãos John e Tom Fogerty é bastante popular no Brasil onde seus singles alcançaram ótimas posições nas paradas: PROUD MARY, WHO´LL STOP THE RAIN, BAD MOON RISING, GREEN RIVER, HEY TONIGHT, BORN ON THE BAYOU, SUZI Q, LODI, TRAVELIN’ BAND, HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN, etc., espalhados nos 6 álbuns do grupo. Foram reunidos na coletânea CHRONICLE. Só que nessa compilação I HEARD... saiu truncada com 3:52 minutos (exceto na versão importada do CD). A canção, uma das poucas cuja autoria não é do grupo, foi composta por Norman Whitfield para a interpretação de Gladys Knight & The Pips, tornando-se popular na voz de Marvin Gaye. A versão integral de 11 minutos para o clássico soul com um belo arranjo roqueiro faz parte do álbum COSMO´S FACTORY (1970)

71) ROXY MUSIC – IN EVERY DREAM HOME A HEARTACHE
O vocalista Bryan Ferry e o tecladista Brian Eno (produtor de álbuns do U2 e do Coldplay) que individualmente construíram sólidas e bem sucedidas carreiras artísticas, deram seus passos iniciais nessa banda inglesa de que eram integrantes. Apesar de não ter alcançado expressivas vendas de discos, tornou-se referência. Com a precoce saída de Eno, o grupo deu uma guinada para um som menos experimental, semelhante ao estilo que Ferry iria imprimir em sua performance como crooner. A épica formação original (que incluía o brilhante guitarrista Phil Manzanera que mais tarde trabalharia com David Gilmour do Pink Floyd) durou apenas dois álbuns. IN EVERY... (uma mórbida ode de Ferry a uma boneca inflável) é a principal faixa do álbum FOR YOUR PLEASURE (1973), tido como a obra mais arrojada do grupo, a última a contar com a presença de Eno.

72) BOSTON – MORE THAN A FEELING
Nascida na segunda metade dos anos 70, o Boston, com um repertório de rock básico, alcançou formidável sucesso, sobretudo nos EUA. Seu primeiro trabalho de 1976 é considerado um dos álbuns de estréia comercialmente mais bem sucedidos da história, com 25 milhões de cópias vendidas, 2/3 das quais apenas nos EUA. A maior parte desse sucesso se deve à faixa de abertura, o mega-hit MORE THAN A FEELING, composto pelo guitarrista/baixista Tom Scholz em homenagem a um antigo amor. A canção ficou de tal modo encravada no imaginário americano que se tornou largamente requisitada para trilhas sonoras de filmes e séries. O vocalista Brad Delp, a cuja irrepreensível interpretação deve-se boa parte desse êxito, suicidou-se em 2007, mas a banda permaneceu na ativa.

73) MEGADETH – HOLY WARS… THE PUNISHMENT DUE
Provindo do Metallica, o vocalista/guitarrista Dave Mustaine fundou o Megadeth, do qual é o único membro permanente (o resto da formação do grupo é bastante inconstante), preservando a linha thrash do qual se firmou como um dos principais expoentes, ao lado do Slayer e do próprio Metallica. Em sua fase mais recente, abandonou os típicos temas satânicos em virtude de o líder ter-se convertido ao cristianismo. A exemplo do Iron Maiden, as capas dos álbuns do grupo trazem um bizarro mascote batizado de Vic Rattlehead. O 4º álbum, RUST IN PEACE (1990), em que o grupo contava com a presença do exímio guitarrista Marty Friedman, traz HOLY WARS..., possivelmente a mais conhecida do grupo americano, canção que aborda o conflito Israel X Palestina.

74) KRAFTWERK – AUTOBAHN
Escutando hoje, as trips sonoras do Kraftwerk podem soar um tanto extemporâneas. Para a época em que foram produzidas, todavia, representaram um ousado lance de modernidade e pioneirismo. O grupo alemão de música eletrônica formado em 1970 por Ralf Hütter e Florian Schneider teve decisiva influência em diversos estilos musicais posteriores como o rock experimental, a dance music, a new wave, a ambient music e o minimalismo. AUTOBAHN foi o quarto álbum do grupo e o primeiro a alcançar projeção mundial. Entrou na lista de best sellers, uma surpresa para esse estilo de música, incomum para a época.  A faixa-título de 22 minutos é uma viagem (em todos os aspectos) por uma “autobahn” (auto-estrada). Apesar da predominância de sintetizadores, o grupo utiliza-se de violino, guitarra, piano e sopros.

75) PAUL McCARTNEY & WINGS – BAND ON THE RUN
A banda formada pelo ex-Beatle, ainda que não seja páreo para o quarteto de Liverpool, construiu uma carreira invejável em seus 8 anos de atuação. Nesse ínterim, sofreu diversas mudanças, mantendo-se no grupo, além de Paul e sua mulher Linda, apenas o guitarrista Denny Laine (ex-Moody Blues).  Cinco dos álbuns lançados pelo grupo chegaram à liderança nos EUA e/ou Reino Unido. BAND ON THE RUN (1973) marcou o apogeu do grupo inglês (o último pelo selo Apple, do qual Paul se desligou), tendo sido em diversos países o álbum mais vendido de 1974. O sucesso foi puxado por dois hits: JET e a que dá nome ao álbum, uma canção que começa compassada até que as guitarras dão o sinal para uma triunfal guinada rocking.

76) ANIMALS – THE HOUSE OF THE RISING SUN
Essa canção folclórica americana recebeu dezenas de gravações, inclusive de figuras lendárias como Woody Guthrie, Leadbelly, Joan Baez, Bob Dylan e Nina Simone. Mas a versão definitiva é dos Animals, sucesso estrondoso em todo o mundo. Inexplicavelmente, a música saiu truncada (2:58 minutos) no primeiro álbum do grupo de 1964, calcado em clássicos do blues e R&B. Sua versão integral (4:29) viria a ser recuperada apenas na coletânea BEST OF ANIMALS (1966). A banda liderada pelo vocalista Eric Burdon emplacou outro êxito, DON´T LET ME BE MISUNDERSTOOD (consagrada pela versão disco do Santa Esmeralda). Mais tarde, com a saída do tecladista Alan Price, a banda foi rebatizada como Eric Burdon and The Animals com repertório mais contemporâneo, emplacando mais um hit, SAN FRANCISCAN NIGHTS.

77) CULT – SHE SELLS SANCTUARY
A banda inglesa, liderada pelo vocalista Ian Astbury nasceu Southern Death Cult, passou a ser Death Cult e terminou como The Cult apenas. O estilo também evoluiu do pós-punk para o hard rock. Sem dúvida, o grande êxito do grupo é a canção SHE SELLS SANCTUARY, do álbum LOVE (1985), o segundo da sua carreira. Ainda que tenha sido uma produção independente, lançado pela histórica gravadora alternativa Beggars Banquet, o álbum galgou as primeiras posições em diversos países, com bom desempenho inclusive no Brasil. O single também foi muito bem com diversas versões e remixes. No álbum seguinte, ELECTRIC (1987), The Cult converteu-se de vez do gótico para o rock pesado, gravando inclusive o clássico BORN TO BE WILD, o lendário hino do Steppenwolf.

78) DEAD KENNEDYS – CALIFORNIA ÜBER ALIS
Essa é uma das mais autênticas bandas de punk rock com uma postura deliberadamente impactante e letras mordazes. Em seu período áureo foi liderada por Jello Biafra (codinome de Eric Reed Boucher), que combinava sua atuação como vocalista e compositor com ativismo político (chegou a ser candidato a prefeito de San Francisco). Fundaram a gravadora Alternative Tentacles para divulgar o trabalho de outras bandas punks, muitas das quais se tornaram famosas como Black Flag e Brujeria. Foi por essa gravadora que saiu o single CALIFORNIA ÜBER ALIS (com pesadas críticas ao governador Jerry Brown da Califórnia), o maior sucesso do grupo, que passou a integrar o álbum FRESH FRUIT FOR ROTTING VEGETABLES (1980). Com a saída de Jello, o grupo perdeu o vigor de outrora.

79) PROCOL HARUM – A SALTY DOG
Quando se fala em Procol Harum, imediatamente vem à mente a balada A WHITER SHADE OF PALE, um mega-sucesso em compacto simples que atingiu o primeiro lugar em muitos países (inclusive no Brasil). Mais duas canções suas alcançaram as paradas, HOMBURG e CONQUISTADOR. Entretanto, a obra do conjunto inglês comandado pelo vocalista/tecladista Gary Brooker vai muito além. É tido como um dos mais prestigiados grupos de rock progressivo dos anos 60/70. Para os fãs, o álbum A SALTY DOG (1969), puxado pela canção homônima é uma boa referência. O grupo revelou o guitarrista Robin Trower que fez uma bem sucedida carreira com uma banda que leva o seu nome.

80) SLADE – CUM ON FEEL THE NOIZE
Essa música teve duas versões famosas. Lançada pelo grupo Slade em um single de 1973, foi direto ao topo da parada britânica (proeza só conseguida pelos Beatles com GET BECK, 4 anos antes), permanecendo na liderança por várias semanas. Uma década depois, foi regravada também em single pelo grupo heavy metal Quiet Riot, igualmente alcançando as primeiras posições, só que nos EUA, catapultando as vendas do álbum em que foi incluída, METAL HEALTH. No mercado americano, onde o Slade jamais conseguiu ter grande penetração (ainda que tenha se mudado para a América justamente mirando esse objetivo), muitos desconheciam a versão original. O fato é que o Slade não teve com seus álbuns o mesmo sucesso alcançado por seus singles. CUM FEEL..., por exemplo, pode ser encontrado apenas na coletânea SLADEST (1973). Não obstante, SLADE ALIVE! (1972) é considerado um dos melhores álbuns ao vivo de rock.



sexta-feira, 17 de julho de 2020

OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (3ª PARTE)


Segue a continuação do levantamento dos principais rocks do século XX, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Vamos à 3ª parte da lista, por ordem crescente:



41) RAMONES – BLITZKRIEG BOP
O propósito dos Ramones era resgatar a garra que o rock vinha perdendo ao longo dos anos 70. Sua conduta radical com faixas curtas, vigorosas e instrumentação básica acabou conferindo-lhes a fama de precursores do punk rock. Apesar de não serem propriamente grandes vendedores de discos, tornaram-se referência. Chegaram a ser indicados pela revista Spin como o 2º maior grupo de rock da história, apenas atrás dos Beatles. Os membros que passavam pela banda (Joey, Dee Dee, Marky...) adotavam o sobrenome Ramone agregado ao respectivo pseudônimo, ao que se supunha terem vínculos parentais. BLITZKRIEG BOP foi o primeiro single da banda nova-iorquina, sendo também a faixa de abertura do álbum de estreia (1976). É um petardo sonoro de apenas 2 minutos que contém o grito de guerra do grupo: “Hey Ho Let´s Go”

42) LOU REED – WALK ON THE WILD SIDE
Lou Reed teve dupla importância para o rock: como líder da icônica banda Velvet Underground (1967/1970) e depois em sua carreira individual. O primeiro álbum após deixar o VU não teve boa repercussão, ao contrário do seguinte, TRANSFORMER (1972), que, sob a produção de David Bowie, foi muito bem recebido. Após isso, Reed lançaria mais duas obras primas: o arrojado BERLIN e o pulsante ROCK´N’ROLL ANIMAL (ao vivo) não mais conseguindo reeditar trabalhos de impacto até sua morte. WALK ON THE WILD SIDE e PERFECT DAY, suas músicas mais célebres, saíram no mesmo single, vindo a integrar TRANSFORMER que ainda contém VICIOUS e SATTELITE OF LOVE, outras faixas conhecidas. WALK ON... tem uma letra atrevida, induzindo à aventura pelo “lado selvagem” para aproveitar a vida. Supôs-se ser um convite ao uso de drogas ou novas experiências sexuais (Lou Reed era bissexual), o que lhe valeu o banimento de diversas rádios.

43) SCORPIONS – ROCK YOU LIKE A HURRICANE
Esse dinossauro do rock, 55 anos de estrada, que alterna rock pesado e baladas grudentas conquistou a consagração definitiva com o álbum LOVE AT A FIRST THING (1984). O disco contém dois dos três mega-sucessos da banda germânica: a romântica STILL LOVING YOU que invadiu a programação das FMs e ROCK YOU LIKE A HURRICANE, com sua forte conotação sexual (“Meu corpo está ardendo... o desejo está vindo, ele arrebenta estrondosamente...o lobo está faminto... está lambendo os beiços”. E por aí vai)   A terceira é WIND OF CHANGE, sobre os ventos da mudança por que passava a Alemanha após a queda do muro de Berlim. A compilação BEST OF ROCKERS´N’ BALLADS de 1989 com excepcional desempenho comercial reúne os três hits.

44) ALLMAN BROTHERS – JESSICA
Essa lendária banda americana é a maior representante do Southern Rock. Seus três primeiros álbuns (o último dos quais, AT FILLMORE EAST, um dos discos ao vivo mais cultuados do rock) contaram com a participação do exímio guitarrista Duane Allman, falecido em 1971 num acidente de moto. Ladeado por Dickey Betts (que assumiu a guitarra principal), Gregg Allman tocou a banda que mesmo sem a presença do idolatrado irmão (e do baixista Berry Oakley também vitimado em acidente de moto), viria a lançar BROTHERS AND SISTERS (1973) que, além de se tornar o álbum mais vendido, reúne os temas mais conhecidos: RAMBLIN’ MAN e JESSICA. Essa última, totalmente instrumental, uma homenagem ao guitarrista de jazz Django Reinhardt, foi dedicada por Dickey à sua filha Jessica.

45) RUSH – TOM SAWYER
Há uma irresolvida controvérsia se o Rush é uma banda progressiva. Embora seja melhor categorizado como hard rock, difere-se por seus arranjos elaborados e por ter álbuns conceituais como o CARESS OF STEEL e 2112, que abrigam suítes de 20 minutos de duração. Polêmicas á parte, o fato é que o grupo canadense cativou uma invejável legião de admiradores. TOM SAWYER do álbum MOVING PICTURES (1981) destaca-se como sua faixa mais conhecida. Trecho da música foi até adotado na abertura do seriado “McGyver, Profissão Perigo” exibido pela Globo. A canção transpõe para os tempos modernos o personagem infantil de Mark Twain, bastante popular na América do Norte.

46) CLASH – LONDON CALLING
Mesmo sem abrir mão de sua atitude punk, The Clash diferenciou-se das demais bandas do gênero por seu ecletismo sonoro, flertando com o ska, o funk, o reggae e o dub. Outra característica foi sua postura altamente engajada. Com o álbum duplo LONDON CALLING (1979), o terceiro da carreira, o grupo britânico conquistou a América, tendo sido reconhecido pela revista Rolling Stone como o mais importante dos anos 80. O destaque é a faixa que dá título ao álbum e expõe as preocupações políticas de Mick Jones (o autor com Joe Strummer). Num lance de ousadia, lançaram um álbum triplo, SANDINISTA (em homenagem ao grupo rebelde nicaragüense) que deveria ser vendido a preço acessível, o que motivou desavenças com a gravadora CBS. A consagração definitiva veio com COMBAT ROCK (1982) que contém seus outros dois grandes hits, SHOULD I STAY OR SHOULD I GO? e ROCK THE CASBAH.

47) AEROSMITH – DREAM ON
Essa banda de Boston teve uma trajetória bastante peculiar. Adotou de início um repertório calcado no hard rock com influências do blues. DREAM ON (do vocalista Steven Tyler), vigorosa balada do álbum de estreia (1973) é dessa fase.  Após uma série de percalços como problemas com drogas e divergências internas, a banda entrou em declínio. Todavia, no final dos anos 80, numa espetacular reviravolta, retornaram ao cume com álbuns extremamente bem sucedidos como PUMP e GET A GRIP. Para tanto, assumiram um repertório de apelo comercial com canções como I DON´T WANNA MISS A THING, CRAZY e CRYIN’. O saldo foi a bagatela de mais de 150 milhões de álbuns vendidos (quase metade nos EUA), tornando-se uma das bandas americanas que mais vendeu discos no mundo.

48) MOTÖRHEAD – ACE OF SPADES
Um power trio do feitio do Motörhead, com guitarras rápidas, som pesado e letras malcriadas não estava predestinado a emplacar hits. Ledo engano. ACE OF SPADES invadiu as paradas de todo o mundo. A sonoridade do grupo inglês coloca-se na fronteira entre o heavy e o punk, num estilo que poderia ser categorizado como speed metal ou thrash metal. ACE OF SPADES (que trata de um tema transcendental, o poker) tornou-se o hino do Motorhead e puxou as vendas do homônimo álbum (1980), o melhor do grupo britânico. A banda encerrou as atividades em 2015 com a morte do carismático baixista/vocalista Lemmy Kilmister, seu líder e fundador, reverenciado por sua presença forte, sua pronunciada costeleta, seu chapéu preto de cowboy e sua inconfundível voz rouca.

49) TALKING HEADS – PSYCHO KILLER
Os ‘Cabeças Falantes’ nasceram como uma banda new wave, mas logo se sobressaíram pelo experimentalismo e pela busca de novas sonoridades. Aos poucos, os desígnios pessoais do inconteste líder David Byrne  começaram a aflorar, até que a banda se dissolveu após 15 anos e 8 elogiados álbuns de estúdio. Em sua carreira individual, Byrne aproximou-se da world music inclusive da música brasileira (lançou Tom Zé no mercado internacional). Dos Talking Heads, restaram duas memoráveis músicas: PSYCHO KILLER (do álbum inicial) e BURNING DOWN THE HOUSE (do SPEAKING IN TONGUES). As duas aparecem juntas em performances ao vivo no álbum STOP MAKING SENSE (1984), transposto para o cinema.

50) VELVET UNDERGROUND – PALE BLUE EYES
O famosíssimo “disco da banana” (Andy Warhol), o primeiro da enxuta discografia do VU (1967), com a participação da cantora Nico, apesar de ter vendido uma merreca, é um dos discos mais reverenciados da história do rock. Todavia, a música mais badalada do grupo, PALE BLUE EYES, é de outro álbum (o de 1969), mais melódico e menos conhecido, já sem a participação de John Cale. A música é interpretada por Lou Reed que a compôs em homenagem ao seu primeiro amor, que curiosamente tinha olhos castanhos. Tornou-se um sucesso, tendo sido gravada por Patti Smith, Sheryl Crowl, Emmylou Harris, Andrea Corr (dos Corrs), R.E.M., Counting Crows, Killers e até Marisa Monte no álbum COR DE ROSA E CARVÃO.   

51) CURE – BOYS DON´T CRY
A banda que começou sob a influência do punk e da new wave e acabou se firmando como a preferida de góticos e darks tem uma longa carreira, permanecendo por décadas em atividade. É identificada pelo aspecto sombrio e letras niilistas, imagem de que tem procurado se afastar para ampliar seu público. Passou por diversas formações, sempre sob o comando do vocalista e guitarrista Robert Smith, facilmente identificável pelas roupas pretas, maquiagem cadavérica e cabelo esgrouvinhado que inspirou Tim Burton a criar o personagem Edward Mãos de Tesoura. A balançante BOYS DON´T CRY, uma das mais famosas canções do grupo inglês, saiu em single avulso de 1979, sendo incluída no álbum homônimo do mesmo ano, na verdade uma coletânea. A letra trata da contenção das lágrimas ante um amor perdido, já que “garotos não choram”.

52) FOCUS – HOCUS POCUS
Esse estupendo grupo progressivo holandês mereceria figurar no topo se os critérios fossem estritamente qualidade, criatividade e competência. Além de ser a banda de maior relevância provinda da Holanda, o Focus tem outra peculiaridade: seu repertório é basicamente de temas instrumentais, cortejando não raramente a música erudita. Tem pelo menos 3 canções antológicas: HOUSE OF THE KING, SYLVIA e sobretudo HOCUS POCUS. Essa última, composição dos geniais Thijs Van Leer (flautista e vocalista) e Jan Akkerman (guitarrista) puxou as vendas do álbum MOVING WAVES (também chamado de FOCUS II) de 1971, o qual ingressou nas paradas apesar de seu experimentalismo. A canção faz uma combinação insólita: a vocalização à tirolesa de Van Leer duela com a célere guitarra de Akkerman. O resultado é primoroso.

53) PETER FRAMPTON – DO YOU FEEL LIKE WE DO?
Embora tenha provindo da prestigiosa banda Humble Pie, Frampton não era tido como um nome do primeiro time do rock. Tudo mudou quando lançou o FRAMPTON COMES ALIVE! (1976) que alcançou um sucesso sem precedentes, tornando-se um dos discos ao vivo mais vendidos da história, mais surpreendente ainda por tratar-se de um álbum duplo. Duas baladas emplacaram e até hoje desfilam nas FM´s: SHOW ME THE WAY e BABY, I LOVE YOUR WAY. Para os roqueiros, o ponto alto fica por conta de DO YOU FEEL... em que o artista britânico utiliza-se habilmente o recurso da ‘guitarra falada’. A faixa, a despeito de seus 14 minutos, emplacou na programação das rádios especializadas.

54) ALICE COOPER – NO MORE MR. NICE GUY
Há duas fases: de 1969 a 1973, quando Alice Cooper era o nome de uma banda liderada pelo vocalista Vincent D Furnier; e, a partir de então, quando Vincent adotou o nome artístico de Alice Cooper (como é até hoje reconhecido) passando a fazer carreira solo. Ainda que a teatralidade bizarra das apresentações estivesse sempre presente, a fase coletiva inicial foi a que produziu os mais brilhantes trabalhos. Com o álbum BILLION DOLLAR BABIES (1973) que chegou à liderança nos EUA e na Inglaterra, o grupo atingiu o pico não apenas em qualidade mas comercialmente. O álbum que contou com a participação de Donovan Leitch e Marc Bolan teve várias canções de sucesso como ELECTED, HELLO HOORAY, BILLION DOLLAR BABIES e NO MORE MR NICE GUY, esta expressando as mazelas de ser um ‘rapaz legal’ (nice guy).

55) PRETENDERS – MIDDLE OF THE ROAD
Um dos poucos conjuntos de rock que tiveram como figura central uma mulher, Chrissie Hynde, vocalista, guitarrista, compositora e único membro permanente. Após uma estreia excepcionalmente bem sucedida com dois álbuns exitosos, a banda sofreu um pesado revés com a morte por overdose de dois integrantes. Passado o trauma, veio o terceiro álbum, LEARNING TO CRAWL (1984) com nova formação em torno da líder. Desse disco, MIDDLE OF THE ROAD, a mais roqueira dentre as canções de maior sucesso do conjunto anglo-americano (as outras são DON´T GET ME WRONG e BACK ON THE CHAIN GANG). Finaliza com uma brilhante solo de gaita (tocado como não podia deixar de ser pela onipresente Chrissie). O “meio da estrada” da letra foi inspirado na filosofia do livro taoísta Tao Te King de abraçar o caminho do meio.

56) FLEETWOOD MAC – DREAMS
Sob a batuta do lendário guitarrista Peter Green, o Fleetwood Mac iniciou sua carreira com predominância do blues. Nessa fase, algumas canções se destacaram como ALBATROSS e BLACK MAGIC WOMAN (que viria a fazer sucesso com o Santana). A trajetória do grupo sofreu uma metamorfose radical com a saída de Green e o posterior ingresso do casal Lindsey Buckingham (guitarra) e Stevie Nicks (vocais) que conferiu à banda um estilo mais próximo do pop, ainda que de qualidade. O apogeu ocorreu com o álbum RUMOURS (1976) cujo sucesso meteórico elevou o conjunto anglo-americano ao status de superstar. O grande destaque é a faixa DREAMS, composta e interpretada por Nicks. Nos anos 90, um cover da música catapultou para a fama o grupo The Corrs.

57) EAGLES – HOTEL CALIFORNIA
Com um repertório calcado no country-rock, esse grupo essencialmente americano, tornou-se um fenômeno de vendas. Estima-se ter no crédito mais de 150 milhões de discos, 2/3 só nos EUA, onde seu Greatest Hits 1971/1975 é o disco mais vendido da história. Ainda que não estivesse presente nessa coletânea, HOTEL CALIFORNIA, do álbum homônimo (1976), firmou-se como a música mais conhecida do grupo. Composta pelos integrantes Glenn Frey, Don Henley e Don Felder tornou-se conhecidíssima mundo afora, não obstante seus 6:30 de duração e um dos solos de guitarra mais venerados da história (que a gravadora tentou banir para encurtar a faixa) com a participação de Joe Walsh, recém ingresso na banda. O significado da letra é até hoje um mistério: nem Henley nem Frey, autores da letra conseguem ser claros sobre o simbolismo do referido hotel.

58) RED HOT CHILI PEPPERS – CALIFORNICATION
No começo de carreira, o repertório dessa banda agregou estilos como o funk e o rap. George Clinton, um dos papas do funk, foi inclusive o produtor do álbum FREAKY STYLEY. Mas o grande êxito veio com BLOOD SUGAR SEX MAGIK, sob a hegemonia do talentoso guitarrista John Frusciante que ingressara na banda mas dela viria a afastar-se. Seu retorno ao RHCP nove anos após, com o álbum CALIFORNICATION (1999), um sucesso astronômico de vendas, marcou o reencontro com a boa fase. A obra (a começar pela arrojada capa) representou uma mudança de rumos e um amadurecimento musical do grupo, visto até então como inconsequente e festeiro. A faixa título (com críticas à indústria cultural) e seu vídeo promocional em ritmo de videogame puxou o sucesso do álbum.

59) RENAISSANCE – CAN YOU UNDERSTAND?
O álbum ASHES ARE BURNING (1973) do grupo Renaissance é uma das mais primorosas obras produzidas pelo rock progressivo nos anos 70. O grupo inglês é reconhecido por praticar uma mistura bem sucedida de rock, folk e música renascentista. Esse álbum, o quarto e mais bem sucedido de sua carreira, com 6 soberbas faixas, escalou uma orquestra para secundar os belos arranjos acústicos para teclado e violão (a guitarra elétrica é quase um detalhe) e a comovente interpretação de Annie Haslam, uma das vozes femininas mais cativantes da música pop. CAN YOU UNDERSTAND?, a faixa de abertura é uma ode à expansão da percepção, desvendando os mistérios do mundo. Há também LET IT GROW, uma canção singela que chegou a ganhar as rádios, inclusive no Brasil.
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60) DURAN DURAN – ORDINARY WORLD
O Duran Duran foge do padrão roqueiro tradicional. Ao invés da aparência desmazelada, a marca era visual sofisticado e roupas elegantes confeccionadas por estilistas, o que provocava desdém de metaleiros e punks. Nada disso afugentou os fãs: vendeu quase 100 milhões de discos. É a maior porta-voz dos ‘new romantics’, um sub-estilo da new wave identificado por canções românticas com uso intensivo de sintetizadores (synthpop), representado também por grupos como o Depeche Mode, Ultravox, Human League e Spandau Ballet. O grande êxito foi o álbum RIO (1982) que traz clássicos como SAVE A PRAYER e RIO. A formação da banda inglesa não sofreu grandes alterações ao longo de sua carreira mas vinha numa progressiva saturação até conseguir emplacar em 1993 o WEDDING ALBUM que puxado pela faixa ORDINARY WORLD, retomou os tempos de glória.