terça-feira, 29 de setembro de 2020

DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL

 


Uma antiga lenda indígena relata como se deu o surgimento da vida.

No início, havia apenas trevas e do interior do nada, Tupã fez germinar a luz. No negro céu, em meio a um infindável vazio, o poderoso senhor dos trovões criou o sol, fonte incandescente de luminosidade, a lua e as estrelas com seu brilho ameno.

Durante o dia, sob a égide do deus Guaraci, a vida pulsaria fulgurante, multicolorida. À noite, envoltos no manto da escuridão e da quietude, os seres viventes se recolheriam, repousariam e recuperariam suas forças, acolhidos pela terna proteção da deusa Jacy.

Curupira e Caipora foram designados guardiões das matas e dos animais. À divina Yara, coube a missão de reger os mares, lagos, rios, pororocas, piracemas, igapós e igarapés, através dos quais a sabedoria perene das águas espalharia o sêmen da vida ao longo do Solimões para além das terras de Marajó.

Rupave e Sypave, respectivamente o pai e a mãe de todos os humanos foram moldados no barro. Um sopro divino conferiu-lhes o dom da anima. E puderam assim gerar homens e mulheres que se multiplicariam pelos vales e colinas.

Advertiu-lhes com severidade o sábio criador:

“Deixo-vos este Eldorado para ser vossa morada, para que possais nele criar vossa prole com fartura. Que a terra fértil possa abastecer de tudo o que vossas necessidades rogarem.

Os frutos da terra nutrirão a todos e dela emergirá o maná abençoado em profusão para os vossos filhos e para os filhos dos vossos filhos. As águas puras, frescas e cristalinas a brotar magicamente das pedras aplacarão prazerosamente vossa sede. As árvores exalarão bálsamos revigorantes e vos guarnecerão proteção contra os efeitos abrasivos do sol e um ninho acolhedor quando precisardes descansar vossos corpos. O fogo propiciará aquecimento para enfrentardes o frio e tornará palatáveis os alimentos.

Essas oferendas a vós concedidas farão das terras um éden para usufruirdes de uma existência plena e radiante, ainda que efêmera. Confio que usareis sabiamente as dádivas para fazerdes jus à felicidade que elas vos proporcionarão.

Tais bênçãos, todavia, não são privilégio de seres como vós, mas proverão as necessidades das demais formas de vida com quem convivereis, animais e plantas que convosco partilharão o espaço: borboletas, besouros, araras, andorinhas, arapongas, periquitos, tucanos, tamanduás, jaguatiricas, macacos, antas, capivaras, sucuris, sapos, jacarés, pirarucus, tucunarés, tambaquis, pacus, açaís, buritis, cupuaçus, ingás, jacarandás, ipês, cedros, jatobás...”

E assim os primeiros homens e mulheres, deslumbrados com a abundância de cores e formas que o generoso deus lhes havia oferecido, sentiram-se gratos pela bem-aventurança de que foram beneficiários e preservaram com zelo o que lhes cercava.

Essa harmonia entre entes tão distintos não chegou a ser gravemente abalada quando advieram aos humanos sentimentos de cobiça e rivalidade que colocaram irmão contra irmão e puseram em pé de guerra as tribos, surgindo os primeiros embates, sob o olhar reprovador de Tupã.

Ainda assim, o misericordioso relevou tais transgressões e entendeu que os seres, imperfeitos e mortais que eram, não chegariam mesmo a um congraçamento universal como seria de seu agrado. E a vida manteve seu tênue equilíbrio por muitas e muitas luas.

A situação não perdurou quando jovens guerreiros, tomados pela ambição, fizeram aliança com os espíritos malignos que sempre estiveram rondando, esperando a oportunidade para infundir a discórdia.

Abdicando da coexistência pacífica, prepararam-se para a guerra em busca de maior poder. Para ampliar seu domínio, subjugaram as espécies mais dóceis e eliminaram diversas formas de plantas e animais, empobrecendo a diversidade.

O boto rosa não mais foi avistado. A harpia alçou as asas em direção ao infinito. E o canto de Uirapuru nunca mais pôde ser ouvido.

Ervas utilizadas secularmente pelos xamãs em seus preparos foram extirpadas. Foram abolidos os rituais de pajelança e desdenhada a sabedoria milenar dos ancestrais. Sem os elixires, os males e as pragas divinas se espraiaram.

Rompido o equilíbrio, os mares ficaram revoltos, os ventos cada vez mais furiosos, a aridez da terra alastrou-se, a vida fragilizou-se.

Com seu uso desvirtuado, o fogo transformou-se em arma de extermínio e a fumaça cobriu a luz do sol e o brilho das estrelas. O ar e a água foram envenenados. O vívido azul dos mares e o cintilante verde das matas tornaram-se cinzentos e opacos.

Tupã assistiu tristonho o ocaso da vida que fizera brotar ao longo de rios, campos e montanhas. A obra da sagrada divindade fora corrompida pela ganância. As ruínas do seu reino foram apropriadas por Anhangá, o deus da morte que assumiu o comando.

Conta-se que o criador ao ver sua obra desfeita pela criatura, não a castigou nem reagiu. Deixou o inexorável destino cumprir sua sina, sem impedir que as ações insanas dos humanos sobre eles próprios revertessem seus nefastos efeitos, provocando sua auto-destruição.

Tupã se recolheu. Diz-se que se transmutou em espírito protetor de uma floresta distante, fora do alcance da insensatez. Sua voz grave porém ressurge retumbante e assustadora no ribombar dos trovões, quando as tempestades, cada dia mais fortes e avassaladoras, desabam sua fúria sobre os herdeiros da terra devastada.

 

 

domingo, 13 de setembro de 2020

ROCK BRASIL OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (5ª PARTE)

 Conclusão do levantamento dos 100 principais exemplares do rock ‘brazuca’, que obedeceu a dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Vamos à parte final da lista, por ordem crescente:

 

81) AVE SANGRIA – SOB O SOL DE SATÃ

A mistura ritmos regionais com rock caracteriza essa banda pernambucana comandada por Marco Polo (que compôs quase todas as faixas) e contava com o guitarrista Ivinho, um dos maiores do país, falecido em 2015. O prestígio de Ivinho tornou-se internacionalmente reconhecido depois de sua brilhante apresentação no Festival de Montreux (registrada em disco). Sua performance pode ser apreciada em SOB O SOL..., faixa do único álbum do AVE SANGRIA (1974). O LP enfrentou problemas com a censura do regime militar que recolheu todas as cópias em virtude da faixa SEU WALDIR (por alusão ao homossexualismo). Com o tempo, o grupo tornou-se lendário por ter sido considerado um dos expoentes da ‘psicodelia nordestina’. Surfando nessa onda, 3 dos integrantes originais da banda reuniram-se em 2019 para gravar o álbum VENDAVAIS (disponibilizado exclusivamente pela internet).

 

82) ROBERTINHO DE RECIFE – METAL MANIA

Um dos mais exímios guitarristas do Brasil transitou sem preconceitos pelos mais discrepantes gêneros. Da ingenuidade da Jovem Guarda até a excelência da música instrumental de Hermeto Paschoal, Dominguinhos e Sivuca. Fundou o grupo infanto-juvenil Yahoo, acompanhou Xuxa e Os Trapalhões enquanto tocou ao lado de mestres internacionais do blues, jazz e rock como John Lee Hooker, Taj Mahal, Stanley Clarke, Deep Purple e Chicago. Ao mesmo tempo em que acompanhou cantores ditos ‘bregas’ como Rosana, Elymar Santos e Agnaldo Timóteo, conduziu grupos vanguardistas de rock psicodélico como Flaviola e Marconi Notaro. Tem 2 álbuns instrumentais dedicados ao rock: RAPSÓDIA DO ROCK (em que toca temas clássicos ao ritmo de rock) e METAL MANIA dedicado ao rock pesado, onde se destaca a canção-título.

 

83) GAL COSTA – VAPOR BARATO

Embora seu nome hoje esteja mais especificamente ligado à MPB, foram as interpretações viscerais de Gal na época do tropicalismo que a qualificaram uma das melhores cantoras do país. Isso é especialmente válido para o período inicial da cantora que abrange seus 2 álbuns de 1969, o de 1970, LEGAL, e FA-TAL, A TODO VAPOR, álbum duplo ao vivo, de 1971. Todos estes 4 trabalhos indiscutivelmente remetem ao rock, em boa parte devido à marca da presença do guitarrista Lanny Gordin. Do álbum ao vivo, a histórica performance de Gal (em que é frequentemente comparada a Janis Joplin) de VAPOR BARATO, composição de Wally Salomão e Jards Macalé com mais de 8 minutos de duração.  16 anos após, no show ACÚSTICO MTV de Gal, a música voltaria à tona com o acompanhamento de Zeca Baleiro.

 

84) BIQUINI CAVADÃO – ZÉ NINGUÉM

A banda carioca é uma das mais expressivas representantes da segunda geração de grupos surgidos nos anos 80. Emplacou de cara o hit TÉDIO, gravado em single com a participação na guitarra de Herbert Vianna (de quem veio a sugestão do nome da banda). A música ingressou no primeiro álbum do grupo, CIDADES EM TORRENTE de 1986 que teve presença também de Renato Russo, Celso Blues Boy e Armando Marçal na percussão. O álbum DESCIVILIZAÇÃO (1992) marcou a consagração definitiva do grupo, com 2 sucessos: ZÉ NINGUÉM e VENTO VENTANIA, esta a música mais executada do ano. ZÉ NINGUÉM com sua letra politizada (“Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém, aqui embaixo as leis são diferentes”) foi utilizada até em manifestações de rua.

 

85)PEPEU GOMES – MALACAXETA

Embora o artista soteropolitano seja conhecido como intérprete de músicas banais que tocaram ao rádio, algumas junto à ex-esposa Baby Consuelo (também ex-companheira dos Novos Baianos, ao lado de quem participou do histórico “Acabou Chorare”), seu forte é na guitarra. Foi destacado pela revista Guitar World como um dos melhores do mundo no instrumento tendo sido convidado a acompanhar os grupos Megadeth e Living Colour. Formado sob influência dos mestres do choro (Waldir Azevedo, Pixinguinha, Jacob do Bandolim), a cujo ritmo iria agregar rock e jazz, seus primeiros álbuns priorizavam a parte instrumental. Do seu primeiro álbum de 1978, GERAÇÃO SOM o destaque é MALACAXETA, (que, vocalizada, transformou-se em MALACAXETA II no álbum seguinte, NA TERRA A MAIS DE MIL).

 

86) CARLOS WALKER – POTE DE MEL

Carlos Walker - que mais tarde passaria a ser Wauke - gravou um obscuro disco chamado A FRAUTA DO PÃ (1975) que viria a se tornar disputadíssimo no mercado internacional por ser referenciado como um dos grandes espécimes da psicodelia nacional. As canções, embaladas pela voz doce de Walker, parecem trilhas de contos de fada. O álbum que teve participação de João Bosco e Hélio Delmiro e contou com arranjos dos maestros Laércio de Freitas e Radamés Gnatalli, inclui temas de Bosco & Blanc, Caetano e Geraldo Carneiro (parceiro de Gismonti), além de composições próprias A faixa ALFAZEMA, utilizada na trilha da novela O Espigão de Dias Gomes, foi a única que adquiriu alguma projeção. POTE DE MEL é uma das mais belas do disco. Como Wauke, marcando mudança de nome e estilo, o músico (que hoje se dedica precipuamente à astrologia), gravaria em 1990 um álbum dedicado à obra de Jobim.

 

87) MERCENÁRIAS – PROVÉRBIOS DO INFERNO

Ainda que não tenham obtido grande sucesso comercial, as Mercenárias tiveram uma presença marcante no cenário rock tupiniquim, não apenas pelo diferencial de o grupo ser constituído apenas por mulheres (apesar de quê na fase inicial contou com a presença de Edgard Scandurra na bateria), mas pela sua vigorosa afirmação e atitude na defesa furiosa de valores e ideais em que acreditavam. Após um álbum independente (CADÊ AS ARMAS?), chamaram a atenção da multinacional EMI que contratou as meninas para lançamento de um novo disco, TRASHLAND (1987). Esse trabalho (o último da curta discografia do grupo) denota um distanciamento do som cru que marcou a fase inicial, em busca de uma sonoridade mais elaborada, próxima ao pós-punk e ao gótico. Destaque à faixa PROVÉRBIOS DO INFERNO, baseado em fragmentos extraídos da obra do poeta inglês William Blake.

 

88) JOTA QUEST – FÁCIL

A banda mineira (que começou como J QUEST e teve que mudar de nome para não conflitar com o personagem Johnny Quest de Hanna-Barbera), fazendo um som honesto de apelo popular, conquistou a condição de uma das mais bem sucedidas do final dos anos 90. Na virada do século, com poucos anos de existência, já era um dos grupos mais conhecidos do país. Comandada pelo vocalista Rogério Flausino e sem mexer na formação, o segundo álbum DE VOLTA AO PLANETA de 1998, lançado pela multinacional Sony, bateu nas 800 mil cópias (graças ao mega-sucesso FÁCIL). O álbum anterior já chegara às 120 mil, mas a sonoridade que inspirou a fase inicial, voltada para o funk/soul, derivou para o pop-rock.

 

89) MESTRE AMBRÓSIO – FUÁ NA CASA DE CABRAL

Liderado pelo vocalista e compositor Siba, o grupo, cujo nome é inspirado numa figura do folclore pernambucano segue a mesma cartilha do Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, porém as referências às raízes nordestinas são mais acentuadas. O primeiro trabalho saiu por uma gravadora pequena e foi produzido pela dupla Lenine e Suzano. Ainda que sendo uma produção independente, teve boa repercussão e abriu caminho para a contratação pela Sony onde gravaram o festejado FUÁ NA CASA DE CABRAL de 1998 (que tem a canção homônima) em que agregaram música eletrônica a ritmos tradicionais. Apesar da sonoridade tipicamente brasileira, o álbum foi muito bem recepcionado nos EUA, recebendo elogiosas menções do NY Times.

 

90) A BOLHA – UM PASSO À FRENTE

Apesar de pouco conhecido do grande público, o grupo tornou-se cult. Começou a se evidenciar quando convidado a ser a banda de apoio a Gal Costa em uma turnê pela Europa. Passou pelo famoso Festival da Ilha de Wight em 1970, onde subiu em um dos palcos paralelos do evento, dedicado ao tropicalismo. Influenciado por essa atmosfera hippie, viria a gravar seu álbum mais significativo, UM PASSO Á FRENTE de 1973 (que contou com a participação do mítico bossanovista Luiz Eça ao piano), onde se destaca a faixa-título de mais de 9 minutos de duração, um rock de primeira. Devido à modesta vendagem, o grupo adotou um som mais palatável com É PROIBIDO FUMAR (1977), retomando temas da Jovem Guarda.

 

91) ALMÔNDEGAS – CANÇÃO DA MEIA NOITE

Os irmãos Kleiton e Kledir introduziram o ‘gauchês’ na MPB com versos como “deu pra ti baixo astral, vou pra Porto Alegre tchau”, “bah trilegal”, “as gurias tão tri-a fim”. O que nem todos sabem é que os dois já tinham referência anterior como integrantes do Almôndegas, banda que mesclava música regional gaúcha com pop-rock. Aclamado no Sul, o grupo tem 4 álbuns gravados mas a música que emplacou nacionalmente foi CANÇÃO DA MEIA NOITE (presente no álbum AQUI de 1975), graças à sua inserção na trilha da novela Saramandaia de Dias Gomes. A canção nunca deixa de ser incluída no repertório dos shows da dupla K&K, tendo merecido uma versão no álbum Acústico ao Vivo do Nenhum de Nós.

 

92) OTTO – BOB

Percussionista do Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, os 2 mais importantes grupos representantes do mangue-beat, Otto partiu para a carreira individual em 1998 com o lançamento de SAMBA PRA BURRO, seu único trabalho antes da virada do século, em que mescla ritmos regionais (como o maracatu, o forró e o frevo) com samba, rock, rap, drum´n’bass e música eletrônica. O álbum foi escolhido como o melhor do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte. A faixa de abertura, BOB, a mais divulgada do álbum, conta com a participação de Bebel Gilberto nos backing vocals.

 

93) HANÓI-HANÓI – TOTALMENTE DEMAIS

A banda carioca tornou-se famosa através de outros artistas. O líder Arnaldo Brandão foi integrante de 3 outras históricas bandas: A Bolha (conjunto sessentista que acompanhou Gal Costa), Brylho (grupo de soul funk que se tornou famoso com a canção NOITE DE PRAZER) e A Outra Banda da Terra (banda de apoio de Caetano Veloso que tinha também Vinícius Cantuária). Foi também co-autor de 2 rocks de bastante sucesso: O TEMPO NÃO PARA (com Cazuza) e RÁDIO BLÁ (com Lobão). E, last but not least, foi compositor da canção TOTALMENTE DEMAIS, sucesso com Caetano, tendo até nomeado o álbum que a contém. Essa canção é do primeiro álbum do grupo (1986). Tantas credenciais não ajudaram a impulsionar o grupo que, apesar de suas qualidades, fez sucesso mediano.

 

94) ALCEU VALENÇA & GERALDO AZEVEDO – TALISMÃ

Dois dos maiores nomes da MPB, quando ainda desconhecidos, gravaram juntos em 1972 o disco QUADRAFÔNICO. O álbum lançado pela pequena gravadora Copacabana foi retirado de catálogo, ficou perdido no esquecimento e tornou-se um item pouco prestigiado, dotado de mera referência histórica frente à opulenta discografia que os 2 músicos pernambucanos viriam a ostentar. O fato é que o disco com o tempo ganhou força ao ser reiteradamente mencionado como um dos precursores da chamada ‘psicodelia nordestina’, fundindo ritmos regionais com rock. Com instrumentação enxuta e canções singelas mas extasiantes como TALISMÃ, o disco (com arranjos de Rogério Duprat e co-produção de Daniel Taubkin)  revela-se uma obra-prima atemporal.

 

95) PEDRO LUÍS E A PAREDE – PENA DA VIDA

Apadrinhado por Ney Matogrosso (com quem, aliás, gravou o elogiado CD VAGABUNDO de 2004), esse grupo mistura rock com funk, samba e rap, ingredientes que compõem a miscigenada cultura carioca. Dá destaque para a percussão, tanto que deu origem o conhecido bloco carnavalesco Monobloco. Em companhia de Ney, fez uma exitosa turnê no Japão, tornando o grupo lá conhecido e aclamado. A canção PENA DE VIDA (pertencente ao primeiro álbum, ASTRONAUTA TUPY, 1987), faz uma esclarecedora reflexão sobre a pena capital: “sou a favor da pena de vida, se o sujeito cagou, pisou na bola, tem que resolver aqui, não pode cair fora”.

 

96) OS REPLICANTES – SURFISTA CALHORDA

Uma das mais radicais bandas de punk rock, Os Replicantes emergiram na cena gaúcha através do compacto com a música NICOTINA, bancado e distribuído de forma independente. SURFISTA CALHORDA (canção que satiriza o surfista ‘filhinho de papai’ cheio de pose, mas que ao entrar no mar, “não surfa nada”) surgiu no mesmo esquema e tornou o grupo nacionalmente conhecido, o que valeu um contrato com a RCA/BMG sob cujo selo saiu o álbum O FUTURO É VORTEX. Sua estética excessivamente agressiva gerou problemas com a censura e com a própria gravadora. O vocalista Wander Wildner, partiu para uma bem sucedida carreira solo de ‘punk brega’ em 1996, desligando-se da banda após alguns anos.

 

97) COKE LUXE – ROCK O AZARADO

Uma das poucas bandas nacionais dedicadas ao rockabilly, ou seja rock’n’roll típico dos 50, próprio de astros como Carl Perkins e Jerry Lee Lewis. O grupo lançou um único LP independente ROCKABILLY BOP (1984), editado também em CD com diversas faixas bônus, sempre fiel ao estilo que o consagrou, ritmos dançantes (que empolgavam a plateia nas apresentações ao vivo) e com letras carregadas de bom humor sobre assuntos cotidianos. O grande destaque é a canção ROCK O AZARADO (vulgarmente conhecido como “Conta da Light”) que narra o drama de um sujeito que vai tomar banho e de repente a energia é cortada por falta de pagamento da conta da “Light”, à época concessionária responsável pelo fornecimento.

 

98) NAU – CORPO VADIO

Embora bancado por uma grande gravadora (na onda do surgimento do punk e da new wave) e apesar da entusiástica acolhida da crítica e de uma turma reduzida de antenados, o único álbum dessa banda (1987) não obteve a merecida notoriedade. CORPO VADIO foi a única canção que teve certa repercussão. O grupo tornou-se conhecido por outra razão: revelou Vange Leonel, sua vocalista e guitarrista. O posterior sucesso de Vange (com seu hit NOITE PRETA, tema de abertura da novela Vamp) criou curiosidade sobre a existência de um segundo trabalho do grupo, gravado em 1988 (que havia ficado engavetado pela gravadora), O ÁLBUM PERDIDO DA NAU, lançado 30 anos depois.

 

99) TERRENO BALDIO – ESTE É O LUGAR

Banda pioneira do rock progressivo brazuca, fortemente influenciada pelos ingleses do Gentle Giant, não conseguiu a merecida visibilidade. Produziu um álbum independente (1975) com apurados e alucinantes arranjos instrumentais com destaque para a faixa ESTE É O LUGAR. Contratada pela gravadora Continental, lançou ALÉM DAS LENDAS BRASILEIRAS (1978), onde agregou ao repertório temas folclóricos brasileiros. A música SACI PERERÊ foi cogitada para tema principal do seriado Sítio do Picapau Amarelo, mas acabou sendo substituída pela consagrada composição de Gil. O álbum traz também uma releitura de PASSAREDO (de Chico e Francis Hime).

 

100) MARCONI NOTARO – ANTROPOLÓGICA

Bem antes do manguebeat, Recife já era um dos mais significativos polos de criatividade musical do país. Nos anos 70, ao lado de figuras maiúsculas da música pop da região como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Lula Cortes, Robertinho do Recife e Zé Ramalho (este paraibano), brotou uma plêiade de artistas com menor projeção que constituíram o ‘udigrudi’ tupiniquim. Um exemplo é Marconi Notaro. Poeta, gravou um único álbum, NO SUB-REINO DOS METAZOÁRIOS (pelo selo pernambucano Rozenblit) que teve a participação de Ramalho e Robertinho e Lula Cortes (que desenhou a alucinógena capa). Apesar do som notoriamente regional, paira no ar uma aura psicodélica, como na faixa ANTROPOLÓGICA. O LP é raríssimo, tendo sido lançado em CD apenas no exterior.

 

 

 

 


CONFIRA 3a PARTE: 





CONFIRA 4a PARTE:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/09/rock-brasil-os-100-maiores-rocks-do.html  

 

 



sábado, 5 de setembro de 2020

ROCK BRASIL OS 100 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (4ª PARTE)

 

Segue a continuação do levantamento dos principais exemplares do rock ‘brazuca’, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

Vamos à 4ª parte da lista, por ordem crescente:

 

61) MADE IN BRAZIL – JACK O ESTRIPADOR

Uma das mais antigas bandas de rock nacional há mais de 50 anos na estrada. Atravessou períodos turbulentos, enfrentando problemas com a ditadura, sendo inclusive o álbum MASSACRE integralmente vetado pela censura em 1977 (foi lançado 28 anos depois). O crítico, jornalista e agitador cultural Ezequiel Neves, um dos mais aguerridos divulgadores do rock na imprensa, entusiasta pela banda, produziu JACK O ESTRIPADOR (1976), álbum cuja faixa-título é uma das preferidas pelos fãs. Em PAULICÉIA DESVAIRADA que veio a seguir, dedicado ao Movimento Modernista de 1922 e a Mário de Andrade, ampliou o repertório, introduzindo baladas, blues e sopros.

 

62) KID ABELHA – COMO EU QUERO

A banda de Paula Toller, George Israel e Leoni, originalmente ‘Kid Abelha e os Abóboras Selvagens’, é uma das mais bem sucedidas comercialmente do pop/rock nacional, encontrando-se entre as maiores vendedoras de discos do país. COMO EU QUERO conquistou a condição de clássico da música brasileira, com versos inspirados (e ambíguos) como “tira essa bermuda que eu quero você sério”. Presente no álbum de estreia do grupo, SEU ESPIÃO (1984), que traz também os hits PINTURA ÍNTIMA, POR QUE NÃO EU?, FIXAÇÃO e ALICE. Foi regravada posteriormente no álbum GREATEST HITS 80’S (1990) com arranjo mais refinado e a voz de Paula mais apurada. No especial ACÚSTICO MTV, foi re-regravada, com Edgard Scandurra ao violão, voltando a ganhar evidência.

 

63) RONNIE VON – VOCÊ DE AZUL

O ‘príncipe’ de olhos azuis da Jovem Guarda (rival do ‘rei’ Roberto Carlos), Ronnie Von é conhecido pelos hits A PRAÇA (composição de Carlos Imperial) e MEU BEM (versão de GIRL de Lennon/McCartney). E por seu programa de entrevistas na TV Gazeta que durou 15 anos. O que poucos sabem é do seu fascínio pelo tropicalismo, sendo fã dos Mutantes. No fim dos anos 60, influenciado pelos Beatles, gravou 3 obscuros LPs de rock psicodélico, que, apesar da reduzida vendagem, tornaram-se lenda, inclusive no exterior, onde são disputadíssimos. O mais importante é MÁQUINA VOADORA com destaque para a faixa VOCÊ DE AZUL.

 

64) EDUARDO DUSEK – ROCK DA CACHORRA

Eduardo Dusek (que virou Dussek devido à numerologia) tornou-se conhecido no Festival MPB Shell com NOSTRADAMUS em que descreve em tom de galhofa o cotidiano pós-apocalíptico. Aliás, o humor é característica de suas composições como em BARRADOS NO BAILE e CANTANDO NO BANHEIRO, canção-título do seu álbum de 1982. ROCK DA CACHORRA de Léo Jaime também integra esse álbum e satiriza os que dão mais atenção a pets do que a crianças abandonadas (“dê guarida pro cachorro mas também dê pro menino”). Dusek também tem um sensível lado romântico com canções como CABELOS NEGROS, EU VELEJAVA EM VOCÊ e AVENTURA.

 

65) GOLPE DE ESTADO – CASO SÉRIO

Ainda que detenha um público fiel, essa honesta banda paulista mereceria maior atenção. Após 2 discos independentes, ingressaram na gravadora Eldorado, por onde lançaram 3 álbuns. O último deles, ZUMBI, foi seu mais arrojado projeto, na tentativa de angariar fãs além do nicho hard rock. Nesse álbum, cobrem o clássico MY GENERATION do The Who e HINO DE DURÁN de Chico Buarque (original da Ópera do Malandro interpretada por ele e A Cor do Som), crítica à repressão policial do Estado. O disco que teve a presença de Rita Lee e Arnaldo Antunes teve divulgação insatisfatória, não obtendo a vendagem que deveria. A música mais conhecida do grupo, CASO SÉRIO, é do álbum anterior, QUARTO GOLPE (1991).

 

66) ZERO – AGORA EU SEI

Em sua formação inicial, o grupo teve o guitarrista Fábio Golfetti (que se tornaria um dos fundadores do Violeta de Outono e, mais tarde, membro da cultuada banda progressiva europeia Gong). A entrada, a seguir, do vocalista Guilherme Isnard (ex-Voluntários da Pátria) conferiu à banda um estilo próximo ao new romantic (inspirado em bandas inglesas como o Duran Duran e Spandau Ballet). O EP PASSOS NO ESCURO com 6 faixas (1985) garantiu vendas de 200 mil cópias graças à faixa AGORA EU SEI, dueto de Isnard com Paulo Ricardo do RPM. A boa aceitação do álbum CARNE HUMANA (1987) que se seguiu não impediu que o grupo se desfizesse.

 

67) MARCO ANTÔNIO ARAÚJO – BRINCADEIRA

A carreira do genial compositor, guitarrista e violonista teve vida curta.  Morreu aos 36 anos, sem ter conseguido expandir seu prestígio além de Minas, seu estado natal. Seus 5 álbuns, instrumentais (um deles coletânea) lançados por sua própria gravadora, Strawberry Fields (disponíveis em CD com faixas-bônus), são reverenciados pelos amantes de rock progressivo. Tendo formação erudita, foi tomado pelas influências da cena roqueira da Inglaterra onde residiu, o que pode ser constatado pelo título das canções FLOYDIANA e PARA JIMMY PAGE. A faixa BRINCADEIRA aparece na versão em CD do álbum LUCAS (homenagem a seu filho), o último da discografia e que contou com a participação de Jaques Morelenbaum e Nando Carneiro.

 

68) LULU SANTOS – TEMPOS MODERNOS

Lulu, Lobão e Ritchie tiveram um início de vida artística comum, como integrantes da banda de rock progressivo Vimana. Apesar do incentivo do tecladista Patrick Moraz do Yes, o projeto não vingou (para sorte dos envolvidos que partiram para carreiras individuais muito prósperas). No caso de Lulu, com a providencial mãozinha do jornalista Nélson Motta, foi contratado pela Warner onde de cara emplacou o álbum TEMPOS MODERNOS (1982), cuja canção homônima permanece como uma das suas mais conhecidas composições (regravada, dentre outros, por Jota Quest, Marisa Monte, Zizi Possi e  Zé Ramalho).

 

69) PATIFE BAND – TIJOLINHO

A banda paulista caracterizava-se por mesclar punk rock com música vanguardista atonal, estilo Arrigo Barnabé, irmão do líder da banda Paulo Barnabé. O grupo tem apenas dois discos que se tornaram raridades, o segundo, CORREDOR POLONÊS (1987), lançado pela Warner. O primeiro, de 1985, saiu pelo selo Lira Paulistana (ligado ao teatro homônimo no bairro de Vila Madalena) que agregava a chamada vanguarda paulistana (que incluiu artistas como Premê, Língua de Trapo, Itamar Assumpção e Grupo Rumo). Desse álbum, na verdade, um mini-LP, uma satírica versão de TIJOLINHO (“você é meu tijolinho, você é meu tijolão”) de Bob de Carlo, um dos mais burlescos temas da jovem guarda.

 

70) NENHUM DE NÓS – CAMILA CAMILA

Primeiro e maior hit de grupo gaúcho, fez sucesso em single, antes de ser inclusa no seu debut álbum de 1987, ano em que foi uma das músicas mais executadas nas FM´s. O álbum, inédito em CD, contou com a participação de Edgard Scandurra tocando violão em CAMILA..., Edu K nos vocais e Otávio Fialho no baixo. O grupo ainda lançou 3 obras pela BMG, uma delas com a participação do músico regional Renato Borghetti e sua gaita-ponto. Pela gravadora Velas, especializada em MPB, registraram o mais ambicioso trabalho, MONDO DIABLO que contou com participações de Flávio Venturini e do argentino Fito Páez além de parcerias com Scandurra e Herbert Vianna.

 

71) MAY EAST – MARAKA

May East foi pioneira em explorar no Brasil o filão da chamada world music, mesclando sons étnicos com música eletrônica. MARAKA é faixa do primeiro álbum, REMOTA BATUCADA (1985), repleto de nomes de relevo: Marcelo Salazar, Nico Resende, Kid Vinil, Renato Russo e Marcelo Bonfá (Legião Urbana), Fernando Deluqui e Luiz Schiavon (RPM), Fábio Golfetti (Violeta de Outono) Guilherme Isnard, Alberto Birger e Nélson Coelho (Zero) e Miguel Barella (Voluntários da Pátria). O disco conservou resquícios do pop, herdado da Gang 90 & As Absurdettes, banda em que era vocalista.  O segundo trabalho, TABAPORÃ (1987) radicalizou na sonoridade ‘ambient music’. A partir dos anos 2000, mudou-se para o exterior e colocou em segundo plano a carreira artística, passando a dedicar-se ao ativismo ambiental.

 

72) SKANK – GAROTA NACIONAL

Os primeiros passos da banda mineira privilegiaram ritmos dançantes jamaicanos, o que garantiu vendas expressivas aos álbuns CALANGO (1994) e SAMBA POCONÉ (1996), do qual o destaque é a faixa GAROTA NACIONAL. A partir dos anos 2000, fora portanto dos limites dessa relação, a banda mineira vem num processo de amadurecimento, conquistando um público mais exigente e o respeito dos críticos. O grupo atingiu a excelência em COSMOTRON (2003) com canções estupendas como AS NOITES e DOIS RIOS (parceria de Samuel Rosa com Lô Borges e Nando Reis).

 

73) VIPER – LIVING FOR THE NIGHT

Banda de heavy metal, fundada pelo saudoso André Matos, que depois liderou também o Angra. Os dois primeiros álbuns do Viper, com André, ainda adolescente, nos vocais, alcançaram grande projeção internacional, sobretudo no Japão, país onde o grupo desfruta de prestígio incomum e aonde viria a gravar um álbum ao vivo. THEATRE OF FATE (1989), o segundo álbum, tem a canção preferida pelos fãs, LIVING FOR THE NIGHT. O álbum tem também MOONLIGHT, uma adaptação para o metal de uma sonata de Beethoven, realizada por André que tinha sólida formação erudita e orquestral.

 

74) MILTON NASCIMENTO – PARA LENNON E MCCARTNEY

A música de Milton transcende os limites da MPB e seu nome tornou-se uma lenda internacional, sendo cortejado por grandes astros do pop, do jazz e da world music. O “Bituca”, em algumas ocasiões namorou o rock como na composição dos irmãos Lô  e Márcio Borges (fãs dos Beatles) e Fernando Brant, incluída em seu álbum de 1970. “Eu sou da América do Sul, eu sei, vocês não vão saber, mas agora sou cowboy, sou do ouro, eu sou vocês, sou do mundo, sou Minas Gerais” foi o recado enviado ao quarteto de Liverpool. O diferencial veio do pessoal do Som Imaginário, comandado por Wagner Tiso, que garantiu o suporte roqueiro.

 

75) GAROTOS PODRES – ROCK DO SUBÚRBIO

A banda da região do ABC, região industrial de efervescência social onde o punk vicejou, foi uma das que mais fielmente encarnou o vigor rebelde do movimento, com canções mordazes e letras politizadas como em PAPAI NOEL VELHO BATUTA (alterado do original FILHO DA PUTA, por causa da censura), FERNANDINHO VEADINHO (sobre o ex-presidente Collor) e ROCK DO SUBÚRBIO, as duas últimas no álbum CANÇÕES DE NINAR (1993). No século XXI, devido a ‘divergências ideológicas’ o grupo rachou em duas alas, cada qual tentando se apropriar do nome e do prestígio conquistado pelo grupo.

 

76) LULA CORTES E ZÉ RAMALHO – NAS PAREDES DA PEDRA ENCANTADA

Antes de se tornar conhecido, Zé Ramalho lançou um álbum duplo em parceria com o músico pernambucano Lula Cortes (já falecido), chamado PAÊBIRÚ (1975). O lendário LP, que teve participação de Alceu Valença e Geraldo Azevedo, é considerado um clássico do rock psicodélico e chegou a ser avaliado como um dos mais raros (e caros) do mercado até ser relançado em vinil pela Polysom em 2019. Predominantemente instrumental, o álbum funde rock com música oriental e ritmos nordestinos. Em NAS PAREDES, em meio a uma profusão de sons, a inconfundível voz de Zé pode ser identificada.

 

77) VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA – VERDADES E MENTIRAS

A banda paulistana gravou em 1984, pela gravadora Baratos Afins, seu único disco que teve baixas vendas e cujas músicas nunca aportaram no rádio. Ainda assim, o grupo tornou-se cultuado por duas razões: 1) foi precursor do pós-punk que influenciou uma pá de grupos de sucesso que surgiriam na sequência; 2) revelou nomes que iriam se sobressair: Nasi e Ricardo Gaspa (que formariam o Ira!) e Thomas Pappon (um dos mentores do grupo Fellini). A falta de sucesso foi o preço pago por seu precoce pioneirismo e pelo infortúnio de ter tido vetada pela censura a execução pública das canções que tinham maior apelo comercial: CADÊ O SOCIALISMO?, O HOMEM QUE EU AMO e VERDADES E MENTIRAS.

 

78) FELLINI – CHICO BUARQUE SONG

A banda dos jornalistas Cadão Volpato (vocal) e Thomas Pappon (guitarra), surgiu com uma intenção de fazer um som inspirado no Joy Division. O pessimismo de Ian Curtis transpareceu até no título derrotista do álbum de estreia: O ADEUS DE FELLINI. Embora prestigiada pelos antenados, foi sumariamente ignorada pelo público, devido em parte ao esquema amador de produção e distribuição. Seus 4 álbuns, embora muito elogiados, tiveram vendas pífias. A banda foi agregando ritmos como o samba e a bossa nova, especialmente no quarto trabalho, AMOR LOUCO (1998), que, mesmo bancado por uma pequena loja de discos, a Wop Bop de SP, teve uma produção mais esmerada. A música CHICO BUARQUE SONG ganhou visibilidade ao ser gravada pela cantora Céu.

 

79) PATRULHA DO ESPAÇO – COLÚMBIA

Essa banda de hard rock com pitadas de progressivo foi criada em 1977 por Arnaldo Baptista que a abandonou no ano seguinte. Restaram os registros com a participação do ex-Mutante nos álbuns: ELO PERDIDO (de estúdio) e FAREMOS UMA NOITADA EXCELENTE (ao vivo) lançados 10 anos após. A banda com o tempo conseguiu superar o baque da saída do mentor, ganhando prestígio em exibições ao vivo. COLÚMBIA, ode ao ônibus espacial americano (eleita pela revista Roadie Crew um dos Hinos de Heavy Metal e Classic Rock), é faixa do terceiro álbum de 1982, chamado “álbum branco” do Patrulha.

 

80) CELSO BLUES BOY – AUMENTA QUE ISSO AÍ É ROCK’N’ROLL

O lance de Celso Blues Boy (conforme transparece o nome artístico) foi o blues, com uma extensa discografia de 13 álbuns, sendo 2 póstumos (faleceu em 2012) dedicada ao gênero. O guitarrista, cantor e compositor nutria porém também uma paixão pelo rock, tanto que constam em seu currículo 2 antológicos exemplares do gênero: MARGINAL, gravado ao lado de Cazuza para o disco MARGINAL BLUES (1986) e o incendiário AUMENTA QUE... do álbum SOM NA GUITARRA (1984), a música mais conhecida de sua carreira.







CONFIRA 3a PARTE: