Conclusão do levantamento dos 100 principais exemplares do rock ‘brazuca’, que obedeceu a dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.
Vamos à parte final da lista, por
ordem crescente:
81) AVE SANGRIA – SOB O SOL DE SATÃ
A mistura ritmos regionais com rock caracteriza essa banda pernambucana comandada por Marco Polo (que compôs quase todas as faixas) e contava com o guitarrista Ivinho, um dos maiores do país, falecido em 2015. O prestígio de Ivinho tornou-se internacionalmente reconhecido depois de sua brilhante apresentação no Festival de Montreux (registrada em disco). Sua performance pode ser apreciada em SOB O SOL..., faixa do único álbum do AVE SANGRIA (1974). O LP enfrentou problemas com a censura do regime militar que recolheu todas as cópias em virtude da faixa SEU WALDIR (por alusão ao homossexualismo). Com o tempo, o grupo tornou-se lendário por ter sido considerado um dos expoentes da ‘psicodelia nordestina’. Surfando nessa onda, 3 dos integrantes originais da banda reuniram-se em 2019 para gravar o álbum VENDAVAIS (disponibilizado exclusivamente pela internet).
82) ROBERTINHO DE RECIFE – METAL
MANIA
Um dos mais exímios guitarristas do
Brasil transitou sem preconceitos pelos mais discrepantes gêneros. Da
ingenuidade da Jovem Guarda até a excelência da música instrumental de Hermeto
Paschoal, Dominguinhos e Sivuca. Fundou o grupo infanto-juvenil Yahoo,
acompanhou Xuxa e Os Trapalhões enquanto tocou ao lado de mestres
internacionais do blues, jazz e rock como John Lee Hooker, Taj Mahal, Stanley
Clarke, Deep Purple e Chicago. Ao mesmo tempo em que acompanhou cantores ditos ‘bregas’
como Rosana, Elymar Santos e Agnaldo Timóteo, conduziu grupos vanguardistas de
rock psicodélico como Flaviola e Marconi Notaro. Tem 2 álbuns instrumentais
dedicados ao rock: RAPSÓDIA DO ROCK (em que toca temas clássicos ao ritmo de
rock) e METAL MANIA dedicado ao rock pesado, onde se destaca a canção-título.
83) GAL COSTA – VAPOR BARATO
Embora seu nome hoje esteja mais especificamente ligado à MPB, foram as
interpretações viscerais de Gal na época do tropicalismo que a qualificaram uma
das melhores cantoras do país. Isso é especialmente válido para o período
inicial da cantora que abrange seus 2 álbuns de 1969, o de 1970, LEGAL, e FA-TAL,
A TODO VAPOR, álbum duplo ao vivo, de 1971. Todos estes 4 trabalhos indiscutivelmente
remetem ao rock, em boa parte devido à marca da presença do guitarrista Lanny
Gordin. Do álbum ao vivo, a histórica performance de Gal (em que é
frequentemente comparada a Janis Joplin) de VAPOR BARATO, composição de Wally
Salomão e Jards Macalé com mais de 8 minutos de duração. 16 anos após, no show ACÚSTICO MTV de Gal, a
música voltaria à tona com o acompanhamento de Zeca Baleiro.
84) BIQUINI CAVADÃO – ZÉ NINGUÉM
A banda carioca é uma das mais expressivas representantes da segunda geração de grupos surgidos nos anos 80. Emplacou de cara o hit TÉDIO, gravado em single com a participação na guitarra de Herbert Vianna (de quem veio a sugestão do nome da banda). A música ingressou no primeiro álbum do grupo, CIDADES EM TORRENTE de 1986 que teve presença também de Renato Russo, Celso Blues Boy e Armando Marçal na percussão. O álbum DESCIVILIZAÇÃO (1992) marcou a consagração definitiva do grupo, com 2 sucessos: ZÉ NINGUÉM e VENTO VENTANIA, esta a música mais executada do ano. ZÉ NINGUÉM com sua letra politizada (“Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém, aqui embaixo as leis são diferentes”) foi utilizada até em manifestações de rua.
85)PEPEU GOMES – MALACAXETA
Embora o artista soteropolitano seja
conhecido como intérprete de músicas banais que tocaram ao rádio, algumas junto
à ex-esposa Baby Consuelo (também ex-companheira dos Novos Baianos, ao lado de
quem participou do histórico “Acabou Chorare”), seu forte é na guitarra. Foi
destacado pela revista Guitar World como um dos melhores do mundo no
instrumento tendo sido convidado a acompanhar os grupos Megadeth e Living
Colour. Formado sob influência dos mestres do choro (Waldir Azevedo,
Pixinguinha, Jacob do Bandolim), a cujo ritmo iria agregar rock e jazz, seus
primeiros álbuns priorizavam a parte instrumental. Do seu primeiro álbum de
1978, GERAÇÃO SOM o destaque é MALACAXETA, (que, vocalizada, transformou-se em
MALACAXETA II no álbum seguinte, NA TERRA A MAIS DE MIL).
86) CARLOS WALKER – POTE DE MEL
Carlos Walker - que mais tarde passaria
a ser Wauke - gravou um obscuro disco chamado A FRAUTA DO PÃ (1975) que viria a
se tornar disputadíssimo no mercado internacional por ser referenciado como um
dos grandes espécimes da psicodelia nacional. As canções, embaladas pela voz
doce de Walker, parecem trilhas de contos de fada. O álbum que teve
participação de João Bosco e Hélio Delmiro e contou com arranjos dos maestros
Laércio de Freitas e Radamés Gnatalli, inclui temas de Bosco & Blanc,
Caetano e Geraldo Carneiro (parceiro de Gismonti), além de composições próprias
A faixa ALFAZEMA, utilizada na trilha da novela O Espigão de Dias Gomes, foi a
única que adquiriu alguma projeção. POTE DE MEL é uma das mais belas do disco.
Como Wauke, marcando mudança de nome e estilo, o músico (que hoje se dedica
precipuamente à astrologia), gravaria em 1990 um álbum dedicado à obra de
Jobim.
87) MERCENÁRIAS – PROVÉRBIOS DO
INFERNO
Ainda que não tenham obtido grande sucesso comercial, as Mercenárias tiveram uma presença marcante no cenário rock tupiniquim, não apenas pelo diferencial de o grupo ser constituído apenas por mulheres (apesar de quê na fase inicial contou com a presença de Edgard Scandurra na bateria), mas pela sua vigorosa afirmação e atitude na defesa furiosa de valores e ideais em que acreditavam. Após um álbum independente (CADÊ AS ARMAS?), chamaram a atenção da multinacional EMI que contratou as meninas para lançamento de um novo disco, TRASHLAND (1987). Esse trabalho (o último da curta discografia do grupo) denota um distanciamento do som cru que marcou a fase inicial, em busca de uma sonoridade mais elaborada, próxima ao pós-punk e ao gótico. Destaque à faixa PROVÉRBIOS DO INFERNO, baseado em fragmentos extraídos da obra do poeta inglês William Blake.
88) JOTA QUEST – FÁCIL
A banda mineira (que começou como J
QUEST e teve que mudar de nome para não conflitar com o personagem Johnny Quest
de Hanna-Barbera), fazendo um som honesto de apelo popular, conquistou a
condição de uma das mais bem sucedidas do final dos anos 90. Na virada do
século, com poucos anos de existência, já era um dos grupos mais conhecidos do
país. Comandada pelo vocalista Rogério Flausino e sem mexer na formação, o
segundo álbum DE VOLTA AO PLANETA de 1998, lançado pela multinacional Sony, bateu
nas 800 mil cópias (graças ao mega-sucesso FÁCIL). O álbum anterior já chegara às
120 mil, mas a sonoridade que inspirou a fase inicial, voltada para o
funk/soul, derivou para o pop-rock.
89) MESTRE AMBRÓSIO – FUÁ NA CASA DE
CABRAL
Liderado pelo vocalista e compositor Siba, o grupo, cujo nome é inspirado
numa figura do folclore pernambucano segue a mesma cartilha do Nação Zumbi e do
Mundo Livre S/A, porém as referências às raízes nordestinas são mais
acentuadas. O primeiro trabalho saiu por uma gravadora pequena e foi produzido
pela dupla Lenine e Suzano. Ainda que sendo uma produção independente, teve boa
repercussão e abriu caminho para a contratação pela Sony onde gravaram o
festejado FUÁ NA CASA DE CABRAL de 1998 (que tem a canção homônima) em que
agregaram música eletrônica a ritmos tradicionais. Apesar da sonoridade
tipicamente brasileira, o álbum foi muito bem recepcionado nos EUA, recebendo
elogiosas menções do NY Times.
90) A BOLHA – UM PASSO À FRENTE
Apesar de pouco conhecido do grande
público, o grupo tornou-se cult. Começou a se evidenciar quando convidado a ser
a banda de apoio a Gal Costa em uma turnê pela Europa. Passou pelo famoso
Festival da Ilha de Wight em 1970, onde subiu em um dos palcos paralelos do
evento, dedicado ao tropicalismo. Influenciado por essa atmosfera hippie, viria
a gravar seu álbum mais significativo, UM PASSO Á FRENTE de 1973 (que contou
com a participação do mítico bossanovista Luiz Eça ao piano), onde se destaca a
faixa-título de mais de 9 minutos de duração, um rock de primeira. Devido à modesta
vendagem, o grupo adotou um som mais palatável com É PROIBIDO FUMAR (1977), retomando
temas da Jovem Guarda.
91) ALMÔNDEGAS – CANÇÃO DA MEIA NOITE
Os irmãos Kleiton e Kledir
introduziram o ‘gauchês’ na MPB com versos como “deu pra ti baixo astral, vou
pra Porto Alegre tchau”, “bah trilegal”, “as gurias tão tri-a fim”. O que nem
todos sabem é que os dois já tinham referência anterior como integrantes do
Almôndegas, banda que mesclava música regional gaúcha com pop-rock. Aclamado no
Sul, o grupo tem 4 álbuns gravados mas a música que emplacou nacionalmente foi
CANÇÃO DA MEIA NOITE (presente no álbum AQUI de 1975), graças à sua inserção na
trilha da novela Saramandaia de Dias Gomes. A canção nunca deixa de ser
incluída no repertório dos shows da dupla K&K, tendo merecido uma versão no
álbum Acústico ao Vivo do Nenhum de Nós.
92) OTTO – BOB
Percussionista do Nação Zumbi e do
Mundo Livre S/A, os 2 mais importantes grupos representantes do mangue-beat,
Otto partiu para a carreira individual em 1998 com o lançamento de SAMBA PRA
BURRO, seu único trabalho antes da virada do século, em que mescla ritmos
regionais (como o maracatu, o forró e o frevo) com samba, rock, rap, drum´n’bass
e música eletrônica. O álbum foi escolhido como o melhor do ano pela Associação
Paulista de Críticos de Arte. A faixa de abertura, BOB, a mais divulgada do
álbum, conta com a participação de Bebel Gilberto nos backing vocals.
93) HANÓI-HANÓI – TOTALMENTE DEMAIS
A banda carioca tornou-se famosa
através de outros artistas. O líder Arnaldo Brandão foi integrante de 3 outras
históricas bandas: A Bolha (conjunto sessentista que acompanhou Gal Costa),
Brylho (grupo de soul funk que se tornou famoso com a canção NOITE DE PRAZER) e
A Outra Banda da Terra (banda de apoio de Caetano Veloso que tinha também
Vinícius Cantuária). Foi também co-autor de 2 rocks de bastante sucesso: O
TEMPO NÃO PARA (com Cazuza) e RÁDIO BLÁ (com Lobão). E, last but not least, foi
compositor da canção TOTALMENTE DEMAIS, sucesso com Caetano, tendo até nomeado o
álbum que a contém. Essa canção é do primeiro álbum do grupo (1986). Tantas
credenciais não ajudaram a impulsionar o grupo que, apesar de suas qualidades,
fez sucesso mediano.
94) ALCEU VALENÇA & GERALDO AZEVEDO – TALISMÃ
Dois dos maiores nomes da MPB, quando ainda
desconhecidos, gravaram juntos em 1972 o disco QUADRAFÔNICO. O álbum lançado
pela pequena gravadora Copacabana foi retirado de catálogo, ficou perdido no
esquecimento e tornou-se um item pouco prestigiado, dotado de mera referência
histórica frente à opulenta discografia que os 2 músicos pernambucanos viriam a
ostentar. O fato é que o disco com o tempo ganhou força ao ser reiteradamente mencionado
como um dos precursores da chamada ‘psicodelia nordestina’, fundindo ritmos
regionais com rock. Com instrumentação enxuta e canções singelas mas
extasiantes como TALISMÃ, o disco (com arranjos de Rogério Duprat e co-produção
de Daniel Taubkin) revela-se uma
obra-prima atemporal.
95) PEDRO LUÍS E A PAREDE – PENA DA
VIDA
Apadrinhado por Ney Matogrosso (com
quem, aliás, gravou o elogiado CD VAGABUNDO de 2004), esse grupo mistura rock
com funk, samba e rap, ingredientes que compõem a miscigenada cultura carioca. Dá
destaque para a percussão, tanto que deu origem o conhecido bloco carnavalesco
Monobloco. Em companhia de Ney, fez uma exitosa turnê no Japão, tornando o
grupo lá conhecido e aclamado. A canção PENA DE VIDA (pertencente ao primeiro
álbum, ASTRONAUTA TUPY, 1987), faz uma esclarecedora reflexão sobre a pena
capital: “sou a favor da pena de vida, se o sujeito cagou, pisou na bola, tem
que resolver aqui, não pode cair fora”.
96) OS REPLICANTES – SURFISTA
CALHORDA
Uma das mais radicais bandas de punk rock, Os Replicantes emergiram na
cena gaúcha através do compacto com a música NICOTINA, bancado e distribuído de
forma independente. SURFISTA CALHORDA (canção que satiriza o surfista ‘filhinho
de papai’ cheio de pose, mas que ao entrar no mar, “não surfa nada”) surgiu no
mesmo esquema e tornou o grupo nacionalmente conhecido, o que valeu um contrato
com a RCA/BMG sob cujo selo saiu o álbum O FUTURO É VORTEX. Sua estética
excessivamente agressiva gerou problemas com a censura e com a própria
gravadora. O vocalista Wander Wildner, partiu para uma bem sucedida carreira
solo de ‘punk brega’ em 1996, desligando-se da banda após alguns anos.
97) COKE LUXE – ROCK O AZARADO
Uma das poucas bandas nacionais
dedicadas ao rockabilly, ou seja rock’n’roll típico dos 50, próprio de astros
como Carl Perkins e Jerry Lee Lewis. O grupo lançou um único LP independente
ROCKABILLY BOP (1984), editado também em CD com diversas faixas bônus, sempre
fiel ao estilo que o consagrou, ritmos dançantes (que empolgavam a plateia nas
apresentações ao vivo) e com letras carregadas de bom humor sobre assuntos
cotidianos. O grande destaque é a canção ROCK O AZARADO (vulgarmente conhecido
como “Conta da Light”) que narra o drama de um sujeito que vai tomar banho e de
repente a energia é cortada por falta de pagamento da conta da “Light”, à época
concessionária responsável pelo fornecimento.
98) NAU – CORPO VADIO
Embora bancado por uma grande
gravadora (na onda do surgimento do punk e da new wave) e apesar da entusiástica
acolhida da crítica e de uma turma reduzida de antenados, o único álbum dessa
banda (1987) não obteve a merecida notoriedade. CORPO VADIO foi a única canção
que teve certa repercussão. O grupo tornou-se conhecido por outra razão:
revelou Vange Leonel, sua vocalista e guitarrista. O posterior sucesso de Vange
(com seu hit NOITE PRETA, tema de abertura da novela Vamp) criou curiosidade
sobre a existência de um segundo trabalho do grupo, gravado em 1988 (que havia
ficado engavetado pela gravadora), O ÁLBUM PERDIDO DA NAU, lançado 30 anos
depois.
99) TERRENO BALDIO – ESTE É O LUGAR
Banda pioneira do rock
progressivo brazuca, fortemente influenciada pelos ingleses do Gentle Giant,
não conseguiu a merecida visibilidade. Produziu um álbum independente (1975)
com apurados e alucinantes arranjos instrumentais com destaque para a faixa ESTE
É O LUGAR. Contratada pela gravadora Continental, lançou ALÉM DAS LENDAS
BRASILEIRAS (1978), onde agregou ao repertório temas folclóricos brasileiros. A
música SACI PERERÊ foi cogitada para tema principal do seriado Sítio do Picapau
Amarelo, mas acabou sendo substituída pela consagrada composição de Gil. O
álbum traz também uma releitura de PASSAREDO (de Chico e Francis Hime).
100) MARCONI NOTARO – ANTROPOLÓGICA
Bem antes do manguebeat, Recife já
era um dos mais significativos polos de criatividade musical do país. Nos anos
70, ao lado de figuras maiúsculas da música pop da região como Alceu Valença,
Geraldo Azevedo, Lula Cortes, Robertinho do Recife e Zé Ramalho (este
paraibano), brotou uma plêiade de artistas com menor projeção que constituíram
o ‘udigrudi’ tupiniquim. Um exemplo é Marconi Notaro. Poeta, gravou um único
álbum, NO SUB-REINO DOS METAZOÁRIOS (pelo selo pernambucano Rozenblit) que teve
a participação de Ramalho e Robertinho e Lula Cortes (que desenhou a alucinógena
capa). Apesar do som notoriamente regional, paira no ar uma aura psicodélica, como
na faixa ANTROPOLÓGICA. O LP é raríssimo, tendo sido lançado em CD apenas no
exterior.
https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/08/rock-brasil-os-100-maiores-rocks-do.html
CONFIRA 2a PARTE:
https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/08/rock-brasil-os-100-maiores-rocks-do_22.html
CONFIRA 3a PARTE:
https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/09/rock-brasil-os-100-maiores-rocks-do.html
2 comentários:
Parabéns pelo trabalho!!! Faltou Odair José, tem muita musica de qualidade!!! ultimos trabalhos os albuns: 16, Gatos e Ratos, e Hibernar na Casa das Moças sao albuns sensacionais para o Rock Nacional, alem do album O Filho de Jose Maria de 1977 que é sensacional.
Muito bom o Trabalho e a seleção.
Senti falta apenas de Odair José ,Leno e do Planet Hemp
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