quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

PRESIDENTE DAS CAVERNAS

 

O meio-ambiente foi eleito pelo atual presidente o inimigo número um de seu governo, na contramão do que ocorre nos países civilizados que enaltecem a cada dia o conceito de sustentabilidade.

A bola da vez são as pobres cavernas, até aqui poupadas da sanha avassaladora. Dentro dessa lógica deve ser entendido o sinistro decreto presidencial que quer subordinar esse riquíssimo patrimônio ambiental dos brasileiros a interesses econômicos imediatistas.

Ao que consta, nosso chefe de governo ficou irritado ao saber que a Heineken foi impedida de construir uma fábrica de cerveja em Minas Gerais porque as obras comprometeriam um complexo de cavernas onde há um precioso sítio arqueológico, além de interferir no ciclo hidrológico da região. Apressou-se então em editar o infausto decreto.

“Se tem buraco de tatu, não se pode fazer nada? O Brasil precisa crescer, pô!” argumenta, do alto de sua sabedoria de caserna o pascácio mandatário com seu típico vocabulário de botequim.

Obviamente, todos aqueles que se preocupam com as ameaças ao que resta de nosso patrimônio ambiental ficaram com os cabelos em pé contra mais essa investida troglodita a nossos dotes naturais.

Nem precisaríamos citar a importância das cavernas como atração turística (de gringos endinheirados, inclusive) e estudo do meio para escolares. Além da beleza, guardam em seu interior formações geológicas milenares que possibilitam conectar com as civilizações ancestrais que lá se abrigavam.

Mas os estragos da ofensiva bolsonárica vão muito além. A Sebeq, Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros, por exemplo, alerta para "impactos enormes e irreparáveis”.  Para quem não sabe, “quirópteros” (morcegos e congêneres) são animais que vivem aos milhares no interior dessas cavernas, prestando inestimáveis serviços de conservação do ecossistema. Esses mamíferos alados, tão mal vistos, têm na verdade papel crucial na dispersão de sementes, polinização e controle de populações de insetos. Sua eventual eliminação resultaria na proliferação desenfreada de agentes transmissores de doenças e pragas agrícolas.

Que continuem, pois, os tais quirópteros a exercer sua relevante função no equilíbrio ecológico, eles lá, nós aqui, convivendo em paz. Eles não nos perturbam em nossos lares desratizados e nós deixamo-los morar sossegados no breu cavernal que tanto apreciam. Se forem expulsos de seu habitat, onde vivem há milênios, invadirão outros ecossistemas e poderão provocar desequilíbrios imprevisíveis e causar doenças desconhecidas. A última que topou encarar o desafio foi a China, em Wuhan. Deu no que deu...

Mas os serviços prestados pelas cavernas vão muito além do que abrigar morcegos. Têm elas o papel vital de conter inundações e prover o abastecimento de aquíferos. “Tudo bem, vamos trocar água pura por cerveja Heineken, isso é progresso.” diriam os bolsonaristas, com sua proverbial inteligência.

A Sociedade de Espeleologia reagiu igualmente indignada, esclarecendo que as cavernas guardam valiosas informações geológicas e ambientais. Sem contar as inscrições rupestres que fornecem dados inestimáveis sobre nossa história no planeta. Destruí-las seria um crime não apenas contra a Nação mas contra a humanidade.

A casta de terraplanistas que se instalou no poder não costuma escutar técnicos qualificados. São guiados pela ideologia extremista e não embasam suas posições em pareceres científicos mas em mensagens de texto que caibam no corpo de um twitter, tamanho suficiente para seu cérebro e de seus fanáticos seguidores processar a informação.

Tampouco são afeitos a valorizar história e arqueologia. Isso é coisa de esquerdista, diriam, indiferentes ao fato de que nações são construídas com base em sua identidade cultural que inclui o patrimônio histórico e ambiental.

Felizmente, o STF, em decisão provisória, barrou a criminosa iniciativa palaciana, argumentando que o decreto iria “ocasionar o desaparecimento de formações geológicas, marcadas por registros únicos de variações ambientais e constituídas ao longo de dezenas de milhares de anos, incluindo restos de animais extintos ou vestígios de ocupações pré-históricas”.

Mas as hordas obscurantistas não se darão por vencidas. Assim como em sua luta anti-vacina, estarão tramando na escuridão, não das cavernas, mas dos tenebrosos gabinetes paralelos que assessoram a presidência, para contra-atacar, financiados pelas mineradoras e pelo agronegócio.

Esses são os quirópteros que nos ameaçam. Não os inofensivos morcegos de cavernas que se alimentam de frutos e insetos. Mas os vampiros encastelados no poder em gabinetes de luxo que sugam as riquezas que a todos pertencem, revertendo-as em ganhos financeiros de que são os únicos beneficiários. Pouco estão se lixando para cavernas e grutas assim como todas as benesses oferecidas em nosso abençoado território. Preferem torrar seus dólares em milionárias viagens ao exterior em parques temáticos, cassinos, resorts de luxo e safáris para países exóticos que sabem valorizar e preservar as dádivas com que a natureza os aquinhoou.

Quanto ao nosso boçal governante, que se empenha em transformar nossas cavernas em fábricas de cerveja, fará a proeza de converter seu mandato de quatro anos em quatro milênios de atraso. Com sua estupidez mastodôntica, Bolsonaurus Rex fará o país regredir à era mesozoica, transformando os brasileiros em autênticos homens das cavernas.

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

OS 200 MAIORES ROCKS DO SÉCULO XX (8ª PARTE)

 Segue a continuação do levantamento dos principais rocks do século XX, segundo dois aspectos: 1) receptividade do público traduzida por vendas e execução nas rádios; 2) relevância dentro do cenário musical.

A seguir, a 8ª parte da lista, por ordem crescente:

 

141) GRATEFUL DEAD – DARK STAR

Pioneiro entre as jam bands (caracterizadas por performances ao vivo e improvisações), o grupo provindo de San Francisco, berço da contracultura, mesclava estilos, do rock ao experimentalismo passando pelo jazz, sendo também um dos ícones da psicodelia dos loucos anos 60. Sob a liderança do carismático guitarrista Jerry Garcia (falecido em 1995), passaram pela banda nomes de relevo como o percussionista Mickey Hart e o pianista Bruce Hornsby. Suas concorridas performances eram acompanhadas pelos chamados ‘deadheads’, fãs que compartilhavam gravações piratas e que tornavam cada apresentação um espetáculo diferente. Foram quase 2500 shows que o grupo realizou (muitos gratuitos), verdadeiros happenings hippies. Com isso, contabilizam-se nada menos do que 200 álbuns oficiais com destaque para o duplo LIVE/DEAD (1969), cuja faixa DARK STAR foi esticada de 2:40 minutos (tempo da versão de estúdio) para 23 minutos de puro deleite. A canção faz parte da trilha do filme Zabriskie Point de Antonioni.

 

142) BYRDS – MR. TAMBOURINE MAN

Lendária banda americana de folk rock, que atuou também no campo do rock psicodélico e do country rock, ficou conhecida pelos temas MR. TAMBOURINE MAN e TURN! TURN! TURN!, cujos singles lideraram as paradas norte-americanas respectivamente em 1965 e 1966. Permaneceram atuantes com diferentes formações até os anos 70. Da constituição original, destacam-se Roger McGuinn e David Crosby, ambos guitarristas e vocalistas, e Gene Clark, o principal compositor. As referidas canções nomearam os álbuns que as contém. Os dois álbuns abrigavam ao todo seis composições de Bob Dylan. Curiosamente, a versão dos Byrds para MR. TAMBOURINE MAN é diferente do original de Dylan, abreviando a letra. O mais interessante porém foi o ritmo de rock imprimido (sob influência talvez dos Beatles de que eram fãs) que prenunciou o nascimento do folk rock. Este subgênero influenciou uma série de grupos que surgiriam depois, incluindo o próprio Dylan que se entusiasmou pela roupagem dada a sua composição.

 

143) STOOGES – I WANNA BE YOUR DOG

A banda teve curta duração antes de se dissolver por problemas com drogas e falta de êxito comercial, tendo lançado apenas três álbuns que tiveram vendas pífias mas se tornaram cultuados por grupos de rock e punk. Seu membro mais famoso, Iggy Pop, partiu para a carreira solo impulsionada pelo amigo David Bowie. RAW POWER (1973), creditado a Iggy & Stooges, o último da série, o disco preferido de Kurt Cobain, teve a marcante presença do guitarrista James Williamson que colaboraria também com a carreira de Iggy. Os outros dois foram FUN HOUSE (1970), o favorito de Joey Ramone e de Nick Cave e THE STOOGES (1969), produzido por John Cale (Velvet Underground), que contém a faixa mais conhecida I WANNA BE YOUR DOG, identificada por seu riff de três acordes. A canção foi regravada dentre outros por Sid Vicious, Slayer, Sonic Youth e Joan Jett. Entrou até na trilha do filme Cruella.

 

144) DONOVAN – HURDY GURDY MAN

Alguns diziam que ele era a versão inglesa de Bob Dylan. De fato, em algumas canções a semelhança é espantosa como em CATCH THE WIND. Ambos trilharam o caminho da música folk e tocavam gaita, embora Donovan (na verdade escocês) identificasse-se mais com o movimento flower power, seu som era mais psicodélico e suas letras menos politizadas (ainda que tenha musicado o filme Poor Cow do engajado diretor Ken Loach e tivesse sido gravado pela musa do protesto Joan Baez). Teve forte vínculo com os Beatles, tendo-os acompanhado na famosa viagem à Índia em que conheceram o guru Maharishi Mahesh Yogi. Donovan teve vários singles de sucesso no Brasil como ATLANTIS, BARABAJAGAL (em ambas participação do Jeff Beck Group), LALENA, MELLOW YELLOW (quem não se lembra da versão CARAMELO de Erasmo Carlos?) e sobretudo HURDY GURDY MAN. Essa canção do álbum homônimo (1968) teve participação de todos os membros do Led Zeppelin (exceto Robert Plant) e do guitarrista de jazz-rock Allan Holdsworth, com colaboração na letra, ao que consta, de George Harrison.

 

145) DURUTTI COLUMN – NEVER KNOWN

John Frusciante (RHCP) achava Vini Reilly o melhor guitarrista do mundo. Robert Fripp (King Crimson) considerava-o gênio. Morrisey (Smiths), outro admirador, trouxe-o para participar de seu álbum VIVA HATE. Brian Eno considerava LC o melhor álbum de todos os tempos e Elizabeth Fraser (Cocteau Twins) era fã de carteirinha. Mesmo com tantas gabaritadas recomendações, Vini Reilly e o grupo Durutti Column, permaneceram ignorados pelo público. Os integrantes originais tentaram conferir à banda uma cara de punk, mas o grupo se esfacelou e Reilly que passou a responder pelo Durutti, adotou uma linha introspectiva e onírica. A hipnótica NEVER KNOWN do álbum LC de 1981 (que chegou a ser lançado no Brasil) é um ótimo exemplo. A versão em CD criminosamente desfigurou a bela capa original do vinil.

 

146) FACES – OOH LA LA

A banda Faces originou-se em 1969 da junção do espólio dos Small Faces (um dos grupos mais badalados dos anos 60 da Inglaterra) com dois dos célebres integrantes do Jeff Beck Group, o vocalista Rod Stewart e o guitarrista Ron Wood. Os novos integrantes direcionaram o repertório (originalmente calcado no R&B e na psicodelia) para o blues/rock. O grupo que chegou a rivalizar em popularidade com os Stones, lançou quatro álbuns entre 1970 e 1973, sendo os dois últimos, A NOD IS A GOOD AS A WINK (1971) e OOH LA LA (1973) os mais relevantes.  Paralelamente, Rod começou a bombar em sua carreira solo, o que, se por um lado, ajudou a impulsionar os Faces, por outro começou a frustrar os companheiros por serem percebidos como mera banda de apoio. O crescente sucesso de Rod levou-o a abandonar os Faces ao passo que Ron Wood foi convidado a juntar-se aos Rolling Stones. A faixa OOH LA LA que nomeia o álbum, uma das canções mais conhecidas, foi entregue à interpretação inusual de Ron, encostando o vocalista “oficial” Rod, cuja voz aparentemente a ela não se adequou.

 

147) MC5 – KICK OUT THE JAMS

Se rock significa rebeldia, a amostra é essa banda de Detroit. MC é abreviação de Motor City, numa alusão a essa cidade, conhecida pela indústria automobilística. Desde o início, o MC5 assumiu uma postura radical com visual agressivo, cabelos compridos desalinhados, roupas escrachadas e aparência de marginais, em contraste com os comportados grupos mainstream. Foram influenciados por movimentos emergentes como os Panteras Negras, incitados por seu agenciador, John Sinclair, célebre poeta e ativista da contracultura (que viria a receber uma dura pena de prisão por posse de drogas). Apesar de toda essa agitação, o MC5 passou ao largo do grande público e seus 3 álbuns tiveram vendas pífias. Não obstante, tornou-se referência por ter prenunciado as garage bands e o o punk rock. KICK OUT THE JAMS (1969), o debut álbum, gravado ao vivo, contém a canção homônima, o maior sucesso do grupo.

 

148) STATUS QUO – BIG FAT MAMA

Essa honesta e sexagenária banda inglesa fez enorme sucesso no Reino Unido, onde foi recordista absoluta em singles nas hit parades (mais de 60) e onde quase todos os seus álbuns a partir de 1972 (em torno de 30) alcançaram os primeiros postos. Incompreensivelmente jamais ganharam projeção nos EUA, onde apenas o primeiro single, PICTURES OF MATCHSTICK MEN - um rock psicodélico que ganhou as paradas do mundo todo, inclusive no Brasil, bem diferente do hard rock que o grupo iria produzir depois - obteve destaque. O álbum que consolidou a mudança de rumos foi PILEDRIVER (1972) em cuja faixa BIG FAT MAMA, dão uma aula de competência. A destacar ainda nesse álbum a releitura do clássico ROADHOUSE BLUES que, segundo as más línguas, suplantou o original dos Doors.

 

149) GONG – YOU CAN´T KILL ME

Essa banda anárquica e psicodélica refletia o espírito libertário do poeta beatnik que a fundou, o australiano Daevid Allen. A banda nasceu fortuitamente na França pois Allen, membro do grupo britânico de rock progressivo Soft Machine, após turnê naquele país, teve seu visto de volta para a Inglaterra negado, fixando residência em Paris. Seus discos mais cultuados são o CAMEMBERT ELECTRIQUE (1971) e a trilogia RADIO GNOME com 3 álbuns (1973/1974). A saída de Allen e de outros membros (como o guitarrista Steve Hillage) e a entrada do baterista Pierre Moerlen e do guitarrista Allan Holdsworth marcaram a conversão para o jazz fusion. Mas, sob o incentivo de Allen, floresceram diversos projetos paralelos em torno da ‘grife’ GONG que virou cult nos muitos países onde arrebanhou admiradores. Allen, acometido por um câncer terminal, pediu à comunidade formada em torno do grupo (incluindo o guitarrista brasileiro Fábio Golfetti, ex-Violeta de Outono) que desse continuidade à utopia Gong após sua morte, ocorrida em  2015.

 

150) TEMPLE OF THE DOG – HUNGER STRIKE

Quando o grunge estava ainda em seus primórdios em seu berço, Seattle, o ainda desconhecido Chris Cornell (futuro vocalista e líder do Soundgarden) lançou em 1991 um álbum em homenagem ao amigo Andrew Wood da banda Mother Love Bone, falecido precocemente. O disco reuniu o guitarrista Stone Grossard e o baixista Jeff Ament, futuros integrantes do Pearl Jam, sendo convidado também um desconhecido vocalista, um certo Eddie Vedder, todos reunidos numa banda denominada Temple of the Dog. Trata-se do único registro desse grupo, filho único de mãe solteira, já que os integrantes do Pearl Jam e do Soundgarden se bandearam para seus respectivos conjuntos de sucesso, e Chris Cornell faleceu eliminando qualquer possibilidade de reagrupar a trupe. O álbum TEMPLE OF THE DOG, que passou despercebido em seu lançamento, tornou-se uma relíquia. A faixa HUNGER STRIKE que reúne os dois grandes vocalistas foi o grande destaque.

 

151) GREEN DAY – BASKET CASE

Indiscutivelmente, o Green Day foi responsável pela revitalização do punk. Integrando uma nova safra de bandas que inclui o Offspring, o Rancid e o Pennywise, motivou uma geração de ouvintes a curtir o gênero que vinha se esmorecendo. O trio californiano liderado pelo guitarrista/vocalista Billie Joe Armstrong atingiu o pico com DOOKIE (1994), disco que vendeu a bagatela de 30 milhões de cópias, seu mais relevante trabalho antes da virada do século (o outro grande momento, AMERICAN IDIOT é do século XXI). Receberam críticas de puristas que achavam incompatível sucesso comercial com atitude punk. O fato é que o grupo, ainda que alcançando imensa popularidade, manteve-se fiel à estética da guitarra rápida, poucos acordes e letras contestatórias. Billie se dá ao luxo de algumas excentricidades como incluir músicas do George Michael, Tears for Fears e Beatles (uma de suas influências) em seus shows além de gravar um improvável álbum reinterpretando canções do Everly Brothers em parceria não menos improvável com a cantora de jazz Norah Jones.

 

152) NINE INCH NAILS – HURT

Essa banda americana é uma das maiores representantes do chamado rock industrial, herdado de grupos surgidos na esteira do pós-punk que incorporaram música eletrônica e experimental, como o Killing Joke e o Skinny Puppy. É comandada pelo cantor, compositor e multi-instrumentista Trent Reznor, famoso também por musicar filmes com trilhas claustrofóbicas e sombrias. São dele as trilhas de Mank, Rede Social e a animação Soul (da Pixar/Disney) sendo as duas últimas (compostas em colaboração com Atticus Ross) laureadas com Oscar. De DOWNWARD SPIRAL (1994), segundo álbum do NIN, destacam-se a insinuante CLOSER e a depressiva HURT. Esta recebeu um inusitado (e elogiado) cover do artista country Johnny Cash.

 

153) VAN MORRISON – GLORIA

Essa música a rigor deveria ser creditada ao grupo Them liderado por Van Morrison. Mas a posterior projeção do artista irlandês em sua carreira individual acabou por empanar o nome da banda de origem, por ele abandonada em 1966, dois anos após o início. O grande êxito do grupo Them foi um single de 1964 que tinha no lado A, BABY PLEASE DON´T GO, clássico blueseiro de Big Joe Williams, que recebeu inúmeras leituras posteriores (John Lee Hooker, Muddy Waters, Rolling Stones, Aerosmith, AC/DC...). Segundo consta, a versão do Them contou com o apoio de um guitarrista então pouco conhecido, Jimmy Page. Mas foi GLORIA, o lado B, a responsável pelo grande sucesso do single. A canção viria a se tornar ainda mais conhecida com a regravação dos Doors para o álbum ao vivo ALIVE, SHE CRIED (1983). Da carreira solo de Van Morrison, o destaque fica por conta de BROWN EYED GIRL de 1967.

 

154) DEF LEPPARD - POUR SOME SUGAR ON ME

Contendo seus três maiores êxitos, POUR SOME SUGAR ON ME, a power ballad LOVE BITES e a faixa- título, o álbum HYSTERIA (1987) tornou-se o mais famoso desse grupo inglês. O disco que alcançou vendas em torno de 25 milhões de cópias suplantou o êxito de PYROMANIA (1983) que já tinha alcançado vendas expressivas (em torno de 10 milhões). O grupo superou com isso o trauma do acidente automobilístico que ocasionou a amputação do braço esquerdo do baterista Rick Allen que assim mesmo permaneceu na banda com uma bateria adaptada. Com esses dois trabalhos, o Def fez a transição de um som calcado no heavy e no hard rock para canções voltadas para a execução radiofônica e um público mais amplo. POUR... inspirou-se na fusão rock/rap de WALKS THIS WAY do Aerosmith com Run-DMC.

 

155) HOLLIES – LONG COOL WOMAN SONG

Em atividade desde 1962, mesma época do surgimento dos Beatles e dos Stones, essa é uma das bandas inglesas mais longevas do rock. Apenas dois de seus integrantes permaneceram na banda desde os primórdios, o guitarrista Tony Hicks e o baterista Bobby Elliot. A citar também o vocalista Allan Clarke que se desligou do grupo em 1971 e Graham Nash que se uniu ao quarteto folk Crosby, Still, Nash and Young, mudando-se para os EUA. Embora não sejam muito lembrados pelos rockers, talvez por serem “certinhos” demais, colecionaram belos hits. Alguns deles como HE AIN´T HEAVY, HE´S MY BROTHER e THE AIR THAT I BREATHE até hoje persistem na programação das FM´s. BUS STOP (que no Brasil, teve uma versão dos Golden Boys, PENSANDO NELA) foi outra que alcançou os primeiros postos.  O hit mais roqueiro é LONG COOL WOMAN SONG pertencente ao álbum DISTANT LIGHT (1971).

 

156) BLUR – SONG 2

Ao lado do Oasis, o Blur era tida como uma das mais representativas bandas do britpop, movimento que buscava resgatar o rock britânico da influência do grunge americano com um som mais melodioso, inspirado na tradição de nomes como Beatles, Stones, Who e Kinks. Embora com vendas mais modestas do que o Oasis, o campeão do gênero, o Blur foi mais ousado. Os cabeças eram o vocalista e principal compositor Damon Albarn e o talentoso guitarrista Graham Coxon, que viria a deixar a banda em 2000. O álbum BLUR (1997) representou a grande reviravolta no som do grupo. A banda que, no início mantinha uma posição crítica ao rock americano, passou a flertar com o rock indie produzido nos EUA. A gravadora temia que a mudança poderia impactar o público do grupo, composto basicamente por adolescentes. Ocorreu o oposto. Tornou-se o álbum mais bem sucedido do grupo puxado pelo poderosa SONG 2 de apenas 2 minutos. Após a saída de Coxon, o grupo lançaria o arrojado THINK TANK (2003), agregando novos ritmos (como a eletrônica e a world music) e reduzindo a presença da guitarra.

 

157) NICK CAVE – INTO MY ARMS

Nick Cave iniciou carreira solo após desligar-se da banda pós punk australiana Birthday Party de que era líder. É reconhecido pela aparência sinistra, roupas escuras, semblante pálido e cadavérico, olhar sombrio, negro cabelo mullet e voz soturna. Acompanhado pela banda Bad Seeds, interpreta em tom de desespero temas universais como o amor, a religião e a morte, influenciado pela melancolia do blues. Mudou-se para Berlim, onde tinha muitos fãs, ocasião em que participou do filme Asas do Desejo de Wim Wenders. Na década de 90 chegou a morar por três anos em São Paulo, bairro Vila Madalena, onde fez um filho e diversas canções. É venerado por diversas tribos e suas canções foram cobertas por uma ampla gama de artistas de diversos ritmos, como o country de Johnny Cash (THE MERCY SEAT), o heavy  do Metallica (LOVERMAN) e o rap de Snoop Dogg (RED RIGHT HAND). Gravou até uma canção com Kylie Minogue, WHERE THE WILD ROSES GROW. A balada emotiva INTO MY ARMS aparece no álbum THE BOATMAN´S CALL (1997).

 

158) OINGO BOINGO – STAY

Todo mundo conhece os filmes Batman, Batman Returns, Homem Aranha 1 e 2, Hulk, Liga da Justiça, Dick Tracy, Homens de Preto 1, 2 e 3, Missão Impossível, Beetlejuice, Marte Ataca, A Fantástica Fábrica de Chocolates, Edward Mãos de Tesoura, Noiva Cadáver, Alice no País das Maravilhas, O Gênio Indomável, Chicago, Trapaça. O que poucos sabem é que o compositor Danny Elfman que assina as trilhas de todos eles (além de diversas séries da TV), foi líder e vocalista da banda de rock e new wave Oingo Boingo, cujo tema STAY foi sucesso radiofônico e embalou muitas festas nos anos 80. Curiosamente, essa canção fez sucesso apenas no Brasil, em parte devido à sua inclusão na trilha da novela Top Model. Integrou também a trilha do filme Donnie Darko. Saiu em single como lado B de DEAD MAN´S PARTY, essa sim sucesso mundial, ambas do álbum homônimo de 1985.

 

159) KANSAS – CARRY ON WAYWARD SON

Essa banda norte-americana está no limiar entre o progressivo, o pop e o hard rock. Os três primeiros álbuns, apesar de elogiados, não tiveram grande repercussão. Foi através de LEFTOVERTURE (1976) que o grupo estourou mundialmente. O trabalho seguinte, POINT OF KNOW RETURN (1977) fez sucesso equivalente puxado pelo mega-hit DUST IN THE WIND, inspirado em uma passagem bíblica (seu compositor, o guitarrista Kerry Livgren, convertera-se recentemente ao cristianismo), regravado até pela cantora pop-operística Sarah Brightman em seu álbum EDEN. A partir de 1986, com o ingresso do lendário guitarrista Steve Morse (que participou dos Dixie Dregs e do Deep Purple), o grupo assumiu um som mais pesado. CARRY ON... (do mesmo autor, também um chamamento religioso ao auto-encorajamento), faixa do álbum LEFTOVERTURE, é unanimemente considerada a canção mais poderosa do grupo, condensando os diversos estilos que a banda atravessou.

 

160) P J HARVEY – THIS MESS WE’RE IN

A inglesa Polly Jean Harvey pode ser considerada o mais expressivo nome feminino do rock desde Patty Smith. Cantora, compositora e multi-instrumentista, sua carreira esteve sempre evoluindo e seus álbuns, desde a estreia com DRY (1992), sempre bastante reverenciados pela crítica e no mundo musical, embora nunca tenha alcançado vendas astronômicas. Não por acaso: Harvey não costuma fazer concessões para tornar sua música mais palatável, buscando sempre fugir do convencional. O álbum STORIES FROM THE CITY, STORIES FROM THE SEA (2000), inspirada pelo período em que se estabeleceu em Nova York, é considerado seu trabalho mais acessível, tendo atingido a cifra de um milhão de cópias (empatou com TO BRING YOU MY LOVE de 1995, seu grande êxito até então). Ainda assim, muitos reputam sua obra prima. O álbum contou com a colaboração de Thom Yorke, líder do Radiohead, que participa nos backing vocals e nos teclados das faixas ONE LINE e BEAUTIFUL FEELING, e faz um comovente dueto vocal com a cantora em THIS MESS WE’RE IN.

 

 

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Confira a 1ª parte:

http://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/06/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-1a.html

 

Confira 2a parte:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/07/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-2.html

 

Confira 3a parte:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/07/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-3.html


Confira a 4ª parte:
http://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/07/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-4a.html


Confira a 5ª parte:
http://oquedemimsoueu.blogspot.com/2020/08/os-100-maiores-rocks-do-seculo-xx-5.html

 

Confira a 6ª parte:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2021/12/os-200-maiores-rocks-do-seculo-xx-6.html

 

Confira a 7ª parte:

https://oquedemimsoueu.blogspot.com/2022/01/os-200-maiores-rocks-do-seculo-xx-7.html