sexta-feira, 2 de abril de 2021

ALL ABOUT B

 

No momento em que quase todos os hospitais do país estão abarrotados, sem leitos disponíveis e pacientes morrem em filas de atendimento à espera de uma vaga na UTI, nosso presidente vem à TV concitar todos a saírem às ruas de volta às atividades.

É surreal que o homem que administra a nação, ciente da situação de colapso nos centros de saúde, peça a seus governados que saiam de casa e se exponham a contrair um vírus letal, sabendo que caso adoeçam não poderão contar com amparo médico.

Devido a isso, muitos desistiram de entender os atos de Bolsonaro e passaram a discutir sua sanidade mental. Estaria o Brasil sendo governado por um demente? Ou ‘apenas’ um homem extremamente cruel e insensível?

Mais importante do que entender o governo Bolsonaro, é preciso conhecer o homem Bolsonaro. Afinal quem é Bolsonaro? Ou o QUÊ é Bolsonaro? Vamos a ele nos referir como B. É de fato B um ser humano?

A pandemia serviu para trazer à luz, o caráter desse indivíduo. As posições de B frente à pandemia são conhecidas: é negacionista, contra a ciência, desdenha o uso de máscaras e só parou de criticar a vacina quando percebeu que isso estava desgastando sua popularidade.

B também é contra o distanciamento social. Repete insistentemente que as pessoas devem retornar ao emprego, que o trabalhador está padecendo por não poder sair de casa. Mas nem mesmo seu apoiador mais incondicional acredita que B esteja sinceramente preocupado com o humilde trabalhador brasileiro. Sabemos que B não tem empatia com pobres. A política econômica da administração B é claramente voltada para os empresários e o mercado. Parece óbvio que a preocupação de B não é com os dramas do homem simples do povo e sim com o impacto que sua ausência ao trabalho vai ocasionar para a economia e, por conseguinte, para o sucesso de seu governo. Perder a vida é um detalhe sem importância ante a imperiosa necessidade de fazer a economia crescer.

Pode-se objetar que a formação militar de B faça-o encarar as perdas humanas como baixas numa guerra. As centenas de milhares de mortos são o preço a pagar. Mesmo aqui, B desonra a classe pois o militar digno, ao contrário de B, nunca menospreza a vida do soldado sob seu comando.

Basta ver a reação de B face à escalada macabra da doença. Quando o Brasil passou a ser o segundo do mundo em número diário de óbitos, B foi passear de jet ski. Quando o número total de mortos chegou a 200 mil, foi assistir a um treino do Flamengo. A verdade é que B está pouco se lixando para a tragédia sem precedentes e para a desgraça sanitária que se abateu sobre o país. O assunto parece não lhe dizer respeito.

Alguém já viu B visitar algum hospital para dar força moral aos médicos e animar os pacientes? B alguma vez ofereceu conforto aos familiares das vítimas? B preocupou-se em envidar esforços para socorrer municípios em situação de calamidade?

Em discursos recentes, possivelmente aconselhado por algum assessor, B aceitou incluir meia dúzia de palavras manifestando (sem transparecer sinceridade) apoio às famílias.

Nem mesmo personalidades importantes do Brasil abatidas pela COVID, como seu ex-aliado senador Major Olímpio, mereceram de B uma nota de pesar pela dor da família.

A impressão que fica é que B odeia quem morre. Cada pessoa que perde a vida, na conta de B, engrossa a estatística que corrói sua popularidade. B chegou a chamar o sofrimento das famílias enlutadas de ‘mimimi’. Que indivíduo faz uma declaração repulsiva como essa?

Não é preciso grandes análises psicológicas para inferir que B não tem sentimentos. Basta observar sua expressão impassível. B exibe um semblante duro, gélido. Tem um olhar sem vida como o de um zumbi. Não demonstra amor e compaixão pelo próximo.

B não chora. Minto. Vi uma vez os olhos frios de B marejaram quando ele foi ovacionado por apoiadores (obviamente, sem máscara). A única coisa capaz de emocionar B é quando o orgulho por ser venerado aflora. Quando é chamado de Mito.

B se diz religioso, é filmado rezando e sendo abençoado por pastores. Mas que religiosidade pode haver num indivíduo que não tem solidariedade, ignora o sofrimento alheio, inclusive daqueles que, confiando em seu propósito de zelar por suas vidas, o elegeram? B imagina que foi escolhido não para governar uma nação formada por gente de carne e osso, mas para exibir índices econômicos favoráveis.

B quer passar a imagem de ser um homem de família, divulga fotos em cenas domésticas ao lado dos filhos. Sim, B tem apreço por seus filhos. Mais que isso, tem obsessão por eles. B preocupa-se tanto com seus filhos que nunca ousa confrontá-los. Jamais os critica e raras vezes os contraria. É capaz de demitir ministros da Justiça e chefes de polícia que os investigam. Não vacila em trocar médicos gabaritados, presidentes de bancos e comandantes militares de alta patente. Mas jamais repreende um filho. B pode ser um psicopata genocida, nunca um pai descuidado.

Aliás, os filhos de B parecem ter herdado os atributos paternos. O filho 03 regozijou-se nas redes sociais quando Lula perdeu seu neto. Que espécie de gente comemora a morte de uma criança e tripudia sobre a dor indescritível de um avô que perdeu o neto, ainda que seja seu adversário político? Portador do mesmo gene do pai, sem dúvida. 

B de fato não é humano. Pensando melhor... talvez seja. Ao vermos as barbaridades executadas por seres humanos contra seus semelhantes, promovendo guerras, massacres, crimes hediondos, destruindo florestas, poluindo rios, emporcalhando oceanos e aniquilando todas as demais formas de vida, vemos que a raça humana degenerou-se. Não deu certo. Tornou-se podre, um câncer que ameaça o planeta.

Reformulando nossa resposta: sim, B é humano. É um legítimo exemplar da raça humana.

 

 

 

Um comentário:

Unknown disse...

Esse homem é fronteiriço. Vive na corda bamba entre a sanidade e a insanidade. Jamais alguém , que não goze de boa saúde mental , poderia comandar uma nação.